Em fevereiro comemora-se o Dia Mundial do Feijão e Pulses. Fazem parte desse grupo de alimentos as leguminosas consumidas secas, que além do feijão comum, englobam o feijão-caupi (feijão-de-corda), ervilha, lentilha e grão-de-bico.
A criação desta data, ocorrida em 2016, tem o objetivo de incentivar a produção e consumo desses grãos, contribuindo com a segurança alimentar.
Ricas em proteínas, as pulses possuem altas quantidades de fibras, vitaminas e aminoácidos, contribuindo para a melhoria da nutrição e saúde, reduzindo casos de desnutrição, diabetes, obesidade e a fome mundial.
Assim, no mês em que se comemora o dia do feijão e do pulse, conversamos com Gerson Cazentini Filho, engenheiro agrônomo e diretor da CATI Sementes e Mudas, para falar sobre essas sementes secas de leguminosas que impactam positivamente com a segurança alimentar mundial.
Pulses são uma importante ferramenta da alimentação mundial
Muito comuns na dieta humana mundial, pulses é o nome dado às sementes secas de leguminosas utilizadas na alimentação.
No Brasil, Gerson Cazentini Filho destaca que as pulses são representadas principalmente pelos feijões, grão-de-bico, lentilha e ervilha. “As Pulses são vegetais do grupo das leguminosas, ricos em proteínas, fibras e aminoácidos”.
Também são excelentes fontes de micronutrientes, apresentando baixos níveis de gordura e sem colesterol. “As Pulses geram saúde e até salvam vidas da desnutrição, do diabetes, da obesidade e da fome no mundo todo. Eles têm potencial para erradicar a fome, tendo destaque na segurança alimentar e na nutrição”, afirma Cazentini.
Também proporcionam saciedade por mais tempo, diminuindo a vontade e a necessidade de outras refeições. “Consumir mais leguminosas é uma excelente forma de começar a ter uma vida mais saudável. Certamente representam a alimentação do futuro”, complementa o diretor.
Por essas características, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) tem considerado as pulses como alimentos relevantes para o combate da fome mundial a ponto de estimular o seu consumo.
E uma das formas de reafirmar o papel desses alimentos, ampliando a consciência mundial sobre seus benefícios, foi a criação do dia da pulses, comemorado todo dia 10 de fevereiro.
Pulses na agricultura: benefícios ambientais e agrícolas
Na produção agrícola, as pulses contribuem, segundo Cazentini, positivamente para a manutenção do meio ambiente. E várias razões comprovam isso.
Com um ciclo geralmente curto, Cazentini explica que o cultivo dessas leguminosas secas necessita de um volume menor de água ao se comparar com a soja. “Para termos uma ideia, o cultivo de pulses exige cerca de 330 lts/kg, já a soja tem uma exigência de 1.700 lts/kg”, compara.
Para o solo, fixam o nitrogênio através da simbiose com bactérias, evitando um alto consumo de nitrogênio em cobertura, melhorando a absorção do carbono o que contribui para a diminuição do efeito estufa.
Segundo destaca o pesquisador, as pulses são também uma ótima opção para rotação com as outras culturas, melhorando a fertilidade do solo com o resíduo de sua palhada, além de elevar o rendimento das outras culturas subsequentes, principalmente quando for uma gramínea, alterando a extração de nutrientes do solo.
Com a rotação, o grupo de pragas e doenças também são diferentes entre pulses e leguminosas. “Isso ajuda a diminuir a pressão da ocorrência pela diversificação, tornando o controle mais eficiente com um menor uso de agroquímicos no controle”, destaca Cazentini.
Desafios e oportunidades para o cultivo de pulses no Brasil
No Brasil, as pulses mais consumidas são os feijões, tanto o comum quanto o feijão-caupi, que junto com o arroz, representa a base da alimentação da população.
Sete entre dez brasileiros consomem feijão todos os dias, fazendo dele o prato-símbolo da nossa cultura gastronômica.
Nas últimas décadas, graças ao melhoramento genético e melhorias de manejo, houve uma expansão em sua produção, com o feijão brasileiro se destacando também como produto para exportação.
“O Brasil é o maior produtor e consumidor de feijões do mundo, produzindo e consumindo 3,4 milhões de toneladas ao ano. Com sua expertise na produção de feijões, o Brasil vem exportando para todos os continentes, onde a cultura vem ganhando expressão no agronegócio do país”, afirma Gerson Cazentini.
Porém, mesmo com números positivos tanto do feijão quanto das demais pulses, há ainda desafios a serem superados.
Na opinião do diretor da CATI, o grande desafio é aumentar o consumo dos feijões e pulses. Para isso, a diversificação dos cultivares, é uma boa opção.
“Podemos variar com os pratos típicos de feijão de cada região: desde o branco, vermelho, tigre, fradinho, mungo, Carioca, o preto; até as outras espécies de Pulses, como o grão de bico, a lentilha, a ervilha”.
Portanto, o horizonte de oportunidades é enorme para as pulses e todos, dentro de suas características, são cultivados no Brasil. “O crescimento do consumo e da produção dependem de um trabalho de divulgação do valor nutricional, além da popularização da diversidade de pratos que podem ser realizados com as Pulses”.
Já no mercado externo, temos um vasto horizonte de expansão. Mas, para alcançar novos mercados, temos que respeitar as características de cada região na difusão do consumo de pulses com a oferta de uma proteína barata e que contribui com a melhoria da qualidade alimentar dos países.
Diante de todos os benefícios, comemorar o dia mundial do feijão e das pulses faz todo o sentido, já que possuem um papel importante como alimentos sustentáveis e relevantes para o combate da fome mundial.
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