A Argentina, um dos maiores países da América do Sul, é reconhecida por sua rica produção agrícola. 

Com vastas planícies, solos férteis e um clima propício ao cultivo, o setor agropecuário desempenha um papel fundamental na economia do país latino.

Sua atividade agrícola não apenas garante a segurança alimentar do país, mas também contribui para as exportações, gerando divisas e impulsionando o desenvolvimento econômico. 

Neste artigo da série Agricultura pelo Mundo, exploraremos as principais características da agricultura argentina, desde as condições geográficas e climáticas até as tecnologias e políticas que moldam este importante setor. 

Argentina: grande player mundial na produção agrícola

A Argentina é o segundo maior país da América do Sul em território e o terceiro em população. Seu território é constituído como uma federação de 23 províncias e uma cidade autônoma, Buenos Aires, capital do país.

Na área agrícola, o país tem grande protagonismo, figurando:

  • Entre os 5 maiores produtores mundiais de soja, milho, semente de girassol, limão, pêra e erva-mate; 
  • Entre os 10 maiores produtores mundiais de cevada, uva, alcachofra, tabaco e algodão; 
  • Entre os 15 maiores produtores mundiais de trigo, cana-de-açúcar, sorgo e toranja. 

A Argentina também figura entre os maiores produtores de carne bovina do mundo. Com uma produção de 3 milhões de toneladas/ano, ela ocupa a 5ª posição.

Embora seja o maior produtor de trigo da América do Sul, e esta cultura ser mais antiga, é na soja que a economia do país vem mais se baseando, assim como seus vizinhos Brasil e o Paraguai. 

O país também exporta milho, cevada, algodão, tabaco, limão, pêra, maçã, além de ser ótimo produtor de vinho, com uso de uvas de excelente qualidade.

Logo, o agronegócio argentino é um dos mais importantes do mundo, contribuindo significativamente para a economia do país. Diversos fatores convergem para isso:

  • Condições climáticas e geográficas favoráveis;
  • Tradição agrícola;
  • Diversidade de produtos;
  • Potencial de competição no mercado internacional;
  • Investimento em tecnologia.

E, especificamente em 2024, a agricultura argentina terá uma contribuição três vezes maior para a economia do país em comparação com 2023. 

Estimativas da Bolsa de Comercio de Rosario, citadas pela Infomoney, indicam que o valor bruto da produção de grãos irá superar US$ 15 bilhões, ante os US$ 5,3 bilhões registrados em 2023.

Clima e geografia garantem a diversidade agrícola argentina

A Argentina apresenta uma rica diversidade geográfica e climática. Estes fatores exercem uma influência significativa sobre sua produção de alimentos. 

Essa combinação de fatores molda a agricultura argentina, tornando-a um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo.

O território argentino abrange desde a Cordilheira dos Andes até as planícies dos pampas, passando por regiões montanhosas, desérticas e subtropicais. 

Essa variedade geográfica resulta em uma ampla gama de climas, que vão desde o árido e frio da Patagônia até o subtropical úmido do Nordeste.

Conheça algumas regiões e suas características:

Pampas 

A região pampeana, com suas extensas planícies e solos férteis, é o coração da agricultura argentina. 

Com clima temperado, verões quentes e úmidos e invernos frios, a região favorece o cultivo de grãos como trigo, milho e soja.

Andes 

A Cordilheira dos Andes, localizada ao oeste do país, influencia o clima das regiões próximas, proporcionando maior umidade e precipitação. 

Por consequência, essa região é ideal para a produção de frutas, vinhos e olivas.

Patagônia 

A Patagônia, ao sul, apresenta um clima mais frio e seco, com ventos fortes. 

Na região, a ovinocultura é a principal atividade econômica, além do cultivo de frutas de clima temperado.

Principais culturas e produtos da agricultura argentina

Historicamente, a Argentina tem sido um grande fornecedor mundial de matérias-primas e alimentos de origem vegetal e animal.

Segundo documento elaborado pelo MAPA, a Argentina figura entre os principais fornecedores de produtos de origem agroindustrial, ocupando a 11ª posição no ranking mundial e atendendo a mais de 3% da demanda global. 

O setor é também fundamental para a economia do país, já que os produtos agroindustriais representam mais de 60% do total das exportações.

Logo, a agricultura argentina é bastante diversificada, com destaque para a produção de:

  • Cereais, como trigo, milho, soja e cevada. Estes são os principais cereais cultivados no país. Além disso, a Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de soja e milho;
  • Oleaginosas, com destaque para a soja, que é a principal oleaginosa cultivada, sendo utilizada tanto para consumo humano quanto para a produção de biodiesel;
  • Frutas, como maçãs, peras, uvas, citros e frutas vermelhas. Além disso, a Argentina é famosa por seus vinhos, produzidos principalmente na região de Mendoza;
  • Carnes. A pecuária bovina, ovina e suína é de grande importância. A carne bovina merece destaque, sendo um dos principais produtos de exportação do país.

