O Brasil produziu exatas 841.005 toneladas de peixe em 2021, gerando uma receita de cerca de R$ 8 bilhões, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). E, como já é de se esperar, a tilápia é protagonista na nossa piscicultura.
Dados mais recentes da Peixe BR mostram que, nos seis primeiros meses de 2022, a tilápia seguiu sendo a principal espécie produzida e exportada por esse setor.
Diante da importância da tilapicultura no Brasil, convidamos você a conferir algumas dicas de como criar tilápias, suas vantagens e recomendações para alcançar o sucesso com essa cultura. Veja a seguir!
Tilápia: espécie que atrai consumidores e ganha o mundo todo!
Saborosa e excelente fonte de nutrientes, a tilápia está cada dia mais presente na mesa dos brasileiros e, também, no mercado internacional. Todo esse sucesso mantém o Brasil como o quarto maior produtor de tilápia do mundo, estando atrás apenas da China, Indonésia e Egito.
Representando mais de 60% da produção nacional de peixes, a tilápia se mantém como principal espécie exportada pela piscicultura brasileira.
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações: eles são responsáveis por 76% do faturamento e por 63% da quantidade total exportada.
Qual o estado que mais produz tilápia no Brasil?
O Paraná se consolida como o maior produtor de tilápias do país, seguida por São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da produção de 2021 divulgados pela Peixe BR.
O Paraná também está entre os principais estados exportadores da espécie, disputando a liderança com o Mato Grosso do Sul.
Vantagens da criação de tilápia para os piscicultores
No mundo, são reconhecidas mais de 70 espécies de tilápia, mas quatro delas são as principais no cultivo comercial:
- Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus);
- Tilápia Azul (Oreochromis aureus);
- Tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus); e
- Tilápia de Zanzibar (Oreochromis uroleps hornorum).
Mas, independentemente da espécie, a tilápia é hoje o principal produto da aquicultura brasileira, e alguns pontos comprovam isso.
Segundo Flávia Tavares de Matos, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, o sucesso da criação de tilápias se dá por algumas razões:
- Existência de um pacote tecnológico desenvolvido exclusivamente para esta espécie;
- Facilidade de manejo no cultivo;
- Boa adaptação às condições climáticas regionais;
- Boa adaptação aos diferentes sistemas de produção, especialmente aqueles que utilizam altas densidades, permitindo a produção em escala.
Além destas razões, a pesquisadora da Embrapa indica que a tilápia é um peixe onívoro e filtrador. “A tilápia aproveita o alimento natural presente no viveiro na sua alimentação, fato esse que pode diminuir os custos com ração”.
A tilapicultura apresenta também excelentes indicadores zootécnicos e econômicos, além de ser muito apreciada pelos consumidores. “A carne de tilápia oferece um produto muito versátil na culinária, devido à sua carne de textura firme e ausência de espinhos, tornando possível o preparo em diversos tipos de corte, desde inteira, em postas ou em filés”, complementa Flávia.
Como criar tilápia?
Os números apresentados chamam cada vez mais a atenção de produtores pelo Brasil, que começam a pensar neste mercado como oportunidade de renda.
Mas a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura diz que, primeiro, é fundamental que o produtor tenha conhecimento sobre todos os detalhes relacionados ao sistema produtivo.
Inicialmente, Flávia explica que os produtores devem se programar para ter a disponibilidade do produto todos os meses do ano. “A produção deve ser planejada em escala, ou seja, os tanques devem ser povoados com os alevinos de maneira planejada”, afirma.
Importante ressaltar que o povoamento e o escalonamento da produção de tilápias vai depender muito da região onde se pretende produzi-las, mas com planejamento é possível cultivar essa espécie o ano todo.
Flávia explica, ainda, que essa espécie é muito versátil. “Pela sua versatilidade, a tilápia pode ser cultivada em diversos sistemas de produção, desde extensivos até superintensivos”, diz.
Segundo a pesquisadora, a escolha do sistema de cultivo dependerá de diversos fatores, e exatamente por isso é necessário buscar o apoio de um técnico especializado e elaborar um plano de negócios para a escolha adequada.
Quanto aos ambientes ideais para a tilapicultura, Flávia salienta que eles também variam. “Essa espécie pode ser produzida em viveiros escavados, barragens, tanques elevados, raceways, sistemas de recirculação e de bioflocos, além do sistema de tanques-rede”, cita.
Biometria e sanidade são essenciais para acompanhar o crescimento dos peixes
Outro ponto que merece total atenção quanto à produção de tilápia é o monitoramento dos parâmetros produtivos, que costuma ser feito por meio da realização de biometrias.
Segundo material divulgado pela Embrapa Pesca e Aquicultura, a biometria é fundamental para monitorar o crescimento dos peixes e ajustar a quantidade de ração e o número de tratos diários. Na fase inicial (com peixes de 1 a 50 g), essa ação é realizada semanalmente e, após esse período, quinzenalmente ou mensalmente.
A sanidade dos peixes é outro ponto importante, por isso é recomendada a vacinação de tilápias em qualquer sistema de produção adotado. Da mesma forma, outras práticas também são aconselhadas para manter a saúde e o desenvolvimento dos peixes durante o cultivo, como:
- Manter a densidade de estocagem adequada;
- Oferecer nutrição balanceada;
- Manter estresse mínimo nas atividades de manejo.
Custos de produção: quais fatores considerar?
Para Flávia Tavares, os custos de produção de tilápias podem variar de acordo com alguns fatores. “Os custos variam conforme a região, o mercado consumidor a que se destina, a escala e o porte do empreendimento”, diz.
Além disso, a disponibilidade e o preço dos insumos necessários, como alevinos e ração, podem influenciar significativamente nos custos de produção.
Neste contexto, vemos que mais de 60% dos custos são com a ração, que é composta por ingredientes de origem animal, farelo de soja, de milho, de arroz, de trigo, entre outros.
Os indicadores zootécnicos como ganho em peso, conversão alimentar e duração do ciclo de cultivo também são fatores que influenciam nos cálculos dos custos, devendo ser levados em consideração, como indica a pesquisadora da Embrapa.
“No Tocantins, de forma geral, o produtor tem um lucro líquido de R$1,00/kg, podendo variar de acordo com as oscilações de mercado”, exemplifica.
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