Luís Carlos Hernani, Alba Leonor Martins – Pesquisadores da Embrapa Solos

Praticada de acordo com os preceitos da Ciência da Conservação do Solo, a agricultura de conservação consiste em um complexo de tecnologias de caráter sistêmico, a fim de preservar, manter e/ou recuperar os recursos naturais, mediante o manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade, devidamente compatibilizado com o uso de insumos externos. E a implementação desse tipo de agricultura estabelece as relações entre o ser humano e os elementos da biosfera, na busca de benefícios de natureza econômica, social e ambiental, tanto para a atual como para as gerações futuras.

A agricultura de conservação compreende:

  1. Preservação de Ecossistemas Frágeis (Aptidão Agrícola de Terras);
  2. Consideração às Limitações do Solo (Capacidade de Uso do Solo);
  3. Preparo Reduzido ou Plantio Direto;
  4. Preservação dos Restos Culturais (Erradicação de Queimadas);
  5. Diversificação de Culturas (Rotação e Consorciação de Culturas);
  6. Controle de tráfego e Uso Eficiente de Insumos (Agricultura de Precisão)
  7. Terraceamento, Semeadura em Contorno, Culturas em Faixas, Canais Escoadouros, Estradas Rurais etc..

Agricultura de conservação traz diversos benefícios para o solo e a produção

Um dos importantes preceitos da Agricultura Conservacionista é a diversificação de culturas (rotação e consorciação de espécies vegetais), pois se refere à contribuição do solo no ciclo biogeoquímico do carbono (C).  A fotossíntese e a respiração são os processos que governam este ciclo, que se inicia quando as plantas absorvem o gás carbônico (CO2) da atmosfera para na fotossíntese produzir energia bioquímica e liberar o oxigênio (O2). O carbono é devolvido continuamente à atmosfera por meio da respiração durante a vida dos seres. Portanto, o balanço entre o C perdido pelo processo de respiração e o acumulado pela adição de fitomassa/raíz conduzem o solo à função de dreno ou fonte desse elemento.

Além da alteração dos estoques de C no solo, a diversificação de espécies vegetais traz inúmeros benefícios à rizosfera, região do solo que recebe influência direta das raízes em interação com microrganismos, favorecendo a formação de bons agregados, que definem a boa qualidade estrutural do solo. Esta por sua vez, propicia a infiltração, permeabilidade, armazenamento e disponibilidade de água; a permeabilidade e disponibilidade de ar; a difusão e armazenamento do calor; a disponibilidade e absorção de nutrientes; o bom crescimento radicular e a resiliência do solo que mantém suas propriedades sob forças internas/externas.