Hidroponia: conheça a técnica que cultiva plantas sem o uso do solo

O imaginário popular sempre atribui a produção de alimentos ao solo. Mas há hortaliças e frutas que não têm contato com a terra, mas mesmo assim produzem muito bem. Estamos falando da hidroponia, que utiliza sistemas de cultivo sem o uso do solo.

A hidroponia é uma técnica de cultivo onde as raízes ficam suspensas na água, possibilitando o crescimento de diferentes plantas de forma mais saudável e elevado índice produtivo.

Convidamos você a conhecer detalhes dessa técnica, suas vantagens e desvantagens, assim como as modernas tecnologias que contribuem com maiores ganhos de produtividade.

O que é hidroponia?

A hidroponia é uma técnica de produção que utiliza sistemas de cultivo sem a necessidade de uso do solo. Em substituição, as raízes ficam suspensas em uma solução líquida.

Por definição, a palavra hidroponia origina-se das palavras gregas hydro (água) e ponos (trabalho), ou seja, cultivo na água.

Segundo a Taciana Guimaro, engenheira agrônoma e parceira da Plataforma Hidroponia, este manejo visa fornecer às espécies cultivadas, condições adequadas para o equilíbrio, qualidade e segurança alimentar. 

“Nessa técnica, há o fornecimento equilibrado dos nutrientes, água, temperatura e oxigênio para um pleno desenvolvimento radicular e da parte aérea das plantas”, complementa a engenheira.

Além disso, Ítalo Moraes Rocha Guedes, Pesquisador da Embrapa Hortaliças, explica que a produção hidropônica também pode ser realizada na presença de substratos inertes. “Esses substratos são aqueles que não competem com as plantas pelos nutrientes da solução nutritiva”, salienta. 

Na hidroponia, soluções nutritivas e substratos substituem o solo

Nesse sistema hidropônico as plantas são cultivadas em substrato ou solução nutritiva, substituindo o solo. Guedes ressalta que a solução nutritiva não é água pura.

“Essa solução contém todos os nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, boro, manganês, cobre, zinco e molibdênio”.  

Exatamente por isso, é fundamental avaliar a disponibilidade e qualidade da água através de uma análise físico-química.

Também é importante definir qual será a espécie a ser cultivada: folhosas ou espécies frutícolas.

Com isso, Taciana Guimaro explica que é possível estabelecer qual o sistema de cultivo hidropônico será adotado: “Há a opção de NFT, substrato, aquaponia, aeroponia, entre outros”.

Estrutura necessária para o cultivo hidropônico

Normalmente o cultivo é feito dentro de estufas de plástico, estruturas menores chamadas túneis altos e túneis baixos ou mesmo em edifícios fechados com iluminação artificial.

Por isso, a colaboradora da Plataforma Hidropônica indica que é de extrema relevância o dimensionamento do Projeto. Ela explica que no sistema NFT (técnica do fluxo laminar) é preciso calcular o número de perfis que serão utilizados, declividade de instalação dos perfis, tamanho do reservatório e enquadramento da bomba. 

Há ainda os itens fundamentais para um maior e melhor controle dos fatores essenciais de cultivo: temperatura e oxigenação da solução.

Para o cultivo Hidropônico em substrato também é necessário avaliar o tipo de utensílio que será utilizado: calhas de cultivo, vasos, slabs ou saquinhos.

Também é muito importante o tipo de substrato que será utilizado. “Tal questão terá interferência direta na hidratação e nutrição das plantas cultivadas”, complementa a engenheira agrônoma.

Vantagens e desvantagens da hidroponia

A hidroponia se presta ao cultivo de espécies anuais de ciclo relativamente curto, porte compacto, herbáceas, com alto índice de colheita e com bom valor de mercado. Este é o caso das hortaliças, plantas ornamentais e medicinais e algumas fruteiras.

Com base nessas possibilidades, Taciana Guimaro e Ítalo Guedes destacam que a hidroponia possui muitas vantagens, com destaque para:

• Maior rendimento por área; 
• Precocidade de produção, em comparação com sistemas convencionais de cultivo; 
• Economia de água e fertilizantes, devido ao maior e melhor controle no fornecimento destes insumos;
• Eliminação do risco da maior parte das doenças das raízes; 
• Composição mineral completa; 
• Possibilidade de produção em pequenas áreas e áreas urbanas; 
• Maior vida de prateleira.

A hidroponia também é amiga do meio ambiente. Quando está bem ajustado, o sistema pode economizar 70% de água em relação a cultivos tradicionais. Isso é possível porque toda a água é reutilizada. 

No entanto, há algumas desvantagens que precisam ser consideradas pelo produtor que opta pela hidroponia. Entre os fatores que contrariam essa técnica, merecem atenção:

• Alto custo de implantação;
• Total dependência de fornecimento de energia elétrica e de água;
• Requer um maior custo operacional com manejo fitossanitário do sistema e de reposição nutricional das caixas de solução fertilizantes;
• Fertilizantes mais caros.

Além disso, a curva de aprendizado dessa técnica é mais longa, com o produtor rural necessitando de mais tempo para aplicar a hidroponia com eficiência.

Desafios da hidroponia no Brasil

Para o Brasil, o pesquisador da Embrapa Hortaliças destaca que a produção hidropônica ainda tem alguns desafios. 

“O grande desafio do setor ainda é o baixo consumo de hortaliças, que afeta a capacidade de investimento dos produtores para tornar a produção mais sustentável. Também temos escassez de profissionais com treinamento em hidroponia, inclusive na assistência técnica”. 

Por fim, Guedes explica que há a necessidade de comunicar o que é a produção hidropônica e suas vantagens ao consumidor. “A forma mais efetiva de se enfrentar esses desafios é por meio da associação entre os produtores para tornar o setor forte e mais influente”, opina.

Neste contexto, Taciana Guimaro acredita que a tecnologia pode ser uma grande aliada da hidroponia. “No cultivo em NFT a automação está contribuindo com o equilíbrio nutricional das caixas de solução através da reposição controlada de nutrientes”. 

Segundo a colaboradora da Plataforma Hidroponia, o gerenciamento remoto também tem colaborado com a diminuição do risco de perda da produção.  “Hoje em dia temos equipamentos que promovem um melhor ajuste da oxigenação da solução e também no manejo preventivo de doenças”.

Para o manejo climático de luz e temperatura do ambiente, existem plásticos e telas termorefletoras que auxiliam no controle da variação de temperaturas.

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