Uma fazenda com bateria, gerador de gás e painel solar pode ficar energeticamente independente. Energia solar é gerada durante o dia, armazenada em uma bateria para usar de noite e, no caso da falta de energia, o gerador a gás entra para suprir a demanda, permitindo o consumidor ficar fora da rede da distribuidora. O avanço das renováveis no Brasil, que consolidou a fonte eólica e deve fazer com que a solar tenha o mesmo destino, confere para esta última o maior potencial de descentralização. “A tendência é a eólica centralizada e a solar distribuída, por causa das tecnologias e dos recursos energéticos”, disse Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

O custo para instalar esses sistemas em residências de até 700 metros quadrados, por exemplo, podem chegar R$ 60 mil, com a instalação de 66 módulos fotovoltaicos. Entretanto, especialistas afirmam que o investimento é compensado a longo prazo, pois os gastos mensais com energia elétrica podem ser reduzidos de R$ 1.200,00 para R$ R$ 116,00.

Comparados a outros países mais desenvolvidos, o Sistema Elétrico Brasileiro ainda tem muito o que avançar, porém algumas iniciativas já começam a entrar em marcha, como é o caso da geração distribuída, modelo em que o próprio consumidor pode produzir sua própria energia utilizando fontes como solar, biogás, biomassa, eólica, hidrelétrica. Assim, novos desenhos de mercado para fazer mais com menos recursos e de maneira sustentável estão em desenvolvimento. Inclusive no mercado de energia.

As tendências que guiam o futuro do setor de energia mundial envolvem a produção e o consumo de energia renovável, investimentos em digitalização de redes elétricas de média e baixa tensão; automação e gerenciamento do consumo de indústrias, comércios e residências; mobilidade elétrica; além de novas tecnologias de armazenamento e geração de energia descentralizadas. Toda essa transformação energética foi sintetizada em 3Ds: Descarbonização, Digitalização e Descentralização.

Segundo o CEO da ECOEE, Vicente Bocuzzi, atualmente é possível ao consumidor buscar serviços alternativos de energia, da mesma maneira que é feito com plataformas opcionais de transporte. “Novos entrantes já estão desenvolvendo soluções para oferecer nessa área de energia”, explica.

Regulação

“A agência reguladora está entusiasmada com as novas tecnologias, um exemplo disso é a Resolução Normativa 482/12. Enfrentar o tema da geração distribuída é reconhecer que essa é uma tecnologia inexorável para o país. Sabemos que: ou a agência regula, ou ela será atropelada pela tecnologia”, disse o diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Efrain Pereira da Cruz.

E com cada vez mais geração distribuída impulsionando a descentralização, micro e mini geração podem permitir que a energia tenha um fluxo diferente, saindo do tradicional usina-transmissão-distribuição A massificação das baterias também pode acabar sendo uma aliada importante para o grito de independência do consumidor da rede da distribuidora.