O crédito rural contratado em julho de 2025, excluindo operações do Pronaf, somou R$ 39,5 bilhões, uma queda de 8% em relação ao mesmo mês da safra anterior (R$ 42,8 bilhões). No entanto, ao incluir os valores já contratados, mas ainda não liberados, o total alcança R$ 49,58 bilhões, representando um crescimento de 15,76%. Essa diferença se explica pela dinâmica de liberação dos recursos, que pode ocorrer até 360 dias após a contratação, tornando a comparação mais precisa quando se considera o volume total comprometido.

Fontes de recursos: controlados vs. livres

O Plano Safra 2025/2026 prevê R$ 516 bilhões em crédito rural, dos quais R$ 174,6 bilhões (34%) são recursos controlados, com taxas de juros fixas e pré-definidas. Esses incluem:

  • Recursos Obrigatórios (MCR 6-2)
  • Fundos Constitucionais (FCO, FNO e FNE)
  • Funcafé
  • Recursos equalizados (originados da poupança rural, LCAs, FAT, BNDES e instituições financeiras)

A programação de recursos equalizados para médios e grandes produtores soma R$ 113,8 bilhões, sendo R$ 64,25 bilhões para custeio e R$ 49,53 bilhões para investimento. A equalização é viabilizada por R$ 3,9 bilhões em subvenção do Tesouro Nacional, que cobre a diferença entre o custo da fonte e a taxa final ao produtor.

Já os recursos livres se dividem em:

  • Direcionados: como poupança rural (70% da captação) e LCAs (60% das emissões), que devem ser aplicados obrigatoriamente no crédito rural.
  • Sem direcionamento: com encargos financeiros próximos ao mercado tradicional.

No total, os recursos livres direcionados somam R$ 300 bilhões, enquanto os sem direcionamento representam R$ 27 bilhões (apenas 8% do total de livres). Os direcionados possuem exigibilidade normativa, com penalidades em caso de descumprimento (vide MCR 6-5), o que geralmente resulta em condições mais atrativas ao produtor.

CPRs ganham protagonismo

O planejamento para financiamentos via Cédulas de Produto Rural (CPR) no ciclo atual totaliza R$ 188,53 bilhões. Desse montante:

  • R$ 179,43 bilhões são destinados à aquisição de CPRs para cumprimento das exigibilidades das LCAs.
  • R$ 9,1 bilhões para exigibilidades da poupança rural.

Bimestre inicial aponta estabilidade

Nos dois primeiros meses da safra (julho e agosto), foram concedidos R$ 81,11 bilhões, distribuídos da seguinte forma:

  • R$ 33,72 bilhões em custeio
  • R$ 4,48 bilhões em investimento
  • R$ 4,36 bilhões em comercialização
  • R$ 5,36 bilhões em industrialização
  • R$ 33,19 bilhões em emissões de CPR

Ao incluir os valores contratados e ainda não liberados, o total pode chegar a R$ 99,08 bilhões, praticamente em linha com os R$ 100,81 bilhões do mesmo período da safra 2024/2025 — uma variação negativa de apenas 1,75%.

Maior capilaridade na oferta de crédito

Atualmente, 25 instituições financeiras operam com recursos equalizáveis, incluindo o BNDES, que atua com todas elas e também com aquelas que não possuem linhas próprias. Essa estrutura amplia a capilaridade dos financiamentos e facilita o acesso a programas com alta demanda, como:

  • Moderfrota
  • Proirriga
  • Renovagro
  • Inovagro
  • PCA

Mesmo diante de eventuais restrições em bancos específicos, essa pulverização garante maior fluidez na contratação.

Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária

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