Importante reforçar que o principal destino das exportações agroindustriais argentinas é a China. O país asiático absorve 11% do total, seguido por Brasil, União Europeia, Estados Unidos, Índia, Vietnã, Egito e Argélia.

Sistema agrícola e estrutura fundiária argentina

O sistema agrícola argentino é caracterizado por grandes propriedades rurais, conhecidas como “estâncias”. 

Nessas regiões, a mecanização costuma ser bastante avançada, e as técnicas de cultivo são modernas. No entanto, ainda existem pequenas propriedades familiares, principalmente nas regiões mais tradicionais. 

Isto é, a estrutura fundiária argentina é marcada por uma alta concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. 

Essa concentração é resultado de um processo histórico de acumulação de terras e de políticas governamentais que favoreceram os grandes produtores.

Sendo assim, a estrutura fundiária argentina possui:

Grandes propriedades 

Um pequeno número de propriedades ocupa a maior parte das terras agricultáveis, especialmente nas regiões pampeanas. 

Essas grandes propriedades são altamente mecanizadas e produtivas.

Pequenas e médias propriedades 

Na Argentina existem muitas pequenas e médias propriedades, porém, em extensão territorial, elas possuem uma parcela menor da terra total. 

Essas propriedades geralmente se dedicam à agricultura familiar e à produção para o mercado interno.

Concentração de terras 

A concentração de terras na Argentina tem implicações sociais e econômicas importantes, como a desigualdade de renda, o êxodo rural e a perda de biodiversidade. Logo, este é um desafio para o setor.

Para enfrentar este problema, o governo argentino implementa diversas políticas agrícolas, como: 

  • Subsídios para a produção de cereais e oleaginosas; 
  • Programas de crédito rural; 
  • Investimentos em infraestrutura. 

Entretanto, a política agrícola argentina tem sido alvo de críticas, já que tem focado nos grandes produtores, o que pode distorcer os preços no mercado interno.

Tecnologia a serviço da agricultura argentina

A Argentina, tradicionalmente conhecida por suas vastas extensões de terra fértil e produção agrícola diversificada, está vivenciando uma transformação digital que promete revolucionar o setor. 

A adoção de tecnologias inovadoras na agricultura argentina está impulsionando a produtividade, a sustentabilidade e a competitividade do país.

Assim como o Brasil, a Argentina se destaca na agricultura de precisão. Através do uso de sensores, drones, imagens de satélite e softwares, os produtores argentinos coletam dados detalhados sobre as condições do solo, clima e desenvolvimento das culturas. 

Essas informações permitem:

  • Aplicação precisa de insumos, otimizando o uso de recursos e reduzindo custos;
  • Monitoramento em tempo real, permitindo a identificação precoce de problemas e a tomada de decisões mais rápidas;
  • Otimização da irrigação, evitando o desperdício e maximizando a eficiência hídrica.

E, assim como a tecnologia, a agricultura sustentável tem ganhado cada vez mais importância na Argentina. 

Produtores estão adotando práticas como a rotação de culturas, o uso de coberturas vegetais e a integração lavoura-pecuária para preservar o solo e a água. 

A agricultura orgânica também tem crescido, com um número crescente de produtores certificados.

Curiosidades e tradições agrícolas da Argentina

A Argentina, com suas vastas planícies e uma rica história agrícola, possui um conjunto de curiosidades e tradições que a tornam única no cenário agropecuário mundial. 

Conheça a seguir algumas delas:

  • Tango e sua relação com a ruralidade: o tango, um dos símbolos da Argentina, tem suas raízes nas tradições rurais do país. Diversas letras falam sobre o campo, a vida dos gaúchos e a paixão pela terra;
  • Grande consumo de Mate: o mate, uma infusão preparada com uma erva mate, é consumido por argentinos de todos os grupos e idades. Sua tradição está profundamente enraizada na cultura argentina;
  • Churrasco, uma paixão nacional: o churrasco argentino é mundialmente famoso por sua carne suculenta e saborosa. A tradição do churrasco está presente em todas as regiões do país e é um dos pilares da cultura argentina.

Em resumo, a agricultura argentina está em franca transformação, aliando eficiência, tecnologia, sustentabilidade e competitividade. 

A adoção de práticas inovadoras e o investimento em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para garantir o futuro da produção de alimentos no país.

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