Responsável por melhorar a qualidade e a disponibilidade de dados e informações sobre riscos agroclimáticos no Brasil, o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático – ZARC, é uma ferramenta tecnológica imprescindível para o agricultor brasileiro.

Desenvolvido pela Embrapa e por seus parceiros, o método Zarc é aplicado no Brasil como política pública desde 1996 e é conhecido como uma ferramenta tecnológica de análise de risco em função da variabilidade climática.

Esse método indica as melhores datas ou períodos de plantio/semeadura por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e o ciclo de cultivares. Tudo isso a fim de evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas.

ZARC e os fatores considerados na sua formulação

O Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático – ZARC, regido pelo Decreto Nº 9.841/2019, tem por finalidade melhorar a qualidade e a disponibilidade de dados e informações sobre os mais variados riscos agroclimáticos no Brasil.

Mas, para explicar o que é o ZARC, Fernando Macena, pesquisador da Embrapa Cerrados, lembra que para alcançar os melhores rendimentos e um retorno satisfatório da safra, o produtor pode atuar e interferir em vários fatores da produção agrícola em condição de sequeiro.

Entre esses fatores podemos citar as práticas de adubação, cultivares mais adaptadas e produtivas para o município ou a região, uso de tecnologias mais promissoras no controle de pragas e de doenças e adoção de manejos mais adequados.

 Porém, segundo o pesquisador, há ainda os fatores incontroláveis que precisam ser considerados, tais como:

  • Fatores climáticos – Há ocasiões em que há excesso de chuva, que pode cair na fase de enchimento de grãos ou a falta chuva, como acontece no veranico. “Estes fatores reduzem a produtividade e o produtor nada pode fazer”, diz.
  • Radiação solar – Este é outro fator fundamental para a fotossíntese das plantas e no qual o produtor também não pode interferir.

O produtor também não pode interferir em outros fatores que provocam perdas na safra, como:

  • Geadas;
  • Temperaturas elevadas, que muitas vezes provocam o abortamento de flores;
  • Temperaturas baixas, que alongam o ciclo da planta, que demora mais tempo para completá-lo.

Baseado nisso, é necessário que exista uma ferramenta que consiga, a partir de uma metodologia específica, quantificar os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras. E essa ferramenta é o ZARC.

O ZARC surgiu para orientar o produtor rural

Baseado nos fatores acima citados, o pesquisador da Embrapa Cerrados explica que o ZARC integra todos os fatores climáticos e seus estudos, orientando o produtor a escapar de possíveis adversidades climáticas.

O ZARC é uma ferramenta de análise do risco climático que considera a variabilidade do clima, as características do solo e as características ecofisiológicas da cultura, contribuindo com as decisões do produtor”.

Segundo Macena, esse método também permite quantificar o risco para cada época de semeadura, para cada cultivo e para cada local, considerando o tipo de solo, de cultivar e de clima, indicando a época de menor risco para a semeadura.

Além disso, o pesquisador diz que o ZARC contribui para a racionalização do crédito agrícola, a redução de perdas, a proteção do solo e do meio ambiente. “Ele é muito importante porque indica as áreas que não são aptas para a produção e, com isso, contribui para evitar que o produtor se instale em áreas inapropriadas”, afirma.

O ZARC ainda orienta o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), para grandes e médios produtores, e o Proagro Mais, voltado ao agricultor familiar. Também orienta o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). “O produtor só terá acesso ao crédito agrícola se seguir as orientações geradas pelo ZARC”, explica Macena.

O ZARC é um indutor de tecnologias agrícolas

Devido à sua importância para a agricultura nacional, o ZARC é, na concepção do pesquisador da Embrapa Cerrados, é um indutor de tecnologias bastante importante. “Além de orientar para as datas de semeadura com os menores riscos de perda, o ZARC pode orientar o produtor sobre qual tipo de solo é mais resiliente para o seu cultivo e que seja capaz de disponibilizar mais água para o cultivo”.

O pesquisador diz que o ZARC também orienta para a escolha da cultivar mais apropriada para um local específico. “Nele estão registradas as cultivares com maior potencial de produção para o município ou a região”.

A ferramenta pode ainda contribuir para a produção e a produtividade agrícola. “Se você planta na data certa, a produção pode ser maior, com menores perdas, e a produtividade pode ser aumentada”, diz Macena.

Por fim, devido ao fato de ajudar com o produtor em vários aspectos, o ZARC é uma ferramenta que precisa estar em constante atualização para que se possa considerar a dinâmica do clima e do surgimento de novas cultivares.

O clima tem uma variabilidade muito grande e novas cultivares são lançadas no mercado constantemente. Tudo isso precisa ser conhecido do ponto de vista do consumo de água, do comportamento fisiológico, do comportamento em relação ao clima”, complementa Macena.

Por essas razões o ZARC precisa estar sendo atualizado constantemente. “Dizemos que o ZARC é uma ferramenta bastante dinâmica, por isso há a necessidade de constante de atualização”, finaliza o pesquisador.