José Ronaldo de Macedo – Pesquisador da Embrapa Solos
Adoildo da Silva Melo – Técnico da Embrapa Solos
Deve-se fazer a análise de solo como parte de um planejamento da instalação das culturas agrícolas, como prevenção para futuros problemas nutricionais que podem facilitar o aparecimento de pragas e doenças. Com a realização da análise pode-se chegar a aumentar a lucratividade, pois haverá um aumento da produção e da resistência da planta, diminuindo os gastos com inseticidas, herbicidas e fungicidas.
A análise do solo é uma das maneiras de avaliação da fertilidade química do solo de uma propriedade e visa diagnosticar o estoque de nutrientes disponíveis no solo para as plantas. Essa informação é que será utilizada pelo técnico/produtor para que o mesmo faça suas recomendações de corretivos e adubações para os futuros cultivos.
A análise do solo deve anteceder o plantio de qualquer cultura, inclusive as de grãos como o milho, soja, feijão, arroz e outras. Neste caso, dentro do planejamento da propriedade, as coletas de amostras de solo devem ser feitas entre 60 e 90 dias antes do plantio. Esse prazo deve levar em conta que a amostra composta deve ser coletada, enviada ao laboratório para análise que, em geral, leva 15 dias para disponibilizar o laudo (resultados das análises).
Com base nos resultados da análise, será feita a recomendação de calagem e adubação o que implica em um prazo de compra e entrega dos produtos pela revenda (em geral sete dias). Caso seja necessário aplicar calcário, o plantio deverá ocorrer somente 45 dias da incorporação do corretivo (dolomítico ou calcítico). Somando todos os prazos e contando com a ajuda do clima, chega-se ao intervalo descrito acima.
Esses prazos são variáveis e dependem também se a área está sendo recém incorporada ao processo agrícola ou se a área já se encontra cultivada (áreas consolidadas) e/ou em Sistema de Plantio Direto (SPD). Nesse último caso, os prazos relativos a aplicação e incorporação dos corretivos podem até ser nulos.
As adubações químicas e/ou orgânicas devem ser sempre balizadas nos resultados da análise de fertilidade do solo. Com base nesse diagnóstico será possível fazer a recomendação das doses (quantidade), dos tipos de nutrientes (macro e micronutrientes), da forma de aplicação (no plantio ou em cobertura) e no parcelamento da adubação, otimizando assim, as correções da acidez do solo e das adubações, possibilitando a expressão do potencial produtivo da cultura. A correta interpretação dos resultados da análise de fertilidade tornará a recomendação mais racional e econômica do uso dos corretivos e fertilizantes.
A frequência das amostragens pode variar de um ano a até no máximo dois anos. Esse intervalo está em função do monitoramento da evolução da fertilidade de uma determinada área e de sua respectiva produtividade.
Em áreas de plantio que utilizam o sistema de agricultura de precisão, a amostragem do solo é sistematizada, feita por equipamentos específicos e georreferenciada. Neste caso, a amostragem pode ter um intervalo de tempo menor, porém esse tema que não será abordado aqui.
O mais importante é que o produtor entenda e não esqueça de que existe um conceito fundamental na agricultura, denominado com Lei da Restituição, a qual se baseia na necessidade de restituir ao solo, aqueles nutrientes absorvidos pelas plantas e exportados com as colheitas e, também, perdidos de alguma forma, como pela erosão do solo, pela fixação, volatização e/ou lixiviação. Essa lei considera que haverá o esgotamento dos solos em decorrência do seu uso através dos cultivos sucessivos, ocasionando, assim, a redução da produtividade das culturas, desde que os elementos essenciais não sejam repostos via calagem ou adubação.
Bibliografia consultada
Manual de calagem e adubação do Estado do Rio de Janeiro – 2013
Fertilidade do solo. 2007. 1ª Edição. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo