O mercado de arroz brasileiro vive um momento desafiador, marcado por uma combinação de fatores que pressionam os preços e afetam diretamente a rentabilidade dos produtores. A safra 2024/25 registrou produção recorde de 12,7 milhões de toneladas, um crescimento de 21% em relação ao ciclo anterior, impulsionado pela expansão da área cultivada e pelo aumento da produtividade. No entanto, a demanda interna não acompanhou esse avanço, resultando em estoques elevados, estimados em mais de 2 milhões de toneladas, quatro vezes acima do registrado na safra anterior.

Preços em queda e medidas emergenciais

Os preços do arroz acumularam queda de mais de 50% em um ano, atingindo os menores níveis dos últimos cinco anos. Em resposta, a Conab anunciou um pacote emergencial de R$ 300 milhões para apoiar o setor, com o objetivo de escoar até 630 mil toneladas por meio dos mecanismos PEP, Pepro e AGF. Essas medidas visam retirar parte do excedente do mercado e garantir mais liquidez ao setor.

Exportações e competitividade internacional

Apesar do crescimento de 9,6% nas exportações entre janeiro e setembro de 2025, os embarques ainda estão abaixo dos volumes de 2022 e 2023. A valorização do real frente ao dólar e a forte concorrência internacional, especialmente dos Estados Unidos e da Índia, têm limitado a competitividade do arroz brasileiro. A Conab projeta 2,1 milhões de toneladas exportadas para a safra 2025/26, mas o desempenho dependerá do cenário global.

Perspectivas para 2025/26

A baixa rentabilidade e os estoques elevados devem levar a uma redução de 5,7% na área plantada e de 10% na produção, com estimativa de 11,5 milhões de toneladas para a próxima safra. Além disso, os produtores tendem a reduzir o uso de tecnologia para conter custos. Mesmo com essa retração, os estoques finais devem permanecer altos, em torno de 1,8 milhão de toneladas, mantendo o desequilíbrio entre oferta e demanda.

Cenário global

No mercado internacional, a produção mundial de arroz deve atingir 541 milhões de toneladas em 2025/26, segundo o USDA, com destaque para a Índia, que retoma suas exportações e intensifica a pressão sobre os preços globais. As exportações mundiais devem crescer 2%, totalizando 62,1 milhões de toneladas.

Fonte: Radar Agro – Arroz em queda: oferta em excesso, baixa competitividade internacional e perspectivas para a safra 2025/26, Consultoria Agro Itaú BBA, outubro de 2025.