A cana-de-açúcar é uma das principais atividades agrícolas do Brasil. Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), na safra 2016/17 a área destinada à atividade sucroalcooleira deverá ser de 9.073,7 mil hectares, com produtividade estimada de 76.152 kg/ha.

No entanto, diante desses números positivos, o plantio da cana-de-açúcar no Brasil, na sua maior parte, ainda é realizado manualmente com pouca automatização, diferentemente da colheita, que hoje é bastante mecanizada, devido a adoção de práticas sustentáveis, inclusive já discutidas a respeito neste artigo exclusivo.

Positivamente, nos últimos anos, a situação está mudando gradativamente e a importância do plantio vem ganhando espaço na estratégia das empresas de tecnologia ligadas ao agronegócio.

Com isso, a tendência é um maior crescimento em mecanização do plantio e intensificação da atividade sucroalcooleira como um todo, aumentando a confiança dos agricultores que hoje ainda não confiam na importância da mecanização na garantia da qualidade do plantio da cana.

Vantagens da automatização do plantio da cana-de-açúcar

Apesar de algumas pessoas dizerem que a automatização ainda não é tão eficiente no plantio quanto é na colheita, as vantagens da automatização durante o plantio já são importantes, entre elas podemos destacar o alinhamento, a qualidade tanto da sulcação quanto da cobertura, além da maneira como os toletes são distribuídos (em posição e quantidade satisfatórias).

Se corretamente realizada, a automatização pode melhorar a qualidade do plantio por permitir a realização de modo mais controlado e nos momentos mais adequados”, garante Leandro Gimenez, professor doutor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).

Outra significativa vantagem da automatização do plantio é o ganho na necessidade de menor número de trabalhadores, já que um dos maiores problemas do plantio convencional é a alta necessidade por mão de obra.

Segundo o professor, “a automação do plantio reduzirá a necessidade de mão de obra, como em qualquer processo”, priorizando o conhecimento especializado e garantindo mais técnica ao trabalhador rural.

Principais desafios da automatização do plantio da cana

Em 2002, no estado de São Paulo, foi criada uma lei que priorizava o fim das queimadas para a colheita da cana-de-açúcar. Com isso, houve uma grande procura por tecnologia para realizar a colheita de forma mecanizada, sem a necessidade da realização das queimadas.

Esse processo de automatização da colheita vem recebendo ajustes ao longo dos anos e ainda não está totalmente ajustado às necessidades das variações da atividade.

Processo semelhante enfrentado na colheita vem sendo agora o principal desafio da utilização de maquinário para o plantio da cana”, comenta Leandro. “Assim como foram e ainda estão em curso alterações na sistematização e sistema mecanizado para a colheita da cana, será necessário realizar ajustes também para o plantio de modo mecanizado”, complementa.

Com o advento da maior tecnologia, as máquinas que vêm sendo desenvolvidas para o plantio apresentam diversos mecanismos para operar em condições distintas nos canaviais, entretanto para o professor Leandro ainda há limites, sendo possível que o alinhamento não fique adequado, o que acaba por comprometer a colheita mecanizada.

Há situações em que não é possível ou desejável realizar alterações na sistematização dos canaviais para receber esta operação, sob pena de causar danos ao solo como a erosão e a compactação excessiva destes”. Assim, precisamos ainda avançar na capacidade das regulagens dos equipamentos de plantio.

Outro grande desafio é o plantio por mudas, já que se consome mais cana-de-açúcar no processo mecanizado que no processo manual, “isso se deve aos diversos processos envolvidos desde a sua colheita, transporte e finalmente no uso na plantadora”.

Principais cuidados para automatizar o plantio da cana-de-açúcar

A aposta de alguns empresários do ramo na automação total do plantio é baseada no fato de acreditarem que é preciso ter a menor interferência possível do homem na operação de plantio promovendo, com isso, menores quantidades de erros no plantio decorrentes da falha humana.

Porém, mesmo assim, é essencial que tenhamos alguns cuidados básicos para automatizar o plantio da maneira correta conseguindo bons resultados de produtividade no ato da colheita.

O professor da ESALQ/USP cita que “nos processos de automação é importante evitar ao máximo o efeito de fatores pouco ou incontroláveis”. Nesse sentido, a sistematização e preparo do solo devem ser realizados para atender às exigências mínimas do equipamento que realizará o plantio, lembrando que cada equipamento terá suas características específicas.

É possível (e inclusive desejável) que se estabeleçam quais combinações de solos, forma do relevo e declividade que impossibilitam o uso de uma ou outra máquina “com isso evitaremos problemas”, diz o professor.

De outro lado Gimenez dá uma dica muito importante. “É possível traçar mais um paralelo com a colheita, uma vez que se trata de um processo novo, sendo assim necessário um bom treinamento em todos os níveis”. Esse treinamento será essencial para a correta regulagem das máquinas garantindo que o plantio seja feito da forma mais eficaz possível.

Apesar da descrença de muitos, a automatização do plantio da cana-de-açúcar é um processo tecnológico que vem crescendo rapidamente, a tendência é de crescimento constante trazendo avanços significativos desta importante etapa para qualquer canavial.

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