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Agrofloresta: o que é e como fazer?

Article-Agrofloresta: o que é e como fazer?

Agrofloresta: o que é e como implementar?
A agrofloresta busca a sintonia e harmonia entre florestas e sistemas produtivos, trazendo benefícios para ambos. Entenda como funciona esse modelo agrícola e saiba como implementar um sistema agroflorestal!

Sistema agroflorestal (SAF) ou simplesmente agrofloresta. Você já ouviu falar sobre estes termos?

Basicamente, a SAF ou agrofloresta representa um modelo agrícola que tem a capacidade de permitir a produção de alimentos, mas, ao mesmo tempo, promover a preservação das florestas, com benefícios para os dois ecossistemas.

Para isso, a agrofloresta usa a dinâmica de sucessão de espécies da flora nativa que, além de agregar benefícios para o terreno, geram produtos para o agricultor.

Entenda, a seguir, as principais características dos sistemas agroflorestais, seus benefícios e sua importância para a tão falada e necessária agricultura de baixo carbono!

Agrofloresta: o que é?

Apesar de ser um conceito novo, as agroflorestas são sistemas de origem milenar, surgidos nos primórdios da agricultura, há mais de 13 mil anos, aplicados por diversos povos nativos e pequenos produtores rurais ao redor do mundo.

Promover a agrofloresta significa trazer árvores para dentro dos sistemas produtivos ou o contrário, levando a agricultura para dentro das florestas, sempre de uma forma harmoniosa, como explica Diego Barbosa Alves Antonio, Engenheiro Florestal e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril:

“A agrofloresta é uma forma de uso do solo em que árvores, arbustos, cultivos anuais ou pastagens e animais estão em associação, em consórcio e/ou em sucessão, com um determinado objetivo, com uma identidade”.

Além disso, a adoção da agrofloresta pode ter objetivos distintos, como:

  • Produzir alimentos para consumo próprio em pequenos espaços;
  • Comercialização em áreas maiores, ou
  • Para contribuir com a recuperação ambiental.

Consequentemente, o modelo é uma alternativa a métodos tradicionais e nocivos ao ecossistema produtivo, que priorizam apenas a produtividade e a lucratividade, mas não consideram a sustentabilidade.

A agrofloresta traz benefícios para a produção agrícola e o ecossistema

Quais são os benefícios das agroflorestas?

Para Diego Alves, os benefícios das agroflorestas são inúmeros, essencialmente por equilibrarem interesses comerciais e a sustentabilidade da produção.

Por se tratar de um sistema responsável por ciclar nutrientes e preconizar processos naturais, a maioria dos insumos utilizados são necessários na implantação da agrofloresta e nos primeiros anos de cultivo, reduzindo sua demanda externa ao longo do tempo. Da mesma forma, a demanda por mão de obra tende a diminuir ao longo dos anos.

A melhoria da qualidade da água também é um benefício proporcionado pelos sistemas agroflorestais. “Tendo o uso do solo com cultivos perenes na maioria dos casos, estes sistemas mantêm o solo coberto, diminuindo o escoamento superficial das chuvas que ocasionam processos erosivos em monocultivos”, explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril.

Outro grande benefício da agrofloresta, também associado à água, está no seu consumo eficiente, como indica Alves. “O SAF (Agrofloresta) tem maior eficiência no uso da água, pois há maior infiltração e retenção de água pelo sistema”.

Por fim, o ganho em renda do agricultor é outro benefício das agroflorestas, sendo conquistado devido à diversificação da produção. “A produção é distribuída ao longo do ano agrícola e tem incrementos anuais se bem planejada, fato que proporciona adição de renda à família ao longo do tempo”, complementa o pesquisador.

Os impactos ecológicos também são positivos com as agroflorestas

Além dos impactos econômicos, a instalação de uma agrofloresta também exerce impactos ecológicos interessantes, contribuindo com o desenvolvimento da agricultura de baixo carbono.

