Discussões sobre o desenvolvimento sustentável internacional foram afloradas em reuniões com líderes mundiais. Já no Brasil, com todo seu potencial agropecuário, parte das discussões estão voltadas à agricultura de conservação e sua importância para o meio ambiente.
A agricultura de conservação, ou simplesmente agricultura conservacionista, reúne um complexo de tecnologias que apresentam caráter sistêmico para preservar e restaurar ou recuperar os recursos naturais por meio do manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade compatibilizados com o uso de insumos externos.
Essas tecnologias representam um caminho viável e necessário para que o produtor rural garanta a eficiência e a rentabilidade da produção, mas que, ao mesmo tempo, consiga preservar o meio ambiente.
Agricultura de conservação: preserva recursos naturais, biodiversidade e o solo
Com a elevação da busca pela sustentabilidade, é mais comum agricultores adotarem a agricultura de conservação. Essa forma de fazer a agricultura ter por objetivo conservar os recursos naturais, a biodiversidade e o trabalho.
Mas, mesmo sendo bastante adotado recentemente, o termo “Agricultura de Conservação” não é o mais adequado, conforme explica Marcos Aurélio Carolino de Sá, pesquisador da Embrapa Cerrados.
“Na minha opinião o termo “Agricultura Conservacionista” é o mais adequado. Esse é inclusive um conceito definido pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura)”; “A agricultura conservacionista é um sistema de agricultura que promove a manutenção de uma cobertura permanente do solo, o mínimo de perturbação do solo ou plantio direto e a diversificação de espécies de plantas”.
A FAO ainda diz: “Aumenta a biodiversidade e os processos biológicos naturais acima e abaixo da superfície do solo, o que contribui para o aumento da eficiência do uso de água e nutrientes e para a melhoria e sustentação da produção agrícola”.
Princípios da agricultura de conservação
Independente do sistema de produção e da região, a agricultura conservacionista segue três preceitos fundamentais que inclusive estão contemplados na própria definição do conceito.
Os preceitos da agricultura conservacionista são:
Manutenção de uma cobertura permanente do solo. Essa cobertura pode ser entendida como cobertura morta (palhada) ou mesmo cobertura viva, mantendo o solo coberto com as culturas ou mesmo plantas de cobertura, como adubos verdes. “A cobertura viva mantém o solo permeado por raízes, que melhoram sua estrutura e infiltração de água”, explica Sá;
Mínimo revolvimento do solo. Esse preceito inclui a substituição do preparo de solo em área total, como arações e gradagens, por cultivo mínimo ou preparo mínimo, preparo localizado de solo ou mesmo adoção do sistema plantio direto.
Este último deve ser adaptado em função do sistema de produção adotado pelo produtor (se culturas anuais, perenes, cana-de-açúcar, agroflorestais ou sistemas integrados, por exemplo);
Diversificação de espécies de plantas. Esse preceito pode ser entendido como rotação ou consorciação de culturas em sistemas de cultivo anual, ou mesmo sistemas agroflorestais.
Vantagens da adoção da agricultura conservacionista
Quando aplicada da melhor forma possível, a agricultura de conservação funciona como uma excelente ferramenta na busca pela sustentabilidade. Mas, grosso modo, o pesquisador da Embrapa Cerrados diz que para adotar de forma assertiva uma agricultura conservacionista cabe ao produtor adotar boas práticas agronômicas.
“Precisamos aplicar na prática e de forma correta tecnologias já estão disponíveis, ou como costumamos dizer, adotar a Tecnologia do Capricho ou do Esmero”, diz. Entre essas tecnologias, Sá cita como as mais importantes:
– Adotar práticas conservacionistas e manejar o solo de forma a mantê-lo produtivo, conservando sua fertilidade com o manejo correto da adubação, sua estrutura física e atividade biológica com o manejo adequado do maquinário e de restos culturais;
– Diversificar os sistemas agrícolas, substituindo a monocultura pela rotação de culturas. “Os benefícios da diversificação são a melhoria no controle de pragas, melhoria do solo e diversificação da renda”, explica Sá;
– Utilizar o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. “Essa medida possibilita um uso mais racional de pesticidas, que resultam em ganhos econômicos e ambientais ao produtor”, indica o pesquisador.
– Adotar o manejo correto da irrigação quando utilizada, para racionalização do uso da água.
Não há leis sobre medidas conservacionistas, mas a conscientização deve prevalecer!
Ainda não há legislações estaduais que regulamentam o uso e conservação do solo em alguns estados, bem como projetos de lei a respeito. Entretanto, para Sá, mais importante do que a lei, é a conscientização e o que se obtém através da informação e do conhecimento.
“No meu entender, um agricultor pode até adotar e conduzir uma agricultura conservacionista por força de lei. Entretanto, se essa lei for um dia modificada ou deixar de existir, ocorrem grandes chances deste agricultor abandonar a prática”.
Por outro lado, quando um agricultor adota um sistema de agricultura conservacionista de forma consciente, ele adota sabendo que aquilo é importante para a continuidade e longevidade do seu negócio, ou seja, ele é sustentável.
O pesquisador da Embrapa Cerrados explica que o produtor adota também a agricultura de conservação porque terá a certeza de que deixará um legado sustentável para seus descendentes.
“Precisamos cuidar bem do solo, pois ele não pertence à nossa geração. Ele pertence às gerações futuras. É uma questão de sobrevivência”, finaliza.
Já pensou em adotar o sistema de agroflorestas na sua fazenda?
Confira todos os passos no material grátis e exclusivo que produzimos para você clicando abaixo em “Baixar”!