O segundo dia da Agrishow foi marcado por importantes anúncios no setor agropecuário. A ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) divulgou os resultados do setor no primeiro trimestre de 2024. Segundo a pesquisa Indicadores Conjunturais da entidade, a receita líquida total nos primeiros três meses do ano somou R$ 56,6 bilhões, uma queda de 21,3%. Os segmentos com pior desempenho foram o agrícola, a indústria de transformação e a infraestrutura e indústria de base.
No mercado doméstico, o setor registrou uma queda geral de 21,9%, com estabilidade na receita de vendas de componentes para bens de capital e crescimento nas vendas de máquinas para logística e construção civil. A expectativa é de que esses setores, juntamente com a infraestrutura e a indústria de transformação, registrem melhores resultados ao longo do ano, contribuindo para o aumento dos investimentos em 2024.
Segundo Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas), já era esperado um primeiro trimestre mais difícil devido ao Plano Safra. “Hoje, há financiamentos com taxas de 15%, o que dificulta a vida do produtor, e o novo Plano Safra só entra em vigor em julho, mas temos feito nossas sugestões para ter um plano safra robusto”, diz.
Panorama das exportações e importações
No primeiro trimestre de 2024, observou-se uma queda nas exportações, com particular destaque para os setores de máquinas agrícolas, que registraram uma redução de 23%, e de máquinas para logística e construção civil, com uma retração de 15%. Esses dois segmentos, juntos, representam mais de 40% do total exportado pela indústria brasileira de máquinas e equipamentos.
Em contrapartida, as importações apresentaram um aumento nas vendas durante o mês de março. Nesse período, o país importou US$ 2,4 bilhões em máquinas e equipamentos, em comparação com os US$ 2,1 bilhões registrados em fevereiro de 2024. No acumulado do ano, as importações totalizaram US$ 6,9 bilhões, representando um crescimento de 6,1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.
Apesar do cenário desafiador, tanto o Ministério da Agricultura quanto a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Food and Drug Administration (FDA) destacam a necessidade de o Brasil aumentar suas exportações de alimentos em 25% a 30% nos próximos dez anos. Isso implicaria um aumento correspondente de 25% a 30% na área plantada, demandando, consequentemente, mais investimentos em máquinas e equipamentos para o setor agroindustrial.
IBGE discute Censo Agropecuário durante a Agrishow
O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, conduziu uma reunião focalizada no Censo Agropecuário 2026. Desde a última edição em 2017, que identificou aproximadamente 5,1 milhões de estabelecimentos envolvidos em atividades agropecuárias, florestais ou aquícolas, o IBGE está empenhado em aprimorar a coleta de dados para refletir com precisão a realidade do campo.
Neste ano, pela primeira vez na Agrishow, o IBGE procura estabelecer parcerias de cooperação técnica para garantir a excelência na condução do Censo. “Este é o décimo segundo censo, abrangendo 100 anos de estatísticas sobre a agropecuária e as florestas brasileiras. O primeiro censo foi realizado em 1920”, contextualiza Ponchmann.
Com o início da preparação prevista para janeiro de 2025, o IBGE está formando comitês técnicos consultivos com grupos de especialistas das áreas. “Vamos construir também um conselho de orientação. Seria importante contar com a presença de todos aqueles que atuam no complexo agropecuário do Brasil”, declara Pochmann.
Conforme dados da Nasa e compartilhados pelo IBGE, a produção mundial agrícola equivale a 1,9 bilhão de hectares. O Brasil ocupa o 5º lugar no mundo, com 3,4% desse montante, perdendo apenas para a Índia (9,6%), Estados Unidos (9%), China (8,8%) e Rússia (8,3%).
Para o próximo Censo, a tecnologia pode ser uma grande aliada no processo de captação dos dados. “Desejamos fazer um Censo não só presencial, mas que possa utilizar nova ferramenta pela internet, pela associação com outras instituições que possuem informações do mundo agrário e evite o retrabalho. Isso nos ajudaria muito a fazer um Censo mais rápido e ágil”, finaliza Pochmann.