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Importação de fertilizantes: como lidar com as incertezas do mercado externo?

Article-Importação de fertilizantes: como lidar com as incertezas do mercado externo?

Uso de fertilizantes na agricultura
Entenda os impactos da guerra na Ucrânia na importação de fertilizantes da Rússia e confira recomendações para lidar com a insegurança no fornecimento desse insumo

O Brasil é um grande importador de fertilizantes agrícolas. Cerca de 85% do adubo utilizado em nossa vasta agricultura vem de outros países. Com a dependência do agronegócio brasileiro em relação a esses produtos, a importação de fertilizantes fica naturalmente vulnerável a oscilações do mercado externo. A Rússia, uma das maiores produtoras de fertilizantes do mundo, também é a maior fornecedora de adubos para o Brasil.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a insegurança do produtor rural brasileiro sobre os impactos do conflito na compra desse insumo tem aumentado. 

Neste artigo, nós respondemos às principais dúvidas sobre a importação de fertilizantes pelo Brasil, e apresentamos, ainda, recomendações para lidar com as incertezas do mercado externo em relação ao fornecimento de adubo. Acompanhe!

Quais são os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia na importação de fertilizantes?

Com os impactos da instabilidade internacional na cadeia de abastecimento global, a principal tendência é de aumento nos preços dos fertilizantes para o produtor na próxima safra. "Do ponto de vista de estoques, a Agência Nacional para Difusão de Adubos e o Ministério da Agricultura têm afirmado que os estoques são suficientes para as safras de inverno, então a grande preocupação realmente é com as safras de verão [2022/2023]", observa Angelo Salton, analista de pesquisa sênior na área de fertilizantes.

Os especialistas preveem, também, um aumento no custo do transporte desse insumo. Angelo destaca que, além das sanções econômicas às empresas russas, as sanções logísticas também são um fator que afeta significativamente o fornecimento do produto para outros países. "Todas essas restrições fazem com que as limitações no fornecimento de fertilizantes ao Brasil seja um risco real, ao que as empresas já estão respondendo — tanto em termos de preço quanto de renegociação com seus agricultores", comenta.

Os resultados, de qualquer maneira, dependem dos desdobramentos do atual conflito. “Vai depender de quanto tempo essa guerra irá durar. Na medida em que ela se torna crônica, ou seja, de longo prazo, nós podemos ter um problema maior com possibilidade de calote russo, aumento do preço do petróleo lá fora, e tudo isso implica o custo dos fertilizantes aqui no Brasil”, observa o doutor em economia e professor universitário Hugo Eduardo Meza Pinto. 

Quais os tipos de fertilizantes utilizados na agricultura brasileira?

Os fertilizantes são divididos, basicamente, em adubos orgânicos e minerais. Enquanto os orgânicos são feitos de resíduos animais e vegetais, os adubos minerais são produzidos a partir da extração de minérios ou do refino de petróleo.  

Os principais adubos minerais compõem os chamados “fertilizantes NPK”. Essas três letras são, respectivamente, os símbolos dos elementos químicos nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).  

Esses elementos estão entre os mais importantes nutrientes para as plantas e, por isso, os compostos à base de nitrogênio, fósforo e potássio estão entre os fertilizantes mais utilizados na produção agrícola — com destaque para as plantações de soja, milho, cana-de-açúcar e café. 

Que tipos de fertilizantes o Brasil importa da Rússia?

Cerca de 25% dos fertilizantes importados pelo Brasil são provenientes da Rússia. Isso corresponde, somente no ano de 2021, a 9,2 milhões de toneladas de adubo importado desse país. O Brasil importa da Rússia compostos fosfatados, nitrogenados e potássicos. 

Os fertilizantes correspondem a mais de 60% do total de produtos russos importados pelo Brasil, com um crescimento de aproximadamente 20% ao ano na compra desse insumo

A Rússia é responsável por cerca de 16% do total de exportações de fertilizantes em todo o mundo. É a segunda maior exportadora de adubos nitrogenados do mundo, e fica na terceira posição entre os maiores fornecedores globais de fertilizantes fosfatados e potássicos. 

Que outros países fornecem fertilizantes para o Brasil?

Além da Rússia, o Brasil compra fertilizantes de países como China, Canadá, Belarus e países do Oriente Médio. Em 2021, cerca de 14% do total de fertilizantes comprados pelo Brasil vieram da China.

Já o Canadá e o Marrocos correspondem, juntos, a cerca de 20% de todo o adubo exportado para o Brasil. 

