É muito comum as pessoas perguntarem qual é o melhor momento para se começar a falar sobre sucessão nas empresas familiares. Costumo responder que o melhor momento é ontem, mas se sua família ainda não começou a pensar no assunto, o ideal é tratá-lo a partir de agora.
O processo de sucessão acontece de maneira gradativa e envolve uma série de fatores que precisam ser analisados, tais como: demandas da família, como o a escolha e preparo do sucessor, demandas jurídicas que envolvem organização patrimonial e tributária, e demandas do negócio, que estão relacionadas a gestão.
O primeiro momento trata-se da conscientização para a necessidade de se planejar a transferência da gestão. É o primeiro alinhamento da família nas conversas iniciais, para levantar o interesse dos envolvidos a respeito da continuidade dos negócios, pois para estruturar um planejamento que funcione, se faz necessário entender as expectativas e saber quem, de fato, comporá cada papel.
Dentro da dinâmica das famílias, nos deparamos com inúmeras situações, e abaixo listo algumas delas:
– Filhos que não desejam continuar os negócios;
– Filhos que desejam participar da gestão, mas não em sua totalidade;
– Filhos que ainda não decidiram onde querem estar (se nos negócios ou se apenas como herdeiros);
– Filhos que já estão na gestão e na tomada de decisões;
– Filhos divididos entre operacional e estratégico;
– Filhos dentro e fora da empresa – um apenas no papel de herdeiro, outro que assumiu o papel de sucessor;
– Filhos que participam do negócio apenas como colaboradores (pais gestores, filhos herdeiros que ainda não definiram se desejam ser sucessores);
– Não ter filhos interessados e ter a necessidade de contratar um sucessor operacional;
Portanto, é necessário ter clareza de todos os papéis possíveis e entender quais cenários eles compreendem. Para tal, existe o modelo dos 3 círculos, também chamado de trinômio da sucessão, que demonstra onde os membros se encontram e dali em diante, se torna mais fácil iniciar qualquer debate sobre o assunto com a família.
Fonte imagem: www.ibgc.org.br
É importante que a família tenha em mente que quanto antes se iniciem as conversas sobre o assunto e a preparação para a transferência da gestão, mais a empresa familiar tem a ganhar. Pois o sucessor terá a oportunidade de aprender com o sucedido, terá tempo hábil para que todos os ensinamentos sejam absorvidos da melhor maneira possível e poderá dividir experiências, trazendo para a empresa toda sua bagagem sobre inovação, tecnologia, e podendo tirar suas dúvidas com quem mais entende do negócio: o fundador (ou atual gestor).
Vale lembrar que no processo de sucessão não transferimos apenas a gestão. Transferimos o legado, os valores familiares e toda a história que foi construída durante todos os anos.
Se com a família em harmonia, em alguns momentos já encontramos desafios que precisam ser superados, imaginem deixar para pensar sobre o assunto apenas quando o pai ou o avô adoecerem, ou quando a família brigar, ou pior ainda, alguém vier a faltar. Além de mais moroso e oneroso, é muito mais doloroso organizá-lo em uma situação assim.