Para responder a essa e outras perguntas importantes sobre os próximos caminhos da agricultura e como chegar até lá, o blog da Agrishow conversou com José Luiz Tejon Megido, coordenador do Núcleo de Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing da ESPM/SP (Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo) e um dos grandes especialistas em marketing no agronegócio.
Na opinião de Tejon, o futuro é agora, e os profissionais do agronegócio deverão, cada vez mais, ter acesso ao termo que muitos já ouviram falar “Big Data”, não só para conhecer os dados, mas interpretá-los bem para trabalhar com este recurso. Isso significa desenvolvimento constante e aprendizado diário. “Para isso, precisaremos de novos líderes, que deverão ser pedagógicos. Isso, porém, não vai deixar a agricultura mais ‘digital’. Ela será natural e compreensiva. Digital é apenas um nome que não fará mais sentido para as gerações do futuro”, diz.
1-Smart Farming está relacionado à agricultura de precisão?
O conceito de Smart Farming significa a agricultura inteligente associada à agricultura de precisão, ao Genetic Design, à revolução do grafeno e ao elevado conhecimento científico, incluindo a inteligência artificial que será fundamental não apenas para grandes fazendas, mas para microempreendedores no agronegócio.
2-Por que ela será importante no futuro?
Não conseguiremos entregar no futuro quantidade e qualidade de alimentos, nem energia, fibras ou mesmo a madeira com responsabilidade social, empreendedorismo e cooperativismo sem alta tecnologia aplicada e simplificada. Isso vai reter e atrair jovens para o novo campo e, ao mesmo tempo, trará o campo para dentro dos grandes centros urbanos. Será o que a ciência e a tecnologia irão permitir: uma multiplicação não apenas do pão, mas dos meios pelos quais faremos o pão.
3-Quão longe está esse futuro? Ele é de curto, médio ou longo prazo?
Ele já existe e agora o novo lema é: “O presente é o resultado do futuro”. Ele já está aqui! Já temos o acesso a esse conhecimento, temos genética programada para os próximos dez anos, possuímos máquinas dos próximos dez anos, nutrição de plantas, animais, e tudo isso integrado a uma base de dados. Já formamos jovens nesse caminho, como por exemplo na Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia com a Fatec (Faculdade de Tecnologia), na cidade de Pompéia (SP), e esse estudo e conhecimento passa a ser essencial.
4-O que precisamos fazer para estarmos preparados?
Prestar atenção no que evolui, no que já está conectado com o futuro e seguir esses caminhos e essas pessoas nos transformam no resultado dos seres humanos que seguimos e admiramos. A resposta sobre o futuro significa uma boa escolha de com quem vamos para esse futuro…
5-Que conhecimentos deverão ser desenvolvidos?
Computação de dados, descobertas operacionais a partir de novos condutores, como o grafeno, por exemplo. Competência para liderança e gestão de saberes diversos; compreensão dos sensores e toda sensibilidade que geram, além do forte talento para comunicar, ensinar e aprender o tempo todo. O novo gestor, o novo líder precisa ser pedagógico.
6-Quais os impactos que a Smart Farming vai causar na agricultura?
Irá atrair novos profissionais, gente de formações distintas e diversas; irá criar companhias de um verdadeiro “facility“ rural, pois o novo agronegócio será uma montadora de sustentabilidade intensiva. Irá deixar muitos fora do futuro, principalmente aqueles que não tiverem por vocação a curiosidade e a vontade de se renovarem a cada dia. Irá também permitir o pequeno e o microempreendedor rural. Significará uma legítima possibilidade de capilaridade e de evolução do local farming, por exemplo. E significará uma mais perfeita orquestração das cadeias produtivas de valor através das conexões que os sistemas irão viabilizar. Isso resultará em maior segurança para todos os agentes envolvidos.
7-Como o Brasil está caminhando para o conceito de Smart Farming?
Caminhamos com exemplos já existentes na rastreabilidade, por exemplo, o projeto RAMA (Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos), da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), realizado por uma jovial start up chamada Paripassu. Já existe nos esforços de aprendizado da telemetria das máquinas, como no grupo Amaggi, e segue já nos 11% mais engajados e conscientes do agronegócio. Têm nas cooperativas que evoluem e em algumas instituições educativas que estão a frente do tempo. Da mesma forma, na gestão e no marketing, como no MBA que a ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), criou com a Faculdade Audencia Nantes, na França, tratando da gestão de toda a cadeia produtiva do agronegócio, com jovens do planeta inteiro.
8-E quais nossos maiores desafios?
Os maiores desafios: foco e vontade de aprender. O foco para não sermos desviados pelas distrações e da vontade de aprender, pois seremos o que iremos conhecer a cada dia do futuro, e para isso precisa manter um espírito infantil e de juventude, a fonte eterna que habita dentro de cada ser humano. Aprender, aprender para fazer, fazer e aprender com o que se faz… Além de se divertir, claro.