Há décadas o setor rural brasileiro, através de suas lideranças, se queixa da dificuldade de comunicação com o setor urbano. Mais do que isso, é recorrente a afirmação de que temos sido muito eficientes para falar “conosco mesmo”, isto é, para dentro da sociedade rural, e muito ineptos em falar para fora, com outros estamentos sociais.
Foram feitas algumas tentativas para inverter isso, sem sucesso por falta de recursos.
Pois tudo indica que estamos na iminência de ver este cenário mudar. A CNA está preparando uma ampla ação de comunicação construída por profissionais de alto nível tendo em vista mostrar a verdade sobre nosso agro, ainda que isto implique reconhecer os deslizes cometidos por aventureiros e exigir sua responsabilização e punição, e que deverá ter efeito tanto interna quanto internacionalmente.
E dentro desse projeto que será muito bem-vindo, haverá um segmento de caráter cultural que procurará mostrar as raízes do nosso “caipira”, elemento basilar de nossa brasilidade, nem sempre compreendido e respeitado pela população urbana do país, muitas vezes ironizado e desprezado, mas cujo papel na abertura e colonização da fronteira agrícola foi fundamental. Aliás, o grande linguista Silveira Bueno assim define o termo: “matuto, roceiro, pessoa acanhada”, com origem nas partículas da língua Tupi “caa” que significa mato, vegetal, e “pir”, que equivale a corta. Portanto, “cortador de mato”. Sem ele, a produção rural não teria começado, e a cafeicultura, que se instalou nas terras mais férteis do país, e, portanto, com florestas tropicais luxuriantes, de difícil dominação. Pois o caipira abriu o Brasil.
Mas o capítulo que tratará desse personagem e seu entorno, terá uma divisão temática que considerará pelo menos:
– crendices e superstições. Há centenas, inclusive de caráter regional, “explicando” a ocorrência de fenômenos naturais e sua ligação com a atividade rural. São histórias passadas de geração em geração, fruto de observação consolidada, e que incorporam até mesmo lendas com o realismo fantástico e o sobrenatural.
– causos pitorescos. A “esperteza” do caipira gerou muita curiosidade e diversão, tendo produzido milhares de contos escritos ou relatados por autores respeitados, como o tieteense Cornélio Pires.
– música. A música sertaneja em geral narra histórias completas, com começo, meio e fim, acompanhada por instrumentos tipicamente brasileiros, como a viola caipira, de belíssima sonoridade.
– usos e costumes. Há uma culinária regional muito apreciada, variada e rica, e um folclore maravilhoso, com danças e vestimentas coloridas, cuja análise explica muitos fenômenos da história brasileira, inclusive as diferentes imigrações e o sincretismo religioso.
– etmologia. Muitas palavras que fazem parte de vocabulário e dicionários urbanos têm origem no interior, seja pela “tradução” de termos trazidos por imigrantes diversos, seja pela adaptação de expressões brasileiras ao que os caipiras entenderam ter ouvido.
Será um grande serviço prestado pela CNA ao povo brasileiros, que, ao conhecer estes assuntos, se sentirá muito mais próximo das suas próprias origens, e valorizará a atividade rural ao valorizar seu agente inicial.
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