Eucalipto é, normalmente, a espécie mais utilizada no sistema iLPF, apesar de ainda gerar dúvidas nos produtores rurais conforme abordamos anteriormente. Contudo, outras mudas também podem fazer parte da integração Lavoura-Pecuária-Floresta e diversificar ainda mais as possibilidades de renda dentro da mesma área produtiva. Para começar a pensar nessa alternativa, acompanhe as respostas do engenheiro florestal e professor adjunto da PUC-PR, Pablo Georgio de Souza, sobre o assunto.

1 – Além do eucalipto, quais mudas podem ser plantadas no sistema iLPF?

Espécies nativas são, normalmente, utilizadas em integrações na região norte do Brasil. No sul, há possibilidade técnica de integração com espécies como araucária, erva mate e pastagens ou cultivos agrícolas. Em algumas situações existe a chance de integrar com cultivos de pupunha e outras palmeiras, mas não há resultados publicados sobre a eficácia dessas integrações, apenas testes em fase de instalação.

2 – Existem particularidades no desenvolvimento dessas espécies?

Todas as espécies nativas, salvo algumas exceções como o paricá, cultivado no estado do Pará, possuem crescimento inicial lento. Isso dificulta a integração com a pecuária nos primeiros anos devido a circulação e alguns hábitos dos animais que podem quebrar as árvores, assim como a demanda de cuidados específicos na integração com a atividade agrícola, pois as técnicas de manejo demandadas para estabelecer controle sanitário das culturas agrícolas podem comprometer o desenvolvimento das espécies florestais, principalmente a utilização de alguns herbicidas.

No sul, há possibilidade técnica de integração com espécies como araucária, erva mate e pastagens ou cultivos agrícolas

3 – Alguma muda traz mais benefícios para o iLPF?

Todas as integrações de sistemas produtivos podem trazer benefícios se forem corretamente conduzidas, bem planejadas e implantadas com as espécies corretas, respeitando-se as particularidades de cada uma. A integração lavoura-pecuária- floresta não promove otimização e superprodução de todas as culturas integradas, mas, sim, a otimização da produção e da rentabilidade de cada unidade de área produtiva, ou seja, ela diversifica as possibilidades de renda, e estratifica a produção. A utilização de espécies florestais como araucária, erva mate e palmáceas pode proporcionar a produção de alimentos e madeira. A madeira no longo prazo e a produção de alimentos no médio e longo prazo, pois a erva mate, os frutos, os pinhões e o palmito também podem ser cultivados e agregar valor considerável.

4 – Como decidir a escolha da muda que será usada?

A primeira resposta é sempre procurar profissionais capacitados para buscar informações, sugiro um engenheiro florestal e um agrônomo. É importante respeitar as características de cada espécie, o momento em que ela deverá ser implantada, a forma como cada processo deve ocorrer, quais técnicas e procedimentos deverão ser adotados, pois muitas espécies florestais demandam cuidados específicos. Mudas de boa qualidade podem ser obtidas em viveiros registrados junto ao Ministério da Agricultura, todos os estabelecimentos registrados possuem um número de RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas) e, dependo da espécie que se deseja plantar as mudas, podem ser adquiridas com diferentes tamanhos e características.