Diante dos atuais desafios climáticos, a transição da matriz energética é quase que uma necessidade. Neste contexto, o etanol de milho se apresenta como uma das melhores rotas tecnológicas para a construção da nova era da mobilidade sustentável.
Com uma produção anual de 30 bilhões de litros, o Brasil tem a expectativa de elevar sua produção para 50 bilhões de litros anuais de etanol até o final desta década. Para alcançar esse patamar, o etanol de milho vem tendo uma participação relevante.
Há cerca de 5 anos atrás, a participação do etanol de milho na produção de biocombustíveis era zero. Hoje, essa participação é de quase um quinto de toda a produção de biocombustíveis nesta temporada.
Produção majoritariamente da cana, mas com crescimento da participação do milho
No Brasil, os biocombustíveis estão no centro do debate sobre mudanças climáticas. Eles são apontados como alternativas sustentáveis à matriz energética dos combustíveis fósseis, altamente poluentes.
De forma majoritária, a produção do etanol no Brasil é oriunda da cana-de-açúcar. Porém, diante da proibição do plantio de cana na Amazônia, o agronegócio volta suas atenções para o etanol à base de milho.
Para a safra 2023/24 são estimados seis bilhões de litros de etanol de milho produzidos, o que representa 19% de todo o etanol consumido no Brasil, segundo dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
Para se ter uma ideia, a produção do etanol à base de milho nos últimos cinco anos aumentou em 800% no país, passando de cerca de 520 milhões de litros, na safra 2017/18, para 6,09 bilhões na safra 2022/23, de acordo com dados da UNEM.
Além disso, com o aumento da produção de milho de segunda safra em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, várias novas usinas estão sendo abertas ou estão em construção no Cerrado.
Parte da expansão dos biocombustíveis no Brasil vem do milho
Como você acompanhou anteriormente, o milho vem rapidamente ganhando espaço na produção de etanol no Brasil. Hoje, estamos atrás apenas dos EUA entre os produtores globais de biocombustíveis.
Hoje, a participação do etanol de milho é de quase 1/5 de toda a produção nacional. Dados da consultoria Datagro destacam que até 2033, essa participação pode chegar a um terço do suprimento total.
Por outro lado, as usinas-de-cana-de-açúcar estão vendo suas margens sendo reduzidas na produção de etanol.
Para termos uma ideia, o custo de produção de etanol de milho foi 16% mais baixo em comparação com a produção deste biocombustível a partir da cana-de-açúcar nos últimos dois anos.
O aumento na produção do milho no Brasil está permitindo maiores lucros com o etanol, já que as vendas de subprodutos como ração animal cobrem, em grande parte, o custo de produção do grão.
Estes são dados que comprovam que a expansão dos biocombustíveis no Brasil tende a vir predominantemente da expansão da produção do milho.
Etanol de milho auxilia a sustentabilidade ambiental
No Brasil, além de estar se tornando economicamente viável, a produção do etanol de milho se diferencia da cana-de-açúcar pela utilização do milho de segunda safra.
O grão é cultivado após a produção, principalmente, de soja, ou seja, não há qualquer tipo de competição entre biocombustíveis e alimentos e, sim, um processo de soma.
Neste contexto, vale destacar que o Brasil é o terceiro maior produtor de milho no mundo, com mais de 150 milhões de toneladas. Mato Grosso, principal estado produtor de etanol de milho, é responsável por mais de 50 milhões de toneladas desse volume.
Contudo, menos de 10% é destinada à fabricação do biocombustível, aumentando a segurança alimentar e contribuindo com a sustentabilidade.
Alguns são os obstáculos enfrentados pelo etanol de milho
De fato, o etanol de milho terá grande relevância para atender a demanda nacional por esse tipo de combustível. No entanto, a produção de etanol a partir deste grão também enfrenta alguns obstáculos importantes.
As usinas que utilizam este grão dependem principalmente da biomassa de retalhos de madeira como fonte de energia. Porém, os suprimentos de madeira estão diminuindo no Brasil, principalmente devido ao crescimento da produção de celulose e papel.
Isso pode significar um menor incentivo para expandir o suprimento de etanol de milho além do que está planejado. Mas é consenso entre especialistas que o etanol de milho terá mais alguns anos de expansão.
Ou seja, a expectativa de o etanol de milho conquistar uma maior parcela do mercado de etanol, aumentando a segurança energética e ajudando o Brasil a atingir suas metas.