Você já pensou em ter um robô que executa tarefas agrícolas como semear, adubar e irrigar a terra de forma automática, sem a necessidade da ação do homem?

O que parecia ser uma atividade quase impossível ou de filmes de ficção está começando a se tornar realidade. Pesquisadores e alunos da Feagri (Faculdade de Engenharia Agrícola) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um robô que tem a capacidade de realizar todas essas atividades de forma autônoma, com eficiência e qualidade nunca imaginada para uma máquina sem o auxilio do homem.

Esse robô foi construído para realizar determinadas tarefas sem a necessidade de intervenção humana, fornecendo às plantas a quantidade adequada de insumos, além de garantir ótima precisão do cultivo, seja em hortas caseiras ou para produção em escala, caso de estufas 20 x 50 m.

Conversamos com Claudio K. Umezu, pesquisador da Unicamp e um dos mentores do robô agrícola, que nos conta mais sobre esse projeto que pode representar um grande avanço para a agricultura.

Inspiração americana e contribuição com a Agricultura 4.0

Este robô agrícola foi desenvolvido a partir de um projeto colaborativo denominado Farmbot e fez parte das atividades dos alunos do curso de especialização em Automação e Controle de Processos Industriais e Agroindustriais, oferecido exclusivamente pela Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp) junto à Faculdade de Engenharia Agrícola da mesma universidade.

A ideia da construção deste robô surgiu quando um grupo de alunos do curso tomou conhecimento de um projeto relacionado à agricultura de precisão, divulgado nos Estados Unidos, em 2014. Umezu faz questão de citar seus alunos: “O projeto foi desenvolvido por Cleber Katsuaki, Marcos Vinicius Lopes, Ricardo Hideyo Hirai e Willy Rizola, que foram orientados por mim e pelo professor Angel P. Garcia”.

Além do desafio de desenvolver um protótipo brasileiro, semelhante ao norte-americano, que tenha baixo custo, os pesquisadores enxergaram a possibilidade de executar um projeto inovador que os levaria a captar o máximo do aprendizado, utilizando todos os conhecimentos adquiridos durante este curso de especialização.

Para a sua criação foram integradas tecnologias como agricultura de precisão, sistemas embarcados, prototipagem rápida (com impressora 3D) e armazenamento em nuvem”, explica.

Essas funcionalidades se configuram como uma importante contribuição para a automação agrícola e, consequentemente, para a Agricultura 4.0.

Ainda de acordo com o pesquisador da Unicamp, a plataforma foi desenvolvida para permitir uma total integração com outros sistemas computacionais tanto ao nível de outros dispositivos conectados como armazenamento e/ou processamento em nuvem, em um conceito conhecido como IoT – Internet of Things (Internet das Coisas).

Funcionamento do robô e tarefas executadas por ele

O robô foi construído seguindo o conceito Farmbot (fazenda robótica), bastante diferente dos famosos modelos humanoides ou dos robôs que representam a função dos braços humanos, muito usados na indústria automobilística. O robô desenvolvido pelos alunos é um robô tipo pórtico, semelhante a uma ponte rolante que percorre a área por meio de trilhos.

A atuação deste robô visa substituir a ação humana no trabalho da terra. Em um solo previamente preparado, o sistema robótico penetra a terra exatamente na profundidade adequada para cada plantio e, ao penetrar, o sistema deposita o número de sementes recomendadas para cada cultura e, posteriormente, cobre o buraco utilizando água. Além disso, o sistema consegue respeitar com exatidão o espaçamento ideal entre as plantas.

Para melhor eficiência, a umidade do solo é medida por um sensor, garantindo que cada planta seja irrigada segundo suas necessidades específicas e o fertilizante é aplicado dissolvido em água, também de acordo com o desenvolvimento da planta.

O professor Umezu explica que no atual estágio de desenvolvimento o robô está apto a semear, medir a umidade do solo, adubar (fertirrigação localizada com possibilidade de alteração da dosagem de macronutrientes) e irrigar. Portanto, pode-se perceber que este robô já está bem completo.

Ainda segundo o professor, este robô pode ser utilizado para todo tipo de cultura, porém é mais indicado para plantas de pequeno porte. “Em princípio, o robô é indicado para qualquer cultura, porém é mais adequado às plantas de pequeno porte, muito em função da sua característica construtiva que é do tipo pórtico”, explica.

Qual o ambiente ideal e quem pode operar o robô agrícola?

Por enquanto, este robô foi desenvolvido para ser utilizado em ambientes fechados como estufas e casas de vegetação. “No estado atual de desenvolvimento, esse robô pode operar apenas em ambientes fechados, podendo até ser adaptado para operação ao ar livre, mas para isso precisamos introduzir proteções contra intempéries e outros agentes prejudiciais aos componentes eletroeletrônicos e mecânicos presentes no equipamento”.

Umezu complementa que o robô possui funcionalidade que permitem incorporar mapas e recomendações das culturas sob sua responsabilidade.

Previsão para colocar o produto no mercado

Ainda não há uma data prevista para colocar o robô no mercado. “Apesar de o projeto estar praticamente finalizado, seus desenvolvedores ainda se dedicam a aperfeiçoamentos tanto a nível de hardware quanto de software, que permitam a comercialização de uma versão na forma de kit expansível.

Os pesquisadores também estão em busca de patrocinadores e investidores para poder levar o projeto deste robô ao mercado.

Foto: Antonio Scarpinetti – Unicamp

Este robô agrícola é uma grande inovação. Você acha que ele pode facilitar a vida do agricultor? E se você gostou do artigo, compartilhe-o com seus amigos!  

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