O algodão é um dos produtos que apresenta grande importância para o agronegócio brasileiro, em especial para a região nordeste do País. Nesta região, a cultura algodoeira possui fundamental importância, principalmente com a geração de renda nas áreas rurais e urbanas.

Entretanto, boa parte do Nordeste está em uma região semiárida, com grande instabilidade climática, representada pela irregularidade de chuvas. Assim, para que haja boa produção nesta área há a necessidade da escolha de métodos de irrigação para algodão.

Para saber mais sobre as técnicas de irrigação para algodão, conversamos com chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e doutor em Engenharia Agrícola, João Henrique Zonta.

Principais cuidados na irrigação para algodão

Assim como acontece com qualquer cultura que necessita de irrigação, o algodoeiro irrigado também demandará alguns cuidados básicos, inerentes a qualquer cultura. O pesquisador da Embrapa Algodão lista alguns desses cuidados que a irrigação para algodão necessitará:

  • Dimensionar corretamente o sistema de irrigação;
  • Aplicar a quantidade de água na medida e no momento correto;
  • Evitar irrigação nos momentos mais quentes do dia – “tal cuidado diminui as perdas por evaporação”, diz Zonta.

Com relação à irrigação para algodão propriamente dito, o pesquisador explica que por ser uma cultura tolerante a seca, durante a fase inicial de crescimento e fase vegetativa, pode-se utilizar maiores turnos de rega, ou seja, um maior intervalo entre irrigações.

Para Zonta, “esse maior intervalo proporciona maior desenvolvimento do sistema radicular, tornando a planta com maior capacidade de absorver água e nutrientes do solo”.

Já durante a fase de florescimento e enchimento das maçãs, maior atenção deve ser dada ao manejo da irrigação, principalmente para evitar que a planta sofra deficiência hídrica.

Nesta fase, a falta de umidade no solo causa shedding (queda de botões florais), diminuindo o número de maçãs por planta, e causando perda de qualidade da fibra, que terá menor comprimento, resistência e maturidade”, explica Zonta.

Ainda segundo o pesquisador, o déficit hídrico severo nesta fase pode causar perdas de produtividade acima de 50%, resultando em grande perda econômica.

Outro importante fator observado por Zonta é com relação ao momento de encerrar as irrigações. Ele explica que para que não se tenha perda dos ponteiros ou fibras imaturas, o ideal é manter a irrigação até a área cultivada e apresentar em torno de 50% dos capulhos abertos, garantindo que se tenha umidade do solo no momento da aplicação de maturadores e desfolhantes.

Nesta fase, o pesquisador recomenda também que as irrigações sejam menos frequentes. “Irrigações menos frequentes evitam que a planta continue vegetando, ou seja, um déficit hídrico controlado ajuda a acelerar a abertura dos capulhos”.