O encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, realizado em outubro de 2025, resultou em uma trégua comercial que promete movimentar o mercado agrícola global. Entre os principais pontos do acordo estão a retomada das compras chinesas de produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo soja, sorgo e energia, além de medidas de cooperação em segurança e redução de tarifas.
A China se comprometeu a adquirir 12 milhões de toneladas de soja americana na safra 2025/26, com uma meta mínima de 25 milhões de toneladas por ano nos próximos três anos. A notícia impulsionou os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT), que subiram 85 centavos por bushel até o final de outubro. Por outro lado, os prêmios da soja brasileira recuaram, refletindo a expectativa de embarques americanos para o país asiático.
Impacto no Brasil: competitividade mantida
Apesar da movimentação no mercado internacional, o Brasil segue competitivo. A projeção de uma safra recorde de 178 milhões de toneladas e o potencial de embarque superior a 110 milhões de toneladas colocam o país em posição estratégica. A janela de vantagem para os EUA é curta — entre dezembro e janeiro — e, após esse período, o Brasil retoma a liderança em custo e disponibilidade.
Além disso, a queda nos prêmios brasileiros pode atrair outros compradores asiáticos, ampliando a demanda pelo grão nacional. Mesmo com margens de esmagamento e produção de suínos pressionadas na China, o Brasil se beneficia da alta oferta e da logística eficiente.
Oportunidade e cautela para o produtor
A valorização da soja na CBOT representa uma oportunidade para os produtores brasileiros adotarem estratégias de proteção e avançarem nas vendas da próxima safra, que ainda estão atrasadas. A Consultoria Agro do Itaú BBA sugere o uso de derivativos, como a estrutura “seagull / 3way”, para limitar perdas e aproveitar bons momentos de mercado.
Perspectivas e volatilidade
O mercado da soja deve continuar volátil, influenciado por fatores como o ritmo de embarques dos EUA, a demanda chinesa e o desenvolvimento da safra sul-americana. A menos que haja uma quebra de safra — não prevista no momento — os preços devem seguir pressionados para o produtor brasileiro.
Em resumo, a trégua entre EUA e China pode gerar ajustes temporários no mercado, mas o Brasil mantém sua posição de destaque no agro global, sustentado por uma safra robusta e pela confiança dos compradores internacionais.
Fonte: Radar Agro – Acordo EUA-China e o cenário da soja, Consultoria Agro Itaú BBA, outubro de 2025.
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