O ano de 2018 vem se configurando como um ano equilibrado e com leve crescimento para a pecuária intensiva no Brasil, principalmente quanto ao confinamento de gado. No início do ano as projeções indicavam crescimento de até 12% no volume de animais confinados em 2018.

O ano ainda não acabou, mas se tais projeções forem confirmadas, o Brasil atingirá a marca de 3,8 milhões de cabeças confinadas no ano, representando cerca de 400 mil animais a mais em relação a 2017.

Mas, independentemente de atingir ou não de tais metas, é fundamental que os erros mais comuns relacionados ao confinamento de gado sejam, na medida do possível, evitados. Somente assim a atividade terá a produtividade e lucratividade esperadas.

Improviso: erro mais comum no confinamento de gado

Vários são os “pecados capitais” sujeitos ao confinamento de gado no Brasil. Tais erros vão desde instalações incorretas até um balanceamento nutricional mal planejado.

Apesar da variedade, há um erro comum pertinentes a todos eles: Agir no improviso! Segundo Sergio Raposo de Medeiros, pesquisador em Nutrição Animal na Embrapa Gado de Corte (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), “o principal erro é tentar fazer o confinamento de gado no improviso, ou seja, sem o devido planejamento”.

Segundo o pesquisador, a principal vantagem de qualquer confinamento é exatamente a chance de planejar nos detalhes. “Com planejamento, temos controle sobre quase tudo”, ressalta.

Mas com improviso os erros surgem, como comenta Medeiros: “Quando a condução do confinamento ocorre no improviso, o maior prejuízo será a “’receita de bolo’, aquela que, por exemplo, é copiada de um vizinho”.

Outros erros mais comuns em confinamentos

Segundo Medeiros, a nutrição é o fator que pode mais fazer variar o custo de um confinamento de gado, mas mesmo sabendo disso, muitos confinadores ainda formulam dietas incorretamente.

O pesquisador salienta ainda que uma dieta inadequada pode trazer grandes prejuízos além do econômico, inclusive colocando a vida dos animais em risco.

Ainda sobre a questão do planejamento nutricional, o pesquisador explica que, por vezes, há problemas quanto ao dimensionamento das instalações, particularmente na questão de oferta de espaço linear de cocho e área mínima por animal.

Outro erro comum é a seleção incorreta de animais a confinar. Por muitas vezes são escolhidos animais de pouco potencial de produção. Neste contexto, Medeiros lembra que o confinamento de gado é uma atividade na qual há altos investimos, além de um custo diário relativamente grande. Por isso, errar na escolha dos animais pode culminar em sérios problemas futuros.

Medeiros ressalta que a formação de lotes heterogêneos, além de aumentar a competição entre os animais, atrapalha a venda do lote em apenas uma oportunidade, sendo essa ação dita como ideal.

Quando temos um lote muito heterogêneo, mais vezes teremos que ‘descascar’ os lotes (isto é, fazer vendas parciais) e, a cada vez que fazemos isso, um novo estabelecimento de hierarquia entre os animais ocorrerá, desviando energia que deveria ir para o ganho”, explica.

Há também o erro capital na não adaptação do gado no início do confinamento. A não adaptação ou adaptação insuficiente podem gerar distúrbios nutricionais, dificultar a estabilização do consumo e reduzir o desempenho.

Por fim, um erro bastante recorrente é manter animais já terminados no cocho. “Esses animais depositam apenas gordura, sendo muito ineficientes na conversão do alimento em ganho de peso”, explica Medeiros, que complementa:

Animais já terminados, mas que ainda no cocho, frequentemente, comem um valor em Reais maior do que o ganho por dia, ou seja, dão prejuízo”.

Como não cometer esses erros?

Vários podem ser os impactos da falta de planejamento no confinamento de gado, estes variam desde a redução da lucratividade até causar silenciosamente menor ganho de peso, que em casos mais sérios, pode acarretar na morte dos animais. Por isso é importante evitar que tais erros aconteçam.

Para evitar, o mais importante é conduzir o confinamento de gado de maneira muito bem planejada, dando prioridade a todos os detalhes.

Medeiros ressalta que devem ser ponderadas neste planejamento as seguintes ações:

  • Adoção de instalações adequadas, com animais de bom potencial produtivo e que respondam bem à dieta;
  • Formação de lotes homogêneos (mesmo sexo, tamanho semelhante e pesos aproximados);
  • Adoção de um bom protocolo de adaptação à deita na entrada dos animais no confinamento;
  • Manejo alimentar muito consistente, ou seja, fazer igual todo dia, por todo o período; e
  • Animais sejam abatidos no tempo planejado com a terminação desejada.

O pesquisador ressalta que para alcançar tais medidas, recomenda-se ter um bom acompanhamento técnico.

Um profissional encontrará para a realidade específica do confinamento a dieta de menor custo da arroba, que é aquela que dará a maior margem e indique o uso dessa dieta de forma integral”.

Essa indicação do profissional deve incluir, dentre outras ações, o protocolo de adaptação à dieta, o manejo diário da alimentação (número de refeições, horários das refeições, manejo das sobras e da oferta de alimentos), além da data provável para o fim do confinamento.

Também deve ser responsabilidade deste profissional avaliar a qualidade dos alimentos que estão sendo fornecidos, alertando para o risco de ingredientes que não apresentem condição de uso”, finaliza o especialista.