A sucessão familiar é essencial para manter o trabalho de uma família, através de suas várias gerações, vivo e fortalecido dentro do agro. Esse é um processo que pode começar ainda em vida, quando os filhos assumem o lugar dos pais na administração dos negócios e continuam levando o legado para o mundo.
Mas, o que isso tem a ver com a comunicação? Comecei a coluna desta semana trazendo esse assunto porque, assim como é importante levarmos nossos negócios para frente, também precisamos saber contar nossa história. E quem é do agro também precisa entender e dominar isso e falar para quem é do campo, assim como da cidade.
Com tanto trabalho no dia a dia, muito se é construído ao longo dos anos, em relações que passam dos pais para os filhos, netos e até bisnetos, que carregam a história dos avós como profissão e dentro do coração. Há alguns anos, por exemplo, conheci em uma exposição de bois um jovem que teve no avô seu maior exemplo de vida, crescendo junto com ele em meio ao gado na fazenda. Com a morte do avô, sua mãe assumiu a propriedade e seguiu com o trabalho enquanto o filho deixou a cidade para fazer faculdade em outro município. Anos depois, mesmo formado em outra área, ele retornou ao campo para dar continuidade ao trabalho com a raça específica de bois criada pela família. Hoje, ele compartilha diariamente sua trajetória nas redes sociais e se orgulha do melhoramento genético que tem feito com os animais, sempre pautado nos valores e no que o avô dele gostaria de ver como avanço para a pecuária.
Além dos produtores, grandes empresas também têm investido nisso. Marcas de diferentes segmentos do agronegócio, como fabricantes de implementos, equipamentos para defensivos agrícolas e fábricas de sementes, por exemplo, tem contado suas histórias e ganhado cada vez mais visibilidade no mercado.
No marketing, ter o que chamamos de storytelling é fundamental para nos conectarmos ao público-alvo e fazer com que elas se conectem aos nossos produtos, mas também aos propósitos que nossa marca carrega. Sempre digo que “pessoas se conectam com pessoas” e no agro – principalmente no agro, de histórias tão afetivas, familiares, de luta e muito trabalho – não é diferente.
Com importantes espaços se abrindo para os produtores, desperdiçar a chance de contar sua história é como querer colher um bom fruto sem ter plantado em terra fértil. Precisamos valorizar nossas raízes e contar para o mundo as histórias que tanto nos orgulhamos e nos fizeram chegar até aqui.
Monaliza Pelicioni é jornalista do agro, palestrante, empresária e sócia-diretora da Agência Pelicioni. Embaixadora da Agrishow, também é apresentadora do quadro Agro.Com no programa Tempo e Dinheiro e do podcast Notícias Agrícolas.
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