Bernardo de Souza Madeira – Especialista em Blockchain da Interchains
As operações de Barter (“escambo”, em tradução livre do inglês), são uma ferramenta extremamente útil no agronegócio, tanto para quem está vendendo insumos, como para os produtores. Estes serviços são oferecidos no Brasil tanto por cooperativas assim como grandes companhias, como Bayer, Cargill, Monsanto, Bunge, etc. Em 2016, por exemplo, as operações de barter movimentaram mais de 600 milhões de reais no Brasil.
O agricultor pode comprar os insumos para a sua safra sem tirar dinheiro do bolso, trocando por grãos ou matéria prima. Esta operação garante que ele não estará exposto às taxas de juros bancárias. Já a troca é realizada sem intervenção do banco, esta operação é realizada mediante o produtor, o fornecedor de insumo e a trader.
O problema reside em não haver uma rede eficiente, tanto de oferta como de demanda. Tratando-se de uma operação de bolsa, mas envolvendo matéria prima, a falta de um sistema eficiente de oferta, demanda, e principalmente controle de preços, gera dúvidas para garantir a privacidade e garantir a estabilidade e rastreabilidade das operações.
Os sistemas tradicionais e não-compartilhados criam ilhas com suas próprias regras e atores e, uma vez que uma transação entra neste mundo fechado, ficamos à mercê da confiabilidade e vontades da entidade responsável pela transação. A problemática de segurança e falta de colaboração acabam gerando oportunidades para ataques nos sistemas tradicionais: obstruções, falsificações em produtos commodities e falta de eficiência ou controle nos processos corporativos assombram estas operações.
Um sistema de Barter em Blockchain consegue atender a todas estas demandas já que oferece um ledger compartilhado, privacidade mediante criptografia, estabilidade e transparência transacional mediante consenso e execução de regras de negócio executada pelos smart contracts.
Dentro destes benefícios, operações de barter em Blockchain irão reduzir as despesas cartoriais necessárias para que o produtor possa operar. Graças a automação que os smart contracts oferecem, o sistema de barter conseguirá automatizar cálculos e processos de “hedge” mediante serviços de oráculos de preços futuros da matéria prima, proveniente da Bolsa de Chicago, assim como a execução de pagamentos aos fornecedores de insumos.