Atualmente, é grande o reconhecimento por parte de grandes organizações do agronegócio e fazendas de que a sustentabilidade, nas dimensões ambiental e social, pode ser acolhida de uma maneira inteligente a partir de uma perspectiva de estratégia de negócio, geração de valor e, consequentemente, vantagem competitiva.
Num bate-papo com o consultor e especialista em sustentabilidade, José Carlos Pedreira, ele resumiu bem esse tipo de visão mercadológica, que significa retirar a sustentabilidade da coluna do passivo e transferi-la para a coluna do ativo. Neste trâmite, o principal desafio é saber como incluir os atributos ambientais e sociais para o modelo de negócios de uma empresa e tirar proveito disso.
Alguns empresários do agronegócio perceberam a mudança ocorrida na sociedade por causa do aumento de consumidores mais exigentes e compreenderam, rapidamente, que o mercado passou a demandar produtos que incorporam conceitos de sustentabilidade. Então, deixaram vagarosamente de produzir a commodity e passaram a produzir um produto diferenciado.
Um exemplo desta nova realidade de mercado é o segmento de café gourmet, feito com um café especial colhido geralmente à mão, dispensando a colheitadeira, e tratado de uma maneira diferenciada que resulta num produto com maior valor agregado e uma percepção distinta por parte do consumidor em relação ao café commodity.
Outro exemplo emblemático está no setor sucroenergético: a empresa Native Produtos Orgânicos, pertencente à Usina São Francisco, na cidade de Sertãozinho (SP), há mais de 20 anos produz cana e açúcar orgânicos sem usar um mililitro sequer de produto sintético numa área de 20 mil hectares, configurando-se num empreendimento industrial orgânico de larga escala.
Trata-se da Agricultura Revitalizadora de Ecossistema, método criado pelo engenheiro agrônomo Leontino Balbo, que tem por objetivo trabalhar a partir de processos naturais revitalizando o potencial produtivo pelo meio representado pela fauna e flora.
Nesse caso, o produtor deixa de produzir o açúcar commodity, deixa de disputar o mercado internacional com o produtor de commodity — que, em geral, produz muito mais barato porque não leva em conta uma série de requisitos ambientais e sociais — e passa a produzir um produto singular para mercados diferenciados, fugindo da concorrência e ocupando nichos de mercado.
Outro exemplo que segue nesta direção de sustentabilidade nas estratégias de negócios de empresas agropecuárias é a carne gourmet. Você ainda não ouviu falar?
A carne gourmet é um novo mercado em crescimento. Trata-se daquela carne produzida a partir dos conceitos de qualidade que incorporam sabor, maciez e suculência, ou seja, aquela carne que é úmida, é fresca, gostosa, mas que, acima de tudo, foi produzida por meio de boas práticas de sustentabilidade.
Assim como os demais produtos citados neste artigo, para a carne ser gourmet é necessário que seja advinda de processos sustentáveis e todo mundo ganha com isso: o produtor, o consumidor, os animais e o meio ambiente.
Quer saber mais detalhes sobre a carne gourmet? Então, aguarde a próxima coluna para desvendarmos junto quais são os benefícios nas mais variadas esferas quando o pecuarista produz uma carne com valor agregado e, portanto, diferenciada no mercado para compradores e consumidores.
Um Abraço AgroAmigo.
Lilian Dias é comunicadora Agro, possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book “Os Pilares do Agronegócio”. Site: www.liliandias.com.br-Instagram: @jornalistalilian -E-mail: [email protected]
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