Neste contexto, Diego Alves explica que a agrofloresta é uma forma sustentável de uso do solo e da água. “Nesse método de cultivo, o solo permanece constantemente coberto por uma farta palhada (cobertura morta) proveniente de uma grande variedade de espécies vegetais, protegendo o solo e a água”.

Além dessa proteção, o pesquisador explica que a própria vegetação dos sistemas agroflorestais contribui para a cobertura total do solo. “Com a oferta e decomposição constante dessa palhada, ocorre um incremento líquido no valor da matéria orgânica do solo (MOS), pois a entrada de C [carbono] orgânico passa a ser maior que sua saída (ciclo do C positivo)”.

Estratos florestais compostos por diferentes famílias botânicas favorecem o surgimento de uma infinidade de macro e microrganismos que, ao longo do tempo, tendem a entrar em equilíbrio biológico. “Com esse equilíbrio há redução da demanda de pesticidas”, complementa Alves.

Portanto, essa biodiversidade biológica ativa e/ou otimiza ciclos biogeoquímicos, como do fósforo (com as bactérias solubilizadoras de fósforo), maximizando a ciclagem de nutrientes e reduzindo a entrada de fertilizantes (redução de insumos).

Sistema agroflorestal

Ficou interessado? Então veja como montar uma agrofloresta

De fato, os vários benefícios de um sistema agroflorestal estimulam sua adoção. Mas é preciso que você entenda que esse é um sistema complexo e que exige um bom diagnóstico das condições de cada localidade, considerando as características de cada unidade produtiva e o perfil social do empreendedor agroflorestal.

Com base nesse diagnóstico, o engenheiro florestal e pesquisador explica que é possível iniciar a seleção de espécies e partir para o planejamento agroflorestal.

Para o pesquisador, outras características biofísicas também merecem atenção no planejamento, como:

  • Tipo de solo (qualidade e aptidão);
  • Relevo;
  • Informações sobre pluviosidade; e
  • Histórico do uso do solo da área.

Mas outros pontos também precisam ser considerados, como a disponibilidade de máquinas, equipamentos e mão de obra, bem como insumos necessários (fertilizantes, corretivos, mudas, sementes).

Características sociais como aptidão do empreendedor a determinadas culturas, capacidade de investimento e de disponibilidade de mão de obra, ou aspectos comerciais como mercado consumidor, agregação de valor a produtos, logística de transporte entre outros, também devem ser planejadas.

“Muitas são as informações que precisam ser levantadas, mas são elas que contribuem para um planejamento mais eficiente da agrofloresta”, garante Alves.

O pesquisador indica que a diretriz principal se baseia nas etapas pré e pós-implantação, que englobam (em sequência):

  • Aquisição de insumos, equipamentos etc.;
  • Preparo de solo e aplicação de corretivos e demais insumos determinados pela análise de solo;
  • Sistematização da área;
  • Locação das linhas das árvores;
  • Preparação dos berços de plantio das árvores;
  • Implantação das culturas intercalares;
  • Manutenções e manejos de cada componente do sistema, de forma organizada, para facilitar a condução do sistema, evitando erros e atrasos em operações fundamentais para o pleno desenvolvimento da agrofloresta.

Ano a ano, há também a necessidade de planejamento e avaliação para ajustes e correção de erros, que podem ser muito comuns em grandes áreas. Neste caso, o pesquisador da Embrapa dá uma dica valiosa:

“O agricultor deve começar um SAF em pequenos espaços e, com a experiência acumulada, ele pode ir expandindo com segurança. Isso evita maiores desperdícios de recursos”, sugere.

O pesquisador explica também que esse tipo de cultivo se expande no Brasil e no mundo, e através das redes sociais há muita informação disponível. “O importante é estabelecer experiências práticas, e na medida do possível trocar experiências com outras pessoas que praticam a agrofloresta sempre contribui para o avanço de cada sistema em desenvolvimento”, finaliza.

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