É consenso que a suplementação se configure como uma das principais formas para garantir a proteção do gado no período de estiagem. Entretanto, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), André de Faria Pedroso, indica que alguns cuidados precisam ser tomados quanto às formas de suplementação.

Um exemplo é a cana-de-açúcar integral. Ela é uma forragem rica em energia, mas apresenta baixo conteúdo de proteína bruta (2 a 3% de PB na matéria seca) e de minerais, como enxofre, fósforo, zinco e manganês, por isso há a necessidade de correção.

A correção da forragem com ureia e minerais suplementares irá permitir a obtenção de desempenho satisfatório dos animais, de forma econômica e segura”, diz Pedroso.

Recomenda-se, de modo geral, 1% de ureia na cana-de-açúcar picada. Além disso, é importante fornecer uma fonte de enxofre para maior eficiência na utilização da ureia pelos microrganismos do rúmen”, recomenda.

Com a adição de 1% de ureia, o teor de PB na cana é aumentado de 2 a 3% para 10 a 12% na Matéria Seca.

Pedroso comenta ainda, que a cana-de-açúcar corrigida apenas com ureia e minerais permite pequenos ganhos de peso vivo.

Para se obter ganhos maiores é preciso fornecer aos animais algumas fontes de proteína e energia com taxa de degradação mais lenta no rúmen, caso do farelo de algodão, o farelo de soja e o farelo de arroz”.

Mas para o eficiente uso da ureia e maior proteção do gado, Pedroso sugere que a adaptação é fundamental. Ele explica como deve ser feita a adaptação:

Para a adaptação, deve-se usar 0,5% da mistura ureia + sulfato de amônio durante os primeiros 7 a 14 dias de fornecimento. Após este período pode-se utilizar a mistura na proporção de 1%. ”

Além disso, se o fornecimento de cana mais ureia for interrompido por dois ou mais dias, Pedroso diz que a adaptação deverá ser reiniciada.

Um bom planejamento é fundamental!

Sem dúvidas, o período de estiagem é um dos momentos mais importantes para a proteção do gado e sucesso da pecuária. Porém, há erros comuns pertinentes ao período que precisam ser evitados. “Estes erros estão ligados principalmente à falta de planejamento”, diz Pedroso.

A falta de planejamento pode ser percebida em diversos momentos.

Quando há falta de planejamento, pode haver manutenção de um número de animais superior à disponibilidade de forragem. “Esse fato pode causar perda de peso e mesmo morte de animais por subnutrição”, diz o pesquisador da Embrapa.

Além disso, suplementação com volumosos de baixa qualidade ou de custo incompatível com o sistema de produção, são outros erros decorrentes da falta de planejamento.

Para finalizar, Pedroso ressalta que os erros de manejo de bovinos em períodos de estiagem podem (e devem) ser evitados pelos pecuaristas com bom planejamento e, preferencialmente, com a utilização de assistência técnica de profissionais experientes formados em ciências agrárias.