Na produção pecuária, a busca por alimentos com boa qualidade nutricional é essencial. Assim, quando as pastagens naturais não atendem às necessidades do gado, a silagem de milho surge como uma alternativa eficiente.
Este é um alimento volumoso conservado muito utilizado na dieta de bovinos, ovinos e caprinos que fornece energia, proteína e outros nutrientes essenciais. Logo, atende as necessidades nutricionais do gado.
No entanto, o máximo aproveitamento deste alimento depende da adoção de vários cuidados e processos.
Neste artigo, exploraremos todas as etapas da produção de silagem de milho de qualidade, desde o cultivo do grão até o armazenamento e utilização. Continue com a Agrishow!
O que é a silagem de milho?
Muito utilizada na pecuária nacional, a silagem é uma técnica de armazenamento decorrente da fermentação controlada da matéria fresca.
Quando o processo é bem conduzido, as perdas da qualidade nutricional da planta coletada são reduzidas.
Com isso, o produtor pode ter maior disponibilidade de material vegetal fresco, principalmente para alimentação animal em períodos de estiagem, em que o clima não é favorável à produção forrageira.
Na pecuária brasileira, a silagem de milho é amplamente utilizada. Isso se dá devido ao seu fornecimento de muita energia e proteína, além de fácil cultivo, quando comparado a outras plantas.
Suas principais características são:
- Alto valor energético, devido ao alto teor de amido;
- Boa digestibilidade;
- Alta produção de massa seca por área, o que resulta em grandes quantidades de silagem por hectare;
- Facilidade de colheita e armazenamento;
- Baixo teor de fibra, o que a torna mais palatável e digestível.
Mas afinal, como fazer uma silagem de milho de qualidade?
Segundo especialistas, uma boa silagem de milho depende do acompanhamento e condução de quatro etapas:
- Plantio e condução agronômica;
- Colheita;
- Ensilagem;
- Densilagem e fornecimento.
Para especialistas, estas quatro fases se complementam, ou seja, quaisquer falhas em uma delas afetará a qualidade final do produto.
Veja detalhes e recomendações:
Plantio e condução agronômica
A escolha das variedades de milho é o primeiro passo para uma silagem de sucesso. Afinal, nem sempre são as mesmas utilizadas nas lavouras de grãos.
Apesar dos grãos serem parte importante para a quantidade de energia da silagem, há que se atentar para a sua digestibilidade.
Assim, variedades híbridas de ciclo curto a médio, com alto potencial de produção de matéria seca e boa qualidade nutritiva são as mais indicadas.
Recomenda-se o uso de híbridos que tenham a capacidade de produzir grãos dentados e não grãos duros. Eles apresentam características que aumentam a qualidade da silagem, como:
- Maior proporção de endosperma farináceo em comparação ao vítreo;
- Maior facilidade de gradação em água;
- Maior disponibilidade ao animal, resultando em maior teor energético;
- Maior digestibilidade.
Escolhido o híbrido e feito o plantio (que deve seguir as mesmas recomendações do milho para grãos), o próximo passo é a adubação adequada.
Ela é fundamental para garantir o desenvolvimento vigoroso das plantas e a produção de biomassa. Importante alertar que a adubação e a correção do solo não são as mesmas realizadas para a produção de grãos.
Já a irrigação, quando necessária, deve ser realizada de forma eficiente para evitar o excesso de água, que pode prejudicar a qualidade da silagem.
Colheita
Com a lavoura bem desenvolvida, chega uma das etapas mais importantes para ter uma silagem de milho de qualidade: o ponto de colheita!
Diversos estudos destacam que o ponto ideal de colheita é atingido quando a planta possui 30-35% de matéria seca (MS) ou 65 a 70% de umidade. Geralmente, esse estágio é alcançado quando a linha do leite está entre 1/2 e 2/3 do grão.
A recomendação, neste caso, é realizar frequentemente a avaliação da área. Faça isso em várias espigas e pontos da lavoura.
Quanto à altura de corte, outros estudos destacam que o melhor custo-benefício é alcançado em torno de 25 cm do solo. Com essa medida:
- Evita-se a quebra das facas e danos por detritos espalhados no solo;
- Melhora a qualidade de fermentação;
- Melhora o rendimento de massa/ha.
Por fim, para uma boa ensilagem, as partículas da forragem devem ficar em torno de 0,5 cm e 1,5 cm. Esse ajuste:
- Facilita a compactação da silagem e diminui os bolsões de ar;
- Melhora a fermentação;
- Aumenta a digestibilidade;
- Facilita o processamento de grãos.
Tanto na altura quanto no tamanho das partículas o uso de equipamentos de qualidade, como colheitadeiras e picadoras é essencial. Eles são utilizados para realizar a colheita e picagem do milho.
Ensilagem
Após a colheita e transporte para o local final, procede-se com a ensilagem. Essa é a etapa mais importante, pois influencia diretamente a qualidade do alimento.
A ensilagem é um processo biológico no qual microrganismos anaeróbios fermentam os açúcares presentes na planta, produzindo ácido lático.
Ele reduz o pH da massa, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis e conservando a forragem.
O enchimento do silo deve ser feito de forma a distribuir camadas uniformes. Elas devem ser espalhadas de forma a ficarem inclinadas em direção à entrada do silo ou porta.
Já a compactação deverá ser feita com passagens consecutivas do trator sobre a massa já distribuída. A função do processo é:
- Expulsar o ar;
- Controlar a respiração e a elevação da temperatura;
- Favorecer a ação das bactérias produtoras de ácido láctico;
- Promover o rápido abaixamento do pH do material ensilado.
Ainda na ensilagem, a adição de aditivos é outra estratégia que pode trazer excelentes resultados.
Estes produtos, comerciais ou não, podem reduzir perdas de nutrientes, estimular ou inibir fermentações, ou interagir no valor nutritivo da planta ensilada.
Neste caso, é importante considerar o custo-benefício e a aplicabilidade do produto adotado.
Densilagem e fornecimento
A abertura do silo (densilagem) é uma etapa crucial na produção da silagem de milho, pois influencia diretamente na qualidade do alimento e nas perdas.
É importante realizar esse processo de forma correta para garantir a conservação da silagem e evitar problemas, especificamente, como o desenvolvimento de fungos e leveduras, que podem afetar a saúde dos animais.
A primeira recomendação é esperar o tempo de fermentação, que é de 30 dias, após o fechamento do silo.
Também é importante conferir a temperatura da silagem. Se ela estiver muito quente, é sinal de que a fermentação ainda ocorre.
Feito isso, chega o momento de abrir o silo. Recomenda-se retirar uma fatia vertical uniforme da “face do silo”, expondo a menor área possível ao ar.
Também é recomendável:
- Em locais com maiores temperaturas, retirar de 30 a 35 cm por dia;
- Evitar o acúmulo de silagem solta na base da face. Esse resíduo pode ser vulnerável a decomposição aeróbica;
- Descartar a silagem deteriorada.
Vale reforçar que a quantidade e a forma de inclusão da silagem na dieta variam de acordo com a idade, a categoria animal e os objetivos da produção.
Por fim, é importante destacar que as silagens de boa qualidade dependem de práticas de manejo integradas, do plantio ao fornecimento ao gado.
A negligência de um procedimento pode levar a uma descontinuidade de um processo adequado de preservação da forragem, comprometendo todo o sistema.
Ou seja, planejamento e conhecimento técnico são a chave para uma silagem de milho de qualidade.