No último dia 20 de maio foi comemorado o dia Mundial da Abelha. Estes insetos voadores têm mais de 20 mil espécies distribuídas por todos os continentes (exceto Antártida). Possuem ainda grande importância para o agronegócio e o meio ambiente, atuando como polinizadores.
Nos últimos anos, a comemoração desta data ganhou relevância, pois muitas pessoas não reconhecem a extensão da importância das abelhas. Muitos acreditam que sua principal função é produzir mel, própolis e cera, mas, na realidade, elas são essenciais para a manutenção e desenvolvimento da biodiversidade.
Assim, com o objetivo de proteger as abelhas e o meio ambiente, há uma série de iniciativas de educação e consciência ambiental.
Um exemplo é a Associação de Proteção às Abelhas “Bee or not to Be”, que possui várias atividades de educação ambiental, focadas na importância da abelha.
Importância das abelhas: manutenção da biodiversidade via polinização
Não há como contestar, as abelhas têm papel imprescindível para a manutenção da biodiversidade na Terra. São mais de 20.000 espécies no mundo e 3.000 no Brasil, que são conhecidas como “as sentinelas da natureza”.
Apesar de serem reconhecidas popularmente pela produção de mel, Daniel Gonçalves, vice-presidente da Bee or not to Be, explica que o trabalho da abelha é muito mais importante e está relacionado à atividade de polinização.
“As abelhas, ao buscarem alimento no néctar e no pólen das flores, também acabam transportando este pólen de flor em flor, promovendo a fecundação das flores e a perpetuação de mais de 85% das plantas de florestas, matas e áreas verdes”.
Já para os sistemas produtivos, Gonçalves frisa que 70% de todas as culturas agrícolas dependem, em maior ou menor grau, da atividade de polinização.
“Para termos uma ideia, 1/3 de todos os alimentos que chegam aos lares do mundo voaram antes pelas asas das abelhas”, exemplifica.
A produtividade e também a qualidade dos frutos e sementes de diversas culturas agrícolas dependem do volume e da uniformidade de flores polinizadas. Para Gonçalves, as abelhas, como maiores expoentes da atividade de polinização, exercem um papel bastante relevante no campo.
“O consórcio entre a atividade de criação de abelhas e a atividade agrícola em projetos de polinização assistida tende a ganhar cada vez mais importância e consideração. Segundo a FAO, estima-se que o valor ecossistêmico dos serviços de polinização representam 10% do PIB agrícola”, salienta.
Assim, para o diretor da Bee or not to Be os sistemas produtivos devem considerar o manejo de polinizadores um elo imprescindível de sua cadeia produtiva.
“Diversas culturas agrícolas se beneficiam largamente da polinização como, por exemplo, o melão, a maçã, a laranja, o abacate, a canola, o café, o girassol, e até mesmo a soja”.
Seja para ampliar o volume de frutos e sementes, a qualidade dos frutos e do produto final, ou agregar valor em práticas sustentáveis na fazenda, o produtor rural deve observar a polinização com a mesma importância com que gerencia a presença de nutrientes, sol, água e demais itens de sua cultura.
Educação e consciência ambiental: essenciais na atualidade
Na atualidade, há um pensamento bastante recorrente: “Só protegemos e cuidamos daquilo para o que atribuímos e reconhecemos valor”.
No caso das abelhas e sua importância enquanto principais polinizadores da Natureza, este conhecimento atinge, segundo pesquisas, menos de ¼ da população no Brasil.
“Ainda temos uma grande lacuna de conhecimento a respeito do principal valor destes insetos, e a educação será sempre um vetor, por vezes lento, mas bastante eficiente, de correção deste desequilíbrio”, opina Gonçalves.
Neste contexto, o diretor da Bee or not to Be indica que vivemos um momento relevante da história humana, em que o uso acelerado de nossos recursos naturais e a necessidade de gerir modelos sustentáveis, atingem máxima importância.
Segundo ele, os impactos relacionados às mudanças climáticas, escassez de recursos hídricos e de alimentos, redução de habitat e extinção de espécies, são, em verdade, efeitos de práticas aceleradas relacionadas ao desmatamento, poluição, geração de resíduos e consumo excessivo.
