O cultivo do tomate é muito comum no Brasil! É também um dos alimentos mais consumidos no país, estando presente tanto em pratos do dia a dia quanto em receitas sofisticadas. 

Rico em licopeno, vitaminas A e C, potássio e antioxidantes, o fruto tem grande importância nutricional e econômica. 

No entanto, seu cultivo exige uma série de cuidados ao longo de todo o ciclo produtivo, desde a escolha das sementes até os processos pós-colheita.

Por isso, a Agrishow Digital elaborou este artigo com os principais cuidados que produtores, técnicos e entusiastas devem considerar para garantir uma produção saudável, rentável e sustentável do tomate. Vamos lá?

O que é o tomate?

Apesar de ser amplamente consumido como legume, o tomate é, botanicamente, um fruto da planta Solanum lycopersicum, pertencente à família Solanaceae, a mesma do pimentão, da batata e da berinjela. 

Originário da América do Sul, este é um fruto domesticado e popularizado a partir do México e da América Central, tornando-se hoje um dos cultivos hortícolas mais importantes do mundo.

No Brasil, a produção de tomate é de 4.166.017 toneladas, cultivadas em pouco mais de 59 mil hectares, gerando uma produtividade média de 70.598 kg por hectare, conforme dados do IBGE.

Do ponto de vista agrícola, o tomate é uma planta de ciclo anual, que pode ser cultivada em campo aberto ou em estufas. Possui crescimento determinado (quando para de crescer ao atingir um certo tamanho) ou indeterminado (crescimento contínuo, exigindo tutoramento e podas). 

Os frutos podem apresentar formas, tamanhos e cores variadas, com aplicações que vão desde o consumo fresco até o processamento industrial.

Dicas para alcançar o sucesso no cultivo de tomate

A produção do tomate é sensível a fatores como clima, solo, irrigação e manejo fitossanitário, o que exige um planejamento rigoroso para garantir produtividade e qualidade comercial.

Veja a seguir algumas dicas para alcançar o sucesso do cultivo:

Escolha das sementes e preparo do solo

Escolher a variedade certa é um dos primeiros passos para o sucesso do cultivo. A escolha deve partir dos objetivos: para salada ou para molho.

Para salada:

  • Tomate Carmem (ou Longa Vida): é o mais produzido e consumido no Brasil. Tem boa durabilidade, sabor menos intenso e mais ácido;
  • Tomate caqui (ou Maçã): frutos grandes, firmes e suculentos, com sabor adocicado e baixa acidez. Ótimo para saladas, sanduíches e vinagretes;
  • Tomate holandês: vendido geralmente com o ramo, tem sabor adocicado e baixa acidez;
  • Tomate Débora: versátil, com sabor equilibrado e textura firme;
  • Tomate-cereja: pequenos, doces e refrescantes. Ideais para saladas, aperitivos e decoração de pratos;
  • Tomate grape: similar ao cereja, mas com formato mais alongado, polpa mais firme e sabor adocicado. Ótimo para saladas e lanches;
  • Tomate Saladinha: termo genérico para tomates menores, firmes e saborosos.

Para molhos:

  • Tomate italiano (ou Roma): alongado, carnudo, com poucas sementes e baixa acidez. Considerado o melhor para molhos, pois resulta em preparações encorpadas e saborosas. Também bom para tomate seco e o drink Bloody Mary;
  • Tomate Débora: também pode ser usado para molhos, apesar de ter mais sementes que o italiano.

Outros tipos:

  • Tomate Santa Cruz: híbrido comum, de tamanho médio a grande, adaptável a diferentes condições e resistente a pragas;
  • Tomate Marmande: grande, com gomos, polpa densa e poucas sementes. Bom para consumo in natura e molhos;
  • Tomate Baby Italiano: similar ao italiano, mas em tamanho menor, com sabor e coloração intensos;
  • Tomate Campari: pequeno a médio, doce e suculento, com interior vermelho vibrante. Ideal para saladas sofisticadas;
  • Tomate Sweet Grape: doce e carnudo, similar a um minitomate italiano.

Também fundamental adquirir sementes certificadas, com alta taxa de germinação e adaptadas à sua região. 

O solo, por sua vez, deve ser fértil, bem drenado e ter pH entre 5,5 e 6,8. 

