O cultivo de peras vem ganhando espaço no Brasil como uma alternativa saborosa, nutritiva e promissora. Com alto valor nutricional e crescente potencial de mercado, a fruta ganha a atenção de produtores.
Com ótimo valor nutricional, ela tem grande versatilidade na culinária, consumida in natura, em sucos, pratos gourmet, doces e sobremesas. No mercado, ela se destaca como uma opção saudável e refinada para consumidores exigentes.
No entanto, o cultivo de peras ainda é tímido no Brasil: cerca de 95 % da oferta é comprada do exterior, e a produção nacional responde por apenas 10–15 % do consumo interno, que ultrapassa 150 mil t/ano, segundo a Embrapa.
Regiões tradicionais no Sul e Sudeste (RS, SC, PR e SP) concentram o maior plantio, com produção anual modesta de ~18 mil t.
Em contrapartida, a fruticultura irrigada no semiárido (Vale do São Francisco) mostra-se promissora, com experimentos de alta produtividade, com até mais de 60 t/ha, dobrando a safra, conforme pesquisas da Embrapa.
Convidamos você a ler este artigo para descobrir os segredos do cultivo de peras e entender como este ramo da fruticultura é uma oportunidade lucrativa e inovadora.
Pera e suas variedades
A pera é fruto da Pyrus, pertencente à família Rosaceae, mesma da macieira.
Suas variedades se diferenciam pela forma, tamanho, cor, consistência, sabor, aroma e casca. No Brasil, são cultivadas três categorias principais:
- Europeia (Pyrus communis): textura macia e amanteigada, exigente em frio, ideal para regiões mais frias do Sul. Representadas pela pera Willians e Portuguesa;
- Asiática (Pyrus pyrifolia): estrutura firme e crocante, menos exigente em frio, boa adaptação a climas variados. Conhecida também como pera chinesa, pera nashi, maçã-pera ou pera japonesa.
- Híbridas: cruzamentos entre europeias e asiáticas, produtividade equilibrada e boa resistência, ideais para diferentes regiões do país, sendo a mais plantada no Brasil.
O mercado brasileiro consome mais de 150 mil toneladas de peras por ano, com uma demanda crescente por frutas frescas e saudáveis. Isso abre portas para expandir a produção nacional e reduzir a dependência de importações.
Produção: comece com o planejamento e preparo do solo
A escolha da área é um dos pontos cruciais para o sucesso no cultivo de peras, sendo importante considerar uma série de fatores, com destaque para o clima de cultivo.
As peras europeias, por exemplo, exigem de 700 a 1.500 horas de frio anual, enquanto as híbridas e asiáticas se desenvolvem bem com menos frio.
A qualidade do solo também deve ser ponderada. Regiões com solo profundo, bem drenado e levemente inclinado são ideais, ao favorecer o desenvolvimento radicular e a drenagem da água.
O preparo do solo começa com a análise química, fundamental para identificar o pH e os nutrientes disponíveis. Quando necessário, realiza-se a correção do pH com calcário, buscando atingir níveis entre 6,0 e 6,5.
Em seguida, aplica-se a adubação de base, com fertilizantes orgânicos e minerais, conforme as exigências da cultura. Por fim, o solo deve ser arado e gradeado, garantindo uma estrutura física adequada para o enraizamento das mudas.
A disponibilidade de água também deve ser levada em conta, especialmente em áreas mais secas, onde a irrigação será essencial para boas produções.
Plantio e tratos culturais também são essenciais
O sucesso da atividade depende da escolha da época ideal para o plantio, que varia segundo a região.
No Sul e Sudeste, recomenda-se iniciar o plantio no final do inverno ou início da primavera, aproveitando a umidade do solo e temperaturas amenas. Em regiões irrigadas do semiárido, o plantio pode ser feito em períodos de menor estresse térmico.
O espaçamento também varia conforme a variedade e o sistema produtivo. O mais comum são:
- 5–6 metros entre linhas;
- 4–5 metros entre plantas.
É importante realizar o tutoramento das mudas nos primeiros anos, garantindo que cresçam com sustentação adequada.
A irrigação, por sua vez, deve ser planejada para manter o solo com umidade constante, sem encharcamento. Sistemas de gotejamento ou microaspersão são recomendados.
A adubação complementar é feita ao longo do ciclo, com foco na reposição de nutrientes e estímulo ao crescimento vegetativo e reprodutivo.
As podas também fazem parte dos tratos culturais e são essenciais. Neste caso, tem-se:
- Poda de formação: define a estrutura da planta;
- Poda de produção: mantém o equilíbrio entre crescimento e frutificação, além de favorecer a entrada de luz e a circulação de ar.
Manejo de pragas e doenças merecem atenção!
As principais pragas que atacam as pereiras são:
- Mosca-das-frutas;
- Pulgões;
- Broca-do-tronco.
O controle deve ser feito com monitoramento contínuo, armadilhas, produtos biológicos e, se necessário, defensivos agrícolas seletivos, sempre sob consulta de um agrônomo.
Entre as doenças mais comuns temos:
- Sarna;
- Fogo bacteriano;
- Podridão parda.
A prevenção é sempre o melhor caminho, com práticas comuns de:
- Podas sanitárias;
- Uso de mudas sadias;
- Manejo adequado da umidade.
Também recomenda-se adotar o manejo integrado de pragas e doenças, combinando estratégias biológicas, culturais e químicas para reduzir os impactos no meio ambiente e garantir frutos de alta qualidade.
Colheita e pós-colheita garantem bons frutos
Para melhores resultados, as peras devem ser colhidas no ponto certo de maturação, que varia conforme a variedade.
Em geral, são colhidas ainda firmes para poderem amadurecer durante o armazenamento. A observação da coloração, firmeza e tamanho ajuda na identificação do momento ideal.
A colheita deve ser feita com cuidado, utilizando tesouras de poda e evitando quedas que danifiquem o fruto.
Após a colheita, os frutos são classificados por tamanho e aparência, embalados para evitar danos e armazenados em locais refrigerados (0–1 °C) para prolongar a vida útil.
O transporte também exige atenção: as embalagens devem ser resistentes e o ambiente deve manter temperatura e umidade adequadas para garantir a qualidade até o consumidor final.
Desafios e oportunidades para fruticultores
Mesmo o Brasil sendo um país com experiência agrícola, há ainda alguns desafios que merecem atenção no cultivo de peras, como:
- Baixa produção nacional;
- Concorrência com produtos importados;
- Controle de pragas e doenças;
- Necessidade de investimentos em tecnologia, irrigação e manejo pós-colheita.
Por outro lado, há grandes oportunidades, especialmente diante da crescente demanda por frutas frescas e saudáveis.
O consumidor valoriza produtos nacionais e de qualidade. O semiárido brasileiro tem se mostrado altamente produtivo, e o mercado interno está pronto para absorver a expansão da produção local.
Isto é, a fruticultura brasileira, especialmente a produção de peras, tem espaço para crescer, inovar e gerar renda com sustentabilidade. Basta adquirir conhecimento e se profissionalizar.
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