“A educação e a consciência ambiental tem o poder de mudar hábitos, ditar novos valores em nossa sociedade, e transformar práticas que possam melhorar a situação de nosso planeta e a qualidade de vida para as pessoas”, cita.
Papel da Bee or not to Be: ações de educação e consciência ambiental
Dentre as muitas ações de educação e consciência ambiental, a Bee or not to Be se destaca pela preservação da abelha.
Daniel Gonçalves indica que a ação de preservação das abelhas nasceu da iniciativa do Prof. Dr. Lionel Segui Gonçalves, professor e pesquisador aposentado da USP/RP, especialista em genética de abelhas.
“Em 2013, Lionel Segui lançou uma campanha permanente denominada “Sem Abelha, Sem Alimento”, que em 2017 se materializou na fundação da Associação de Proteção às Abelhas Bee or not to Be”.
De lá para cá diversas atividades de educação ambiental vêm sendo desenvolvidas pela associação, sobretudo conscientizando os diversos públicos sobre a importância de preservarmos os nossos mais importantes polinizadores.
Gonçalves destaca alguns projetos:
1. Sem Abelha, Sem Alimento: Caderno de Atividades para Educação Ambiental
Considerando o protagonismo que as crianças podem assumir no futuro da sociedade, a ONG criou um projeto de Educação Ambiental para escolas.
O “Sem Abelha, Sem Alimento: Caderno de Atividades para Educação Ambiental” é um conteúdo pedagógico cuidadosamente desenvolvido para despertar o interesse de crianças do Ensino Fundamental I pelas ciências da vida.
O caderno didático, desenvolvido de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BASE), do MEC, foi concebido como um roteiro para ajudar professores e educadores a alfabetizar seus alunos em um tema tão importante quanto fascinante: as abelhas, suas atividades na natureza e sua relação com a produção de alimentos e a conservação do meio ambiente.
2. Sem Abelha, Sem Alimento
Para Gonçalves, falar sobre as abelhas será sempre a melhor forma de conscientizar para sua importância. “Cidadãos conscientes podem se tornar agentes de mudança, apoiando com naturalidade formas de desenvolvimento cada vez mais justas e sustentáveis para o planeta”.
Neste sentido, a campanha permanente “Sem Abelha, Sem Alimento” traz uma série de informações sobre a importância das abelhas e como o cidadão comum pode agir para cuidar de nossos principais polinizadores, como por exemplo:
- Preferindo o consumo de produtos orgânicos,
- Promovendo o plantio de árvores e flores,
- Reduzindo o uso de pesticidas,
- Criação de abelhas nativas sem ferrão em casa
Gonçalves destaca, ainda, duas ações relevantes e de interesse ao cidadão conectadas a esta campanha.
“Recentemente lançamos o projeto BeeAiMuseum, um museu virtual construído com o uso de ferramentas de inteligência artificial, retratando as abelhas na expressão dos traços de grandes nomes da arte”. Este projeto ajuda a:
Estimular a cadeia produtiva agrícola a adotar Boas Práticas para Impulsionar a Polinização no Campo, a saber:
- Conservar áreas naturais;
- Recuperar a vegetação nativa utilizando plantas que atraem e mantêm os polinizadores;
- Manter a vegetação nativa próxima à área de cultivo;
- Manter plantas atrativas nas proximidades;
- Manter e manejar as abelhas próximas às áreas de cultivo;
- Manter a matéria orgânica no solo para a criação de ninhos;
- Reduzir e, quando possível, eliminar o uso de agrotóxicos;
- Não aplicar defensivos nos horários de visita dos polinizadores ao cultivo, geralmente pela manhã;
- Criar um canal direto de contato com as associações de apicultores e meliponicultores de sua região, informando-os sobre atividades que impliquem riscos aos polinizadores.
Dessa forma, comemorar o Dia Mundial das Abelhas é uma atitude imprescindível nos dias atuais. Esses animais estão ameaçados por conta dos impactos negativos causados pela ação humana na natureza.
Por isso, as ações realizadas com foco em educação e consciência ambiental devem alertar e mostrar que a preocupação com as abelhas deve ser constante.
Quer saber mais? Então aproveite para conferir algumas dicas para empreender na na produção de mel