As mulheres têm assumido um número cada vez maior de funções dentro das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. São engenheiras agrônomas, pesquisadoras, professoras, administradoras, técnicas, operadoras de máquinas, assistentes e produtoras, que contribuem para o setor alcançar recordes de produtividade nas lavouras, mas também elevada eficiência nas agroindústrias.

O último censo Agropecuário, divulgado em 2017, mostrou que as mulheres administram cerca de 946 mil estabelecimentos agropecuários no Brasil, o que representa um crescimento de 44% diante do censo anterior, de 2006, quando eram aproximadamente 656 mil estabelecimentos comandados por mulheres.

Em relação às propriedades rurais, dados da Embrapa, do Ministério da Agricultura e Pecuária e do IBGE apontam que a mulher está à frente de 19% das propriedades, somando 30 milhões de hectares. Esse percentual ainda é baixo em comparação à liderança masculina, mas essa realidade vem se transformando, o que leva o Brasil a ter diversos exemplos de produtoras rurais que são consideradas referências no comando de suas fazendas, assim como pesquisadoras que recebem prêmios por sua contribuição para o desenvolvimento do agro nacional.

Uma pesquisa realizada por nossa entidade, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em 2017, revelou o perfil das mulheres que atuam no setor, com 59,2% delas como proprietárias ou sócias, 30,5% atuantes na diretoria, gerência, administração ou coordenação, e 10,4% como funcionárias ou colaboradoras. Na área institucional, a participação feminina também tem sido importante e, na pesquisa, foi apontado que 57% participam ativamente de sindicatos e associações rurais.

Certamente, o caminho trilhado pelas mulheres no agro tem sido robusto e de muito sucesso. Entretanto, é possível alcançar novos horizontes, porque o potencial feminino ainda não foi totalmente explorado. Assim como novas tecnologias disruptivas surgem no mercado para quebrar paradigmas e elevar o patamar do setor, as mulheres também têm muitos mais a entregar para o crescimento do agro nacional.

Por isso, é fundamental investir e apoiar iniciativas voltadas às mulheres do agro, a fim de ampliar sua participação, mas também reconhecer o importante papel exercido por elas em todos os aspectos ligados ao setor, como no desenvolvimento de novas tecnologias, nas pesquisas científicas para proteção e melhor uso do solo, para novas formas de cultivo e colheita, para otimizar a aplicação de recursos naturais e insumos, no crescimento das agroindústrias e na gestão cada vez mais assertiva das fazendas no país, com a implantação de práticas sustentáveis e produtivas.

Uma dessas iniciativas é o Prêmio Mulheres do Agro, que está na 6ª edição e valoriza o trabalho realizado por elas no campo e reconhece sua importância para uma gestão sustentável das propriedades rurais, levando em consideração os aspectos de governança, meio ambiente e pessoas. As inscrições foram abertas durante a Agrishow 2023 e o resultado será divulgado, em outubro, durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Desde 2018, a premiação da Bayer e da ABAG recebeu mais de 900 inscrições e homenageou 45 produtoras rurais de regiões diferentes do país.

Outra ação é a Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio (ALMA), que aborda temas de interessa das mulheres que atuam no setor, auxiliando na formação de futuras líderes do agro nacional. Mais de 400 mulheres já passaram pelas turmas, que contam com aulas quinzenais. Ao final do curso, os projetos desenvolvidos pelas mulheres participantes são apresentados em um evento presencial, em São Paulo. A academia da Corteva Agriscience conta com a parceria da ABAG e da FIA. 

A ABAG apoia outras iniciativas, pois acredita que cada iniciativa criada e cada ação desenvolvida estimulam as mulheres a fazerem, cada vez mais, a diferença no setor. O reconhecimento por seu trabalho, sua competência, sua dedicação fará com que homens e mulheres, juntos, impulsionem a caminhada do agro para ser o protagonista na oferta de alimentos, fibras e energia renovável no mundo.

Por Gislaine Balbinot, diretora-executiva da ABAG