Antes do plantio, é recomendável realizar uma análise laboratorial para avaliar a necessidade de correções, como a aplicação de calcário para neutralizar a acidez e o uso de matéria orgânica bem curtida para melhorar a estrutura e a fertilidade do solo.

Plantio e irrigação

As sementes devem ser inicialmente germinadas em bandejas ou viveiros. 

As mudas estarão prontas para o transplante quando tiverem entre 10 e 15 centímetros, com cerca de quatro a seis folhas definitivas. 

O espaçamento ideal varia conforme o porte da planta e o sistema de condução adotado, mas, em geral, respeita-se uma distância de 40 a 60 cm entre plantas e 80 a 120 cm entre linhas.

A irrigação precisa ser eficiente e equilibrada. Os métodos mais indicados são a irrigação por gotejamento e a microaspersão, que proporcionam economia de água e evitam o encharcamento do solo. 

Para boas produções, é importante manter o solo sempre úmido, mas não saturado, principalmente durante a floração e frutificação.

Nutrição e sustentação das plantas

O tomateiro exige uma nutrição balanceada ao longo do ciclo. Nitrogênio, fósforo e potássio são os macronutrientes mais demandados, além de cálcio, magnésio e micronutrientes como boro e zinco. 

O uso de fertilizantes deve seguir um plano de adubação baseado em análise de solo e nas necessidades da cultura em cada fase.

Outro cuidado essencial é o tutoramento das plantas

Como o tomate tende a crescer e produzir frutos pesados, é necessário utilizar estacas, arames ou estruturas metálicas (gaiolas) para manter os ramos eretos e afastar os frutos do solo. 

Tal medida facilita os tratos culturais, melhora a ventilação e reduz a incidência de doenças.

Podas e desbrota

A poda correta contribui significativamente para o aumento da produtividade e para a sanidade do tomateiro. Há dois tipos:

  • Poda de formação: direciona o crescimento em hastes principais e facilita o manejo da lavoura; 
  • Poda de limpeza: retira folhas velhas ou doentes, favorecendo a entrada de luz e a circulação de ar.

A desbrota, por sua vez, é a retirada manual dos brotos que surgem entre o caule principal e as folhas. 

Esses brotos, conhecidos como “ladões”, consomem energia da planta e devem ser removidos para que os nutrientes sejam direcionados ao crescimento e frutificação principais.

Como fazer o controle de pragas e doenças?

Entre as principais pragas que afetam o tomateiro estão a mosca-branca, o tripes, a broca-do-fruto e os pulgões. Essas pragas podem causar danos diretos à planta e ainda transmitir viroses. 

Já entre as doenças mais comuns destacam-se a requeima, o míldio, a mancha-bacteriana e o pé-preto.

De acordo com a Embrapa, o controle não deve se restringir apenas ao controle químico ou biológico. Um manejo eficiente é obtido com a adoção das seguintes recomendações:

  • Adotar rotação de culturas;
  • Destruir os restos culturais imediatamente após a colheita;
  • Manter a lavoura livre de plantas daninhas e outras hospedeiras de insetos e ácaros;
  • Utilizar cultivares mais adaptadas à região. 

Colheita e cuidados pós-colheita: como proceder?

A colheita deve ocorrer quando os frutos apresentarem coloração vermelha em pelo menos 70% da superfície, o que indica maturação ideal para o consumo in natura. 

Em cultivos destinados à indústria, a colheita pode ser um pouco mais tardia.

O ideal é colher manualmente nas primeiras horas do dia, evitando o calor excessivo, e manusear com cuidado para não danificar os frutos. 

Após a colheita, os tomates devem ser limpos, lavados e classificados por tamanho e aparência. Depois, são armazenados em local arejado, fresco e protegido do sol, garantindo maior durabilidade e qualidade do produto.

Dicas extras de cultivo de tomate

Algumas técnicas complementares podem tornar o cultivo mais eficiente, seguro e produtivo. 

O consórcio com plantas como manjericão, alecrim ou cebola, por exemplo, ajuda a afastar pragas naturalmente e atrai polinizadores. 

A rotação de culturas com gramíneas ou leguminosas, por sua vez, é recomendada para quebrar o ciclo de doenças e preservar a fertilidade do solo.

Para quem cultiva em ambientes urbanos, o tomateiro pode ser plantado em vasos com no mínimo 30 cm de profundidade, desde que o substrato seja fértil, bem drenado e a planta receba luz solar por pelo menos seis horas por dia.