O uso de energias renováveis no campo é uma realidade que beneficia produtores e meio ambiente. No entanto, é preciso se aprofundar para escolher opções viáveis para cada negócio. Professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), Rubens Coelho, explica que o maior desafio é a montagem da infraestrutura para usar esses tipos de energias.

“Quando estamos falando de energia de resíduos, pode ser qualquer resíduo orgânico. A produção de metano pode ser feita com mato cortado, esterco de vaca, chorume de porco e até vinhaça”, exemplifica. Na cana-de-açúcar, é possível fazer recolhimento da palhada da cana no campo, enfardamento, transporte e queima em caldeira específica nas usinas, ou geração de etanol de segunda geração.

Para os demais resíduos vegetais e animais, uma opção é montar sistemas biodigestores para aproveitamento do gás-metano gerado. Para obter energia eólica, é necessária a instalação das turbinas em locais de ventos mais intensos e constantes. “Os estados do Ceará e Rio Grande do Sul são atualmente os maiores produtores.” Para energia solar, é preciso fazer a instalação de painéis fotovoltaicos. Para a hidráulica, faz-se a montagem de barragens e turbinas. Novamente, o professor cita como desafio a ser superado o acesso a crédito governamental para auxílio na implantação da infraestrutura.

Existem bons exemplos de utilização de energias renováveis no campo, como usinas que procedem a queima de biomassa em caldeira, ou as que geram etanol de segunda geração a partir da biomassa residual dos grandes cultivos. A remuneração estimada ao produtor de palha é de R$ 120 a 130 por tonelada de palha entregue. No caso da cana, “para médios produtores no Brasil, apenas o recolhimento da palha e a sua entrega na usina é a opção viável economicamente.”

Coelho aponta que o crédito privado não tem estado muito disponível, “uma vez que o preço da energia é regulado em leilões pelo governo e a lucratividade não é muito atraente”. O lucro com a cogeração de energia também não é muito grande, “pois as usinas recebem apenas 1/3 do valor pago pelo consumidor final, 1/3 são impostos e 1/3 fica com a companhia que distribui a rede de energia”. A opção mais lucrativa é gerar energia para produzir algum produto comercial, por exemplo a Votorantim, que gera energia elétrica em várias barragens para produzir alumínio.

“O valor do investimento pode ser muito variado, depende da escala de produção.” Usinas de cana, para cogerir energia, sempre pegam financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), afirma o especialista. “São valores muito altos, pois precisam montar caldeira, turbina, etc. O prazo de retorno do investimento é de 15 a 20 anos.” Coelho cita, ainda, que “os biodigestores são mais apropriados para pequenas propriedades”. A seguir, o professor cita as principais formas de energias renováveis que os produtores rurais precisam conhecer para otimizar seus negócios:

 

  1. Energia de Biomassa (cana-de-açúcar, eucalipto, resíduos vegetais e animais) – Biodigestores de Metano

 

 

 

 

 

 

  1. Energia eólica – Turbinas

 

 

 

 

 

 

  1. Energia Solar – painéis solares

 

 

 

 

 

 

  1. Energia Hidráulica – Pequenas Usinas hidroelétricas