Por conduzir uma “indústria a céu aberto”, o agricultor precisa estar sempre atento aos fenômenos climáticos para planejar sua safra. Especificamente para a safra 2023, o fenômeno “El Niño” será o motivo de preocupação do momento.
O El Niño se caracteriza pelo aquecimento, fora do comum, da temperatura das águas do Pacífico. Em termos práticos, há a expectativa que ele promova um aumento das temperaturas em todo o país.
Diante desses efeitos climáticos adversos, cabe ao agricultor adotar ferramentas que o auxiliem a diminuir ao máximo a sua dependência do clima. Uma ótima opção é a irrigação localizada.
Fenômenos El Niño e La Niña: muitos efeitos climáticos para a agricultura
O El Niño e a La Niña são partes de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial, denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS).
Quando atuantes, tanto o El Niño quanto a La Niña influenciam o clima em todo o mundo, com flutuações periódicas na temperatura da superfície do mar, ventos e pressão atmosférica.
Esse fenômeno apresenta oscilações naturais que variam de 2 a 7 anos. Especificamente no segundo semestre de 2023, após três anos com característica de “La Niña”, o efeito do “El Niño” começa a ganhar força e merece atenção.
Segundo Maxwell Soares, especialista agronômico da Netafim, o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico tropical, resultando em um aumento significativo da temperatura da superfície do mar.
“Esse fenômeno provoca alterações nos padrões de circulação atmosférica e pode ter impactos na agricultura”, indica Soares.
Durante o El Niño, o especialista da Netafim explica que áreas que normalmente são úmidas podem enfrentar secas, enquanto regiões geralmente secas podem ter chuvas intensas.
“No Brasil, o El Niño geralmente está associado a um aumento na quantidade de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, especialmente durante o verão. Já nas regiões Norte e Nordeste, pode resultar em uma redução das chuvas”.
Sistemas de irrigação: essenciais para monitorar a produtividade
Com a expectativa de elevação dos efeitos climáticos do El Niño, Maxwell Soares ressalta que agricultores devem se preocupar tanto com os períodos de seca quanto o encharcamento do solo que, naturalmente, afetam a produtividade.
Segundo o especialista agronômico da Netafim os períodos de seca influenciam diretamente na oferta de água e consequentemente no desenvolvimento da planta. “A água é um elemento-chave para a lavoura”.
Mas o excesso de água pelas chuvas intensas também causa danos, pois há o encharcamento do solo, podendo ocorrer a morte das raízes se não houver drenagem eficiente no solo.
Diante disso, Soares sugere a adoção de um sistema de irrigação, que se apresenta como uma ferramenta imprescindível.
“Essa solução fornece água, nutrientes e produtos de proteção de cultivos que, por meio de equipamentos de monitoramento da umidade do solo, pode-se fornecer a quantidade de água na medida certa e de acordo com a fase de cultivo”, recomenda.
Assim, por meio de um sistema de irrigação, o produtor consegue obter diversas informações quanto ao seu manejo de irrigação e de fertirrigação. Para isso, há o uso de:
Tensiômetros – Utilizada para verificar a tensão do solo, ou seja, o nível de água que este solo apresenta, demonstrando quando irrigar ou não, a depender da fase de desenvolvimento do cultivo.
Extratores de solução do solo, pHmetro e condutivímetros – Ferramentas que auxiliam os agricultores a conhecer os níveis nutricionais, de sais (através do condutivímetro) e o pH (através do pHmetro) da solução que está disponível no solo para a planta absorver.
Irrigação localizada como estratégia para mitigar os efeitos do El Niño
Como já citado, o El Niño é um fenômeno climático que o agricultor tem que se preocupar constantemente. Para isso, ele deve adotar estratégias para mitigar tais efeitos.
Para Maxwell Soares, a irrigação localizada é uma ferramenta fundamental para os agricultores neste sentido, independentemente de estarem enfrentando períodos de seca ou chuvas intensas.
“A lavoura precisa de água e nutrientes para se desenvolver adequadamente, e este método desempenha um papel crucial nesse aspecto”, garante.
Além de fornecer água, a irrigação também possibilita a aplicação de fertilizantes e produtos de proteção de cultivo de forma eficiente e localizada no sistema radicular da planta.
“Durante períodos de seca, a irrigação localizada permite que os agricultores forneçam água diretamente às raízes das plantas, garantindo que a cultura tenha acesso à quantidade necessária de água para seu crescimento saudável”, garante o especialista agronômico da Netafim.
Ele explica que mesmo em períodos chuvosos, a irrigação localizada desempenha um papel tão importante quanto.
“Dentro deste contexto, a irrigação localizada fornece nutrientes na quantidade e no momento que a planta necessita, evitando desperdícios e economizando mão de obra”.
Assim, a utilização de ferramentas tecnológicas aliadas ao sistema de irrigação por gotejamento traz resultados diretos no desenvolvimento do cultivo mesmo em condições de El Niño ou La Niña.
Através do sistema de irrigação, o agricultor consegue utilizar dados de estação meteorológica e de sensores de umidade do solo.
“Informações como evapotranspiração e umidade do solo em tempo real proporcionam ao agricultor ser efetivo no uso dos insumos como água, fertilizantes e energia de acordo com a necessidade que o solo e a planta estão pedindo. Isso garante mais economia e sustentabilidade para o agricultor”, complementa Soares.
Garantem ainda a capacidade de o agricultor produzir sem depender das chuvas, verticalizando a sua produção.