A busca pela sustentabilidade tem se intensificado nos últimos anos, especialmente na aviação. No segmento, a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis tem impulsionado o desenvolvimento de diversificados tipos de biocombustíveis

Nesse cenário, o etanol de milho, também conhecido como “diesel verde”, desponta como uma promissora opção para o setor aéreo.

O Brasil, reconhecido por sua tradição na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, tem se consolidado também como um dos maiores produtores de etanol de milho do mundo, atingindo 6 milhões de litros na safra 2023/24.

Leia o artigo e saiba mais sobre essa excelente oportunidade para o segmento da aviação. Boa leitura.

Como o etanol de milho se transforma em biocombustível para aviação?

A indústria brasileira de etanol de milho vive um cenário que, embora desafiador, revela oportunidades estratégicas para reposicionar nosso país no centro da agenda de transição energética mundial.

Em entrevista, Guilherme Nolasco, presidente da UNEM, é claro sobre as possibilidades do “diesel verde”:

Temos um modelo único de produção, com alta tecnologia e sinergia entre culturas agrícolas. Em vez de competir com alimentos, agregamos valor à cadeia, produzindo etanol, DDG, óleo e energia de forma sustentável, sem avanço sobre novas áreas de cultivo”.

E, uma das inovações mais promissoras no uso do etanol de milho como biocombustível para aviação envolve a transformação de seus subprodutos por meio de processos biotecnológicos de ponta

Esses subprodutos, antes considerados resíduos, são convertíveis em compostos energéticos de alta performance.

Pesquisa brasileira melhora a eficiência da produção de etanol de milho

Em artigo divulgado pela Nature Comunicativos, pesquisadores brasileiros do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) descobriram uma nova forma de atuação de enzimas industriais que revolucionou a produção. 

Conforme o estudo, essas enzimas têm um mecanismo de ação mais eficiente e econômico, permitindo a conversão de biomassa em açúcares fermentáveis com maior rendimento.

Esses açúcares são então convertidos em álcoois superiores e hidrocarbonetos renováveis que compõem o chamado SAF (Sustainable Aviation Fuel), um combustível sustentável compatível com motores de aviação convencionais.

Isto é, a enzima identificada assume um papel de destaque na indústria de biocombustíveis avançados, como o bioquerosene para aviação, que deve ser altamente eficiente e suportar altas temperaturas. 

Isso permite sua aplicação direta nesse coproduto da produção de etanol de milho, atualmente subaproveitado.

Benefícios do etanol de milho na aviação 

O biocombustível derivado do etanol de milho, especialmente o SAF, apresenta grande eficiência energética e estabilidade térmica, que são requisitos essenciais para a aviação. 

Entre os compostos gerados estão hidrocarbonetos semelhantes ao querosene de aviação, mas com origem vegetal e pegada de carbono reduzida.

Quanto aos benefícios, relata-se que o uso de biocombustíveis pode reduzir em até 80% as emissões de CO₂ ao longo do ciclo de vida do combustível, em comparação com o querosene fóssil.

Os demais benefícios são:

  • Ótima fonte de energia renovável;
  • Potencial para produção doméstica e segurança energética;
  • Desenvolvimento econômico e agrícola;
  • Potencial para redução na produção de poluentes.  

Tudo isso representa um avanço significativo na descarbonização do setor aéreo, considerada um grande desafio por conta das exigências técnicas e regulatórias.

Solução economicamente viável

A produção de biocombustível a partir do etanol de milho já se mostra economicamente viável, principalmente quando há incentivo à inovação e políticas de fomento à transição energética. 

No Brasil, o potencial para escalar a produção é imenso graças à: 

  • Capacidade agrícola; 
  • Infraestrutura de usinas; 
  • Disponibilidade de matéria-prima.

Entretanto, os custos ainda são um desafio, mas vêm diminuindo à medida que novas tecnologias tornam o processo mais eficiente. 

Além disso, políticas públicas e incentivos como créditos de carbono, subsídios e metas ambientais tendem a impulsionar a adoção em larga escala, tornando o biocombustível competitivo frente aos combustíveis fósseis.

Do ponto de vista agrícola, os benefícios no Brasil também são relevantes. 

Segundo a UNEM, o modelo de produção nacional promove a integração de culturas, como milho e algodão, aproveitando adubos e insumos em ciclos complementares e otimizados.

Impactos para o setor de aviação e o agronegócio

Como já citado, a introdução do biocombustível de etanol de milho na aviação representa uma oportunidade estratégica para o agronegócio brasileiro em diversos aspectos. 

Produtores de milho e usinas de etanol, por exemplo, podem acessar novos mercados, elevando o valor agregado de seus produtos e subprodutos.

Esse movimento também impulsiona a geração de empregos e renda no campo, promovendo o desenvolvimento regional e a diversificação da matriz energética do país.

Além disso, o alinhamento entre setor agrícola e setor de transporte aéreo é estratégico para consolidar o Brasil como uma liderança global na produção de combustíveis renováveis para aviação.

Isso mostra que o etanol de milho é uma alternativa aos combustíveis fósseis e protagonista na nova era da energia limpa, especialmente na aviação. 

Sua versatilidade, aliada às inovações tecnológicas, evidencia o potencial do país para liderar uma revolução verde nos céus.

O Agrishow Digital acompanha de perto essa transformação e oferece diversos conteúdos sobre sustentabilidade no agronegócio. Continue acompanhando para ficar por dentro de todas as novidades.

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