O maracujá é mais do que uma fruta tropical refrescante — é uma cultura de alto valor econômico e cada vez mais estratégica no agronegócio brasileiro. Do mercado in natura à indústria de sucos, cosméticos e medicamentos, o maracujá vem ganhando espaço por sua versatilidade e demanda crescente.

Segundo dados do IBGE, o Brasil produziu mais de 738 mil toneladas da fruta em 2024, movimentando cerca de R$ 2,6 bilhões. Com destaque para a Bahia, principal estado produtor, a cultura do maracujazeiro se estende por quase todo o país, gerando emprego, renda e oportunidades de diversificação para pequenos e médios produtores.

Mas, apesar de todo esse potencial, alcançar bons resultados na produção de maracujá exige muito mais do que vontade de plantar. Desde a escolha da variedade ideal até a condução da lavoura e o manejo da colheita, o sucesso depende de decisões técnicas bem fundamentadas e planejamento cuidadoso.

Neste artigo, você vai encontrar um guia prático e atualizado sobre como ter sucesso na produção de maracujá — seja do tipo azedo ou doce. Vamos abordar as melhores práticas desde o preparo do solo até a colheita, incluindo irrigação, poda, polinização, controle de pragas e até formas de agregar valor ao produto final.

Escolha certa começa pela espécie e variedade

Existem dois tipos principais de maracujá cultivados comercialmente: o maracujá azedo (Passiflora edulis), mais comum no mercado e utilizado principalmente para sucos, e o maracujá doce (Passiflora alata), voltado para o consumo in natura e nichos gourmet.

Entre as variedades comerciais mais plantadas estão:

  • BRS Gigante Amarelo: Alta produtividade e resistência a doenças.
  • BRS Rubi do Cerrado: Indicado para regiões mais secas.
  • BRS Pérola do Cerrado: Excelente sabor e aroma, ideal para mercados exigentes.

A escolha da cultivar deve considerar clima, tipo de solo, destino comercial e resistência às pragas do maracujazeiro, especialmente a bacteriose e viroses.

Condições ideais para o cultivo de maracujá

O maracujazeiro é exigente em clima e solo. Ele se desenvolve melhor em:

  • Temperaturas entre 23 °C e 30 °C.
  • Precipitação média anual de 1.000 a 1.500 mm.
  • Solos bem drenados, leves e com pH entre 5,5 e 6,5.

Caso o solo esteja muito ácido ou pobre em nutrientes, é essencial fazer a correção da acidez e adubação de base, com auxílio de análise química do solo.

Implantação do pomar: planejamento é tudo

A implantação começa pelo preparo do terreno, que deve incluir subsolagem, aração e calagem, se necessário. O espaçamento ideal pode variar entre 3 x 2 metros a 4 x 3 metros, dependendo do sistema de condução adotado.

Os sistemas mais comuns são:

  • Espaldeira vertical: fácil manejo e menor custo.
  • Espaldeira em T: melhor exposição ao sol e ventilação.
  • Latada: utilizada em regiões com alta incidência solar.

Para 1 hectare, estima-se um custo inicial entre R$ 25 mil e R$ 35 mil, incluindo mudas, insumos, irrigação e estrutura de condução.

Nutrição adequada em cada fase da planta

A adubação de plantio é essencial para garantir o bom pegamento das mudas. Já na fase de formação, o foco está no crescimento vegetativo, exigindo maiores doses de nitrogênio. Na fase de produção, o potássio ganha destaque, influenciando diretamente na qualidade e tamanho dos frutos.

Deficiências nutricionais são facilmente percebidas por alterações nas folhas e no desenvolvimento da planta. A correção deve ser rápida, com orientação técnica, para evitar prejuízos.

Irrigação do maracujá: equilíbrio é a chave

Embora o maracujazeiro seja resistente à estiagem, irrigar nas fases críticas — como floração, frutificação e crescimento de frutos — é fundamental para manter a produtividade.

Os sistemas mais indicados são:

  • Gotejamento: ideal para economia de água e aplicação localizada de nutrientes.
  • Microaspersão: mais versátil em solos arenosos e terrenos planos.

O manejo da irrigação deve levar em conta o tipo de solo, clima e fase da planta, evitando tanto o excesso quanto a deficiência hídrica.

A importância da polinização no cultivo

O maracujá depende da polinização cruzada para a formação de frutos. Naturalmente, a polinização é feita por mamangavas e abelhas nativas, mas a presença desses polinizadores pode ser limitada em áreas extensas ou com uso intensivo de defensivos.

Por isso, técnicas como a polinização manual são recomendadas para garantir boa frutificação. Também é possível atrair polinizadores com plantas nativas, preservação de matas e instalação de ninhos artificiais.

Da colheita ao consumidor: cuidados pós-colheita

A colheita geralmente ocorre de 8 a 10 meses após o plantio. O ponto ideal é quando os frutos apresentam coloração amarela intensa e iniciam a queda natural.

A frequência de colheita ideal é de 2 a 3 vezes por semana. Após a colheita, os frutos devem ser classificados por tamanho e aparência, embalados em caixas ventiladas e armazenados em local fresco.

A conservação pós-colheita influencia diretamente o preço pago ao produtor, especialmente no mercado in natura.

Processamento e agregação de valor

Além do consumo direto, o maracujá tem grande potencial na indústria de:

  • Sucos e polpas congeladas
  • Doces e geleias
  • Produtos cosméticos e farmacêuticos (óleo da semente e casca rica em pectina)

O aproveitamento integral da fruta, aliado a certificações orgânicas ou de origem, pode ampliar mercados e melhorar a margem do produtor.

A produção de maracujá é uma alternativa viável, lucrativa e cheia de oportunidades para produtores que buscam diversificação. Com o planejamento correto, boas práticas agrícolas e atenção ao manejo técnico, é possível colher bons frutos — em todos os sentidos.

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