A compactação e as decisões erradas no trato com o solo podem torná-lo frágil e trazer prejuízos diversos. Para quem não está familiarizado com o tema, pode entender a compactação como um efeito de atitudes ambientais tecnicamente inadequadas, caracterizadas como preparo intensivo de solo, monoculturas, pouca atenção às características do solo, ausência ou uso insuficiente de práticas conservacionistas de solo e água. Embora não existam dados científicos precisos sobre a real quantidade de solos compactados no Brasil, isso é um problema real sentido por produtores rurais de diferentes portes no País.
Pesquisador de Manejo e Conservação de Solo e Água da Embrapa Solos (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Luís Carlos Hernani descreve o problema. “Solos frágeis são aqueles cujas características intrínsecas e/ou posição na paisagem lhes conferem baixa resiliência e elevada suscetibilidade à degradação física, química e biológica quando submetidos à ação antrópica, sobretudo agrícola e pecuária.” No entanto, esse conceito ainda é discutível, pois o manejo agrícola inadequado induz o surgimento de diferentes situações de fragilidade, mesmo em solos originalmente férteis e de elevada resiliência.
Soluções para o adequado tratamento agrícola não só dos frágeis, mas de qualquer tipo de solo, passam pela adoção criteriosa e contínua de boas práticas agrícolas de conservação e manejo, desenvolvidas pela pesquisa de diversas instituições científicas nacionais e internacionais ligadas à agricultura, entre elas a Embrapa. “Há um conjunto bastante extenso de boas práticas agrícolas”, sugere o pesquisador. Entre elas, uma das mais importantes é a adoção de arranjos agrícolas produtivos que induzam o incremento, a renovação e a melhoria da qualidade da matéria orgânica do solo.
Para fazer isso, Hernani sugere a adoção do Sistema Plantio Direto, que se caracteriza pelo uso, ao longo de todo o tempo, de sistemas agrícolas produtivos integrados. O objetivo é maximizar a biodiversidade, a transformação da energia solar em energia química pela fotossíntese, a formação de raízes de características diversificadas e ativas e a contínua cobertura do solo com resíduos vegetais. “Desta forma, pode-se conciliar rentabilidade e qualidade ambiental. Ressalta-se que no Sistema Plantio Direto não se admite nunca qualquer tipo de preparo do solo, pois este induz a desagregação, que é a primeira fase do processo de compactação e da perda de matéria orgânica, pela ação da radiação solar, do vento e, principalmente, pela ação da chuva.”