A produção agrária está passando por profundas transformações, graças à Agricultura 4.0. Com isso, conceitos como IoT (internet das coisas) e Big Data - e suas ferramentas - são cada vez mais presentes no dia a dia de produtores. Mas é preciso cuidado, segundo o especialista em agricultura digital da Pessl Instruments, Bernhard Kiep, pois insistir que produtores foquem em Big Data não é realidade.
“Agricultores precisam ter resultados usando tecnologias.” Assim, a solução é que eles tenham em mãos as chamadas right data, informações que os ajudem a tomar decisões certas. Conversamos com o especialista sobre como obter dados corretos.
Por que focar em right data antes do Big Data?
Big Data não é algo tangível. É um banco de dados gigante. Produtores podem se perder. Por isso, devem procurar dados que lhes ajudem e façam sentido.
Um dos desafios em usar Big Data é a falta de orientação para que que o produtor use esse universo de informações?
É possível dizer que sim, mas o mais complicado é saber em quais dados confiar.
Como saber, então, em quais informações confiar?
Como você determina em qual médico confia? Pergunta para amigos e parentes e pergunta ao médico quem ele já operou e vai colhendo informações dele. É a mesma coisa! Previsões meteorológicas, existem muitos sites fazendo isso. O agricultor tem que encontrar quem fala deles e usar e ver quem é sério e com melhores dados. Tentativa e erro.
Em sua palestra no 1º Fórum Agtech, você comentou que podem-se passar anos até a completa utilização do Big Data pelo Agricultor? Por quê?
Os dados do Big Data são um emaranhado de informações que o agricultor tem e muitos dados não falam com outros, se tornando uma informação sem nexo. Não existe ainda uma linguagem, norma para organizar isso. Acredito que isso levará anos para ser organizado e precisa de um órgão governamental tipo ABNT (Associação brasileira de Normas Técnicas) ou DIN (sigla em alemão para Associação Alemã de Normas Técnicas) na Europa.
A possibilidade da existência desse órgão é factual ou remota?
Acho que atual conjuntura do Brasil, até os próximos quatro anos, ela é remota. Mas a iniciativas privadas olham esse cenário e querem ajudar, criar uma federação de dados. Isso é muito comentado nos Estados Unidos e Europa, mas eu diria que a ideia a é muito boa, mas como tornar real é bem complicado.
Por quais motivos?
Quem vai ser o dono? É mais ou menos como reunir Apple, Microsoft e Google e padronizar software para smartphone, um só no mundo inteiro para ficar mais fácil. Apple diz para usar iOS. Google pede o Android e a Microsoft sugere uma terceira peça. Alguém tem que ceder a um padrão.
“Procure o que faz sentido para você. Cuidado para não se iludir com informação em excesso”
Falta então ferramenta para organizar esse banco de dados?
Falta! Por isso empresas estão desenvolvendo produtos para ajudar o agricultor a compilar esses dados e ter tudo isso disponível de maneira mais organizada, mas é sem dúvida um desafio. Mais por questão de ter pessoas interessadas em fazer e quem faz, encontrar agricultor que pague por isso.
E como esses dados, de fato, impactam o agricultor?
Principal impacto seria reduzir despesas e aumentar previsibilidade dos seus gastos, reduzir custos.
Copyright © 2021. All rights reserved. Informa Markets (UK) Limited. A reprodução total ou parcial dos conteúdos só é permitida com citação da fonte.