Confira alguns dos países fornecedores de fertilizantes para o Brasil e os tipos de adubos importados:

  • Rússia: fertilizantes NPK (nitrogenados, fosfatados e potássicos); 
  • China: nitrogenados e fosfatados 
  • Canadá: potássicos (o país é destaque na exportação mundial de cloreto de potássio); 
  • Belarus: potássicos; 
  • Marrocos: fosfatados.

Por que o Brasil depende da produção externa de fertilizantes agrícolas?

Apesar da grande representatividade de outros países no volume de fertilizantes adquiridos, o país também tem produção interna do insumo —  porém, em quantidades bem menores. Entre janeiro e novembro de 2021, o Brasil produziu cerca de 6,3 milhões de toneladas do insumo, de acordo com dados da Agência Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Já o volume de fertilizantes importados em 2021 pelo país chega a 41,6 milhões de toneladas.

Entre os motivos para a baixa autossuficiência está a ociosidade de fábricas produtoras de matérias-primas utilizadas nos fertilizantes, como a ureia. "O produto produzido domesticamente não era competitivo, especialmente falando em nitrogenados, então o importado chegava para o agricultor mais barato", acrescenta Angelo.

Outra dificuldade apontada por especialistas é no escoamento de gás natural, que é utilizado na produção de fertilizantes nitrogenados. Mudanças recentes na legislação, no entanto, podem ajudar a viabilizar projetos nesse setor.

"Acredito que hoje o cenário seja bem mais positivo com o Marco Regulatório do Gás Natural; as empresas têm mais liberdade para transferir e fornecer o produto que vem da Petrobras para seus clientes", explica Angelo.

Existem alternativas internas que poderiam resolver a alta dependência de fertilizantes importados?

Para minimizar a dependência brasileira de fertilizantes de outros países, políticas de incentivo à produção interna do insumo têm sido desenvolvidas. Uma dessas ações é o Plano Nacional de Fertilizantes, que visa facilitar a produção nacional desse insumo. Mas o programa, que foi lançado pelo governo federal no dia 11 de março, é visto como uma solução de longo prazo.

“O Brasil não tem como substituir, prontamente, essa falta de oferta, então há uma dependência em curto prazo”, explica o professor Hugo Eduardo Meza Pinto. “Em longo prazo, a tendência é fazer essa substituição por produtos nacionais, mas vai depender do prolongamento da guerra”, completa.

Como lidar com as incertezas na importação de fertilizantes?

"Se o agricultor, por um lado, está preocupado e quer buscar os fertilizantes o quanto antes, por outro ele também está vendo que existe uma valorização de commodities", afirma Angelo. "Então ele pode jogar com isso e aguardar um pouco mais na busca de uma relação de troca mais positiva".

Diante desse cenário de insegurança quanto ao fornecimento de insumos, o produtor rural pode adotar algumas estratégias para aumentar sua rentabilidade e evitar, da melhor forma possível, prejuízos futuros causados pela instabilidade internacional. Veja algumas sugestões:

De olho na cotação do dólar

Para os produtores que fecham acordos internacionais e lidam com maior frequência com o dólar, uma sugestão é aproveitar os períodos de queda na cotação. “Uma dica pode ser fazer contratos estabelecendo preços de dólar baixos, aproveitando, então, qualquer tipo de queda para fazer um contrato, ou comprando dólar para se precaver se ele aumentar depois”, comenta Hugo.

Aproveite a alta dos preços para buscar oportunidades de venda no mercado internacional

Além de fertilizantes, a Rússia também é fornecedora internacional de commodities e suas instabilidades podem trazer possibilidades de venda no mercado externo para o produtor brasileiro a preços bem atrativos. Por isso, outra sugestão é observar novas demandas no mercado internacional, que podem eventualmente se tornar oportunidades de negócio.

“Com a Rússia de alguma forma sendo impactada negativamente com a guerra, a oferta de commodities no mundo também sofre alterações. Pode aumentar o mercado [internacional] para o Brasil, de alguma forma”, Hugo observa.

Observe as demandas e considere também novas possibilidades no mercado nacional

Hugo também comenta que, além do mercado internacional, a demanda nacional pode gerar oportunidades interessantes para os produtores. “O mercado interno continua consumindo, e espera-se também que a inflação possa dar uma recuada por conta do aumento da taxa de juros. Então, desse ponto de vista, o mercado interno torna-se interessante”, avalia.

Considere alternativas para adubação

Com o cenário atual, a tendência é que haja aumento da procura por alternativas aos adubos mais utilizados na agricultura. "Vale buscar alternativas com os adubos orgânicos, os fertilizantes especiais, que obviamente devem ganhar muito espaço este ano", conclui Angelo.

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