Desenvolvimento de soluções são rotina para o agronegócio. Nos últimos anos novas ferramentas criadas por -também novas – startups chegaram às mãos do produtor. Há um desafio, no entanto, que tem chamado a atenção de quem está mais envolvido no dia-a-dia produtivo e pesquisadores: um relativo distanciamento entre o que é oferecido e o que é necessário como resposta aos problemas. Conversamos com o gerente de novos modelos de negócios e inovação da InovaJab da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Jaboticabal (SP), Rafael Parras, sobre como de fato inovar no agro e o papel de incubadoras no processo. Confira!
Digital Agrishow Qual o maior “erro” no desenvolvimento de inovações para o agronegócio?
Rafael Parras: A falta de conexão entre os interlocutores do processo de inovação, como: indústria, poder público e universidade é um dos maiores impeditivos para o desenvolvimento de novos negócios tecnológicos. Soma-se a isso a burocracia dos setores públicos e a velocidade do ambiente privado, que por estarem em dessintonia não geram produtos e serviços compartilhados para o mercado. O diálogo entre esses interlocutores deve ser estimulado e agentes de governança devem atuar para que os diferentes setores se comuniquem, e com essa comunicação resolvam problemas comuns e que o fruto dessa parceria seja um produto ou processo que melhore e desenvolva o ambiente econômico, social e ambiental.
Digital Agrishow Para onde caminham os novos modelos de negócio do agro nacional?
Rafael Parras: Os novos negócios caminham para a integração de tecnologia e a multidisciplinaridade do campo, durante muito tempo poucas carreiras profissionais e acadêmicas estavam focadas em resolver os problemas dentro das porteiras. A necessidade de produzir mais alimento, fibra e energia fez com que todos os setores tecnológicos voltassem seus olhos para o agronegócio. Esse interesse é ótimo, pois está resultando em diversos produtos e serviços que aumentam a produtividade e melhoram a sustentabilidade do sistema produtivo. É possível observar uma tendência a economia colaborativa e mudanças na forma de ofertar produtos e serviços ao mercado. Atualmente, vendemos aquilo que resolve o problema, no futuro, venderemos a solução do problema.
Digital Agrishow Como começar a inovar? E qual a importância das incubadores para isso?
Rafael Parras: A inovação parte do desejo de resolver um problema, que depois de analisado e estudado, recebe proposições de solução, e se esse problema for grande e essa solução for viável, temos aí um possível produto ou processo inovador. As incubadoras, como a Inovajab – Incubadora do agronegócio da Unesp de Jaboticabal, trabalha como interlocutora entre as necessidades dos empreendimentos associados e incubados e a melhor solução que atenda a essa demanda, como: infraestrutura, treinamento, conectividade com o mercado e investidores entre outras muitas atividades que suportem os incubados a se desenvolverem e amadurecerem mercadologicamente.