No Brasil, 90% das empresas têm perfil familiar, gerando 75% dos empregos e contribuindo com mais da metade do PIB, segundo dados do IBGE. Apesar de sua relevância, apenas 30% dessas empresas chegam à terceira geração, e menos da metade sobrevive à troca de comando, de acordo com o Banco Mundial. Esse cenário evidencia a importância do planejamento sucessório, um tema frequentemente negligenciado, mas essencial para a continuidade tanto de pequenas quanto de grandes corporações.
A psicóloga Sarah Figueiredo, especialista em carreiras e negócios, destaca que a sucessão é um divisor de águas entre a longevidade e o colapso de uma empresa. “A sucessão é o processo mais delicado e, ao mesmo tempo, mais negligenciado. A maioria adia o assunto e o silêncio custa caro. Sem preparo, vira disputa; sem clareza, vira peso; sem método, o legado se perde”, afirma.
Muitos empresários associam o tema à aposentadoria ou à perda de controle, mas a especialista ressalta que a gestão de continuidade é, na verdade, um exercício de governança.
“Não se trata de idade, e sim de estrutura. É sobre garantir que o negócio tenha seguimento com critérios, diálogo e método e não apenas com afeto e boa vontade”, explica.
Empresas que estruturam a sucessão com antecedência têm 23% mais chances de crescer após a troca de liderança, enquanto aquelas que deixam o processo acontecer de forma intuitiva enfrentam queda de produtividade, perda de talentos e conflitos internos.
O desafio é grande para o agronegócio
No agronegócio, setor que representa aproximadamente 23% do PIB nacional, a sucessão familiar é um dos maiores desafios para a continuidade e sustentabilidade das propriedades rurais.
Esse tema foi abordado durante a Agrishow 2025, realizado em Ribeirão Preto (SP), no espaço “Agrishow para Elas”, com a participação de especialistas como Fabiana Tomé e Haroldo Ferreira, do Banco do Brasil.
Haroldo Ferreira enfatizou que a sucessão rural deve ser encarada como um processo contínuo, e não como um evento isolado.
“As pessoas têm que compreender que a sucessão é um processo. Ele não é um evento único. Quando falece o patriarca ou o líder da fazenda, ele é um processo que começa com planejamento muito antes desse evento”, explicou.
Segundo ele, a preparação deve começar desde cedo, com a transmissão de valores e a definição de tarefas de gestão para os herdeiros, permitindo que aprendam e se desenvolvam ao longo do tempo.
Planejamento e treinamento na sucessão rural
Um dos erros mais comuns no agronegócio é a inversão de prioridades no processo sucessório. Muitas famílias focam primeiro na transferência patrimonial, deixando de lado aspectos fundamentais como o treinamento dos herdeiros e a definição de regras claras.
“O problema é que às vezes as pessoas querem fazer primeiro a transferência, discutir a herança, sem os primeiros passos, que é justamente o treinamento desse herdeiro e as definições das regras claras da família, de como ela vai lidar com dinheiro e com a atividade da produção rural”, destacou Haroldo.

Fabiana Tomé reforçou a importância do planejamento antecipado para evitar conflitos. “O que eu percebo é que eles deixam para a última hora. E aí, na hora que existe a necessidade de fazer a sucessão, ocorrem muitos conflitos”, relatou. Ela também destacou a existência de instrumentos financeiros e jurídicos que podem ajudar a antecipar essas questões, garantindo a continuidade dos negócios de forma natural e preservando a harmonia familiar.
Planejamento é a chave para a continuidade dos negócios
A sucessão familiar, tanto no contexto geral das empresas brasileiras quanto no agronegócio, é um tema que exige atenção estratégica e planejamento antecipado. Sem uma abordagem estruturada, os negócios enfrentam riscos significativos, como perda de produtividade, conflitos internos e até mesmo o colapso.
Por outro lado, empresas que investem em governança, treinamento e diálogo têm maiores chances de prosperar e garantir a continuidade de seu legado. No agronegócio, o planejamento sucessório torna-se cada vez mais crucial para manter a competitividade e sustentabilidade das propriedades rurais.
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