Você já pensou em comprar um maquinário agrícola no cartão e pagar com sacas de soja? Na atualidade é possível usar o cartão para comprar maquinários, insumos e gado e, ao invés de pagar a fatura com dinheiro, você pode pagá-la com soja, milho e até café.
Isso é possível com a Agrotoken!
Essa é uma plataforma global para a tokenização de commodities agrícolas. Por meio dela, o valor dos grãos é digitalizado e permite ao produtor economizar, investir e fazer transações com sua produção.
Para entender mais sobre essa revolução que vem ocorrendo nas comercializações do agro, a Agrishow Digital conversou com Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa.
Agrotoken: o que é?
Realizar transações com cartão de crédito lastreado em commodities agrícolas passou a ser uma realidade no Brasil. A startup Agrotoken - empresa pioneira no mundo na tokenização de commodities agrícolas como milho, soja e trigo - proporciona isso.
Para Marcela Pinori, representante da Visa (parceira da Agrotoken no Brasil), essa é uma solução inovadora e com muitas possibilidades.
“A Agrotoken aplica a tecnologia de blockchain ao agronegócio, possibilitando atrelar commodities agrícolas a ativos digitais que funcionam como moeda ou lastro para compra de insumos, maquinários e diversos outros produtos e serviços”.
Ou seja, com os cartões de crédito Agrotoken, produtores rurais podem transformar seus produtos agrícolas já colhidos ou que serão produzidos em tokens digitais para uso como meio de pagamento em estabelecimentos credenciados.
De forma geral, o “token” é conhecido pela autenticação digital para acesso a contas correntes, investimentos ou a gestão de cartões de crédito. Sua tradução do inglês significa “ficha” ou “símbolo”.
Mas o token vai além e pode consistir na representação digital de um ativo, como dinheiro, propriedade ou investimento, em uma blockchain.
Tecnologia que democratiza e digitaliza o agronegócio
A tokenização das commodities agrícolas é uma tecnologia que oferece uma série de possibilidades ao agronegócio.
Em um primeiro momento, Marcela Pinori destaca que ela ajuda a democratizar e digitalizar o agronegócio no Brasil.
“A tokenização possibilita aos agricultores uma nova forma de interagir com o mercado e realizar transações de maneira eficiente e segura, eliminando intermediários, fornecendo mais acessos aos recursos financeiros e facilitando as transações internacionais”.
A tecnologia ainda simplifica compras e transações nos diferentes agentes fornecedores de serviço e produtos que já atuam na cadeia, ampliando as possibilidades de negócios.
No caso do cartão de crédito Agrotoken, uma das principais vantagens é a facilidade de transações.
“Esse modelo de transação viabiliza acesso a milhões de estabelecimentos em todo o mundo, permitindo que os comerciantes e revendedores alcancem novos mercados com segurança e sem burocracia”, destaca Marcela.
Além disso, os investidores passam a ter a oportunidade de adquirir tokens que representam uma fração de ativos agrícolas. “Isso permite um menor investimento inicial e uma maior diversificação de portfólio, facilitando o acesso ao mercado agrícola para os menores e médios”, complementa.
Mais transparência e rastreabilidade na cadeia de suprimentos agrícolas
Além dos benefícios já apresentados, a tokenização está proporcionando uma infraestrutura digital segura e transparente na cadeia de suprimentos agrícolas.
Essa solução não apenas melhora a eficiência operacional e reduz custos, mas também fortalece a confiança entre produtores, distribuidores, varejistas e consumidores ao fornecer informações precisas e verificáveis sobre a origem e a jornada dos produtos agrícolas.
Para melhor entendimento, a diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa cita um exemplo:
“A tokenização utiliza blockchain para criar registros digitais imutáveis e transparentes, onde cada transação ao longo da cadeia pode ser registrada como um token, gerando um histórico completo, seguro e verificável das transações”. Ou seja, a rastreabilidade é total!
Além disso, esse token pode conter informações detalhadas sobre o produto, como origem, método de produção, datas de colheita e processamento etc.
Por fim, a tokenização permite o monitoramento em tempo real do movimento dos produtos ao longo da cadeia de suprimentos. Sensores e dispositivos IoT podem registrar dados sobre condições de transporte, armazenamento e outras variáveis importantes.
“Esses dados são então tokenizados e armazenados de forma segura, proporcionando uma gestão eficiente da segurança alimentar”, complementa Marcela.
Transformação digital do setor agrícola
A tokenização é uma solução que tende a impulsionar cada vez mais a digitalização dos ativos agrícolas, como terras, colheitas e contratos, criando um ecossistema transparente baseado na tecnologia blockchain.
Isso pode incentivar vários processos que ajudem na transformação digital do setor, tais como:
- Automatização de muitos processos na agricultura, reduzindo a burocracia, os custos administrativos e os erros humanos;
- Aceleração na adoção de tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA);
- Proporciona um ambiente seguro e confiável para armazenar dados críticos relacionados aos ativos agrícolas e transações, aumentando a proteção contra fraudes, falsificações e manipulações.
Em linhas gerais, Marcela Pinori explica que a tokenização será essencial para que o setor possa enfrentar os desafios futuros da agricultura.
“No futuro teremos a necessidade de aumentar a produção de alimentos de forma sustentável para uma população global em crescimento e a tokenização pode ajudar”.
Tendências da tokenização do agronegócio
Com a popularização do uso de tokens no agronegócio, o mercado espera que mais ativos agrícolas sigam este caminho, como contratos de arrendamento, cotas em cooperativas agrícolas, água para irrigação, entre outros.
Isso ampliará as opções de financiamento e investimento no setor agrícola. Também, é possível que a tokenização se integre com dispositivos IoT, permitindo a captura e tokenização de dados em tempo real sobre condições ambientais, qualidade do solo, crescimento das culturas, entre outros.
Outra novidade será o aumento das plataformas dedicadas ao comércio de tokens agrícolas, que poderá facilitar a liquidez e a negociação de tokens entre produtores, investidores e outras partes interessadas.
Além disso, a tokenização poderá ser utilizada para rastrear e certificar práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de práticas orgânicas, métodos de cultivo regenerativo e gestão eficiente de recursos hídricos, entre outros.
Alguns desafios precisam ser superados
Mesmo com muitas possibilidades, a tokenização do agronegócio ainda enfrenta alguns desafios importantes.
Um dos principais é a criação de um ambiente regulatório claro e consistente. “A tokenização de ativos agrícolas envolve questões jurídicas complexas, como propriedade digital, responsabilidade legal e conformidade com normas de segurança alimentar e ambiental”, salienta Marcela Pinori.
Outro grande desafio citado pela diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa é educacional.
“Temos que avançar na questão educacional para que o mercado abrace completamente os agrotokens. Muitos produtores podem não estar familiarizados com tecnologias de blockchain e tokenização e os benefícios que elas podem aportar na agricultura”.
A segurança cibernética também representará um grande desafio na concepção da diretora da Visa. “Como todas as transações na blockchain são públicas e imutáveis, se tornará crucial garantir a proteção dos tokens e os dados associados contra hackers e ataques maliciosos”.
Por outro lado, mesmo com estes desafios, as oportunidades são vastas, especialmente em termos de acesso ao financiamento, transparência na cadeia de suprimentos e inovação tecnológica no agronegócio.
“Com o desenvolvimento adequado e a adoção crescente, os Agrotokens têm o potencial de transformar positivamente o setor agrícola brasileiro e global”, finaliza Marcela.
Inteligência Artificial no Agro: o futuro do campo já chegou? Descubra o que pensa Silvia Masshurá sobre isso neste artigo
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