Agrishow faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

Ofensas ao Agro: 4 ações matadoras para prevenir

Article-Ofensas ao Agro: 4 ações matadoras para prevenir

Ofensas ao Agro-4 ações matadoras para prevenir.jpg
"A gente não controla o mercado; a gente controla aquilo que está sob a nossa responsabilidade". Confira a coluna de Lilian Dias sobre o agro, no mês de setembro, para a Agrishow Digital.

Mais uma vez, o Agro foi alvo de uma figura pública do meio artístico que viralizou nas redes sociais falando mal do setor. Pior: propôs o desafio de que a população parasse de tomar leite por uma semana, enquanto mostrava uma fazenda apresentando maus-tratos aos animais, sem sequer citar a origem de tais imagens. Eu, particularmente, amo o Agro e a Arte, mas o que vimos foi mais um triste capítulo da novela em que artistas difamam a atividade rural.

Não mencionarei o nome do ator, e nem falarei mal dele, porque a pergunta que coloco sob reflexão aqui, neste artigo, é: “Até que ponto continuaremos inertes a esses ataques?”. Não estou incentivando, de forma alguma, reações exacerbadas por meio de revides verbais violentos aos responsáveis por depreciar o Agro sem o menor critério, colocando todos os profissionais do setor no mesmo balaio. Pelo contrário, a proposta é diferente: em vez de o setor apenas reagir, como é costumeiro, é chegada a hora de começar a se antecipar ao movimento de desonra frente à agropecuária.

Antes, no entanto, de revelar as 4 ações matadoras para prevenir ofensas ao Agro, vamos entender e respeitar o verdadeiro papel da Arte para não incorrermos no mesmo comportamento dos opositores, que julgam sem conhecimento de causa. E o mais irônico de tudo é que a Arte e o Agro têm muita coisa em comum, uma vez que ambos são repetidamente desvalorizados injustamente.

É habitual, por exemplo, acharem que a vida de artista é fácil, que é moleza, que tudo é diversão e entretenimento. Porém, só quem conhece o árduo caminho até a formação profissional de um ator ou atriz é que sabe, verdadeiramente, que o processo não é nada glamouroso. Eu, pessoalmente, queimei a língua.

Em 2014, logo que concluí um MBA Executivo, focado em gestão de negócios, decidi que não voltaria a pisar numa sala de aula tão cedo, em virtude da quantidade de livros, trabalhos e apresentações orais que tive que fazer por dois anos seguidos. Quando terminei, fiz a seguinte promessa: “Daqui para frente, farei algum curso mais tranquilo, relaxante, talvez jardinagem, surfe ou até mesmo cultivo de bonsai”. Meus amigos ouviam e se divertiam com o desabafo.

Então, tive a brilhante ideia de cursar artes cênicas. Lá fui eu fazer uma bateria de testes até ingressar no teatro. A minha surpresa, logo que as aulas começaram, foi receber uma lista obrigatória de leitura dos mais variados autores: tinha russo, alemão, inglês e grego. Além disso, havia infinitas apresentações orais acompanhadas de figurinos que davam um trabalhão danado para confeccioná-los. O tiro saiu pela culatra: eu passei a estudar o dobro do que estudava no MBA.

O relato acima desmonta qualquer tese de que artista é vagabundo(a) ou de que não precisa estudar. Tanto a Arte quanto o Agro são fundamentais para qualquer país. Ambos retratam a cultura, o crescimento e o desenvolvimento do nosso povo. Melhor ainda: um traz alimento para o corpo; o outro, para a alma. Sorte a minha trabalhar em dois setores que amo, mas, ao mesmo tempo, é um grande azar, pois escuto xingamentos dos dois lados. Um dia, leio na Internet que a classe artística não presta, é canalha; noutro, que o Agro mata.

A segunda ironia é que o Agro não mata ninguém de fome, mas ser ator ou atriz no Brasil pode matar o profissional de fome, sim, infelizmente, por causa da escassez de oferta de trabalho e reduzido incentivo e patrocínio aos artistas anônimos. E digo infelizmente, porque, doa a quem doer, o papel da Arte é criticar, denunciar e conduzir a sociedade à reflexão sobre abusos que ocorrem àqueles que não têm voz para se defender. O dia que a Arte morrer, a população estará em grande perigo, pois, mesmo que não morra de fome, enquanto o Agro a alimentar, padecerá do mal da ausência de senso analítico, que é a tradução da morte em vida.

Entretanto, existem bons e maus profissionais em qualquer segmento; e o Agro e a Arte não estão livres disso. De um lado, temos grileiros e alguns péssimos produtores rurais, que preferem pagar mais caro para arrendar terra e realocar o gado, em vez de gastar menos preservando ou recuperando a própria pastagem. De outro, artistas que se esqueceram da importância dos estudos e da responsabilidade que recai sobre seus ombros como formadores de opinião.

Mostrar uma fazenda que pratica maus-tratos, sem dar nome aos bois, e ainda pedir à sociedade para que não beba leite, não é só destruir a imagem de uma classe de produtores de gado de leiteiro, como, pincipalmente, tirar o pão da mesa de mais de um milhão de famílias que dependem da atividade para viver.

E se você é do Agro, e entende que se indignar não tem efeito e que é preciso agir antecipadamente, anote as 4 ações matadoras para prevenir ofensas à atividade:

1 – Denunciar publicamente grileiros e fazendas que praticam atrocidades com animais, trabalhadores e o meio ambiente. Se produtores, consultores e representantes do Agro se manifestarem sobre as coisas erradas do setor, ganharão, automaticamente, a confiança da sociedade e se consagrarão como os primeiros a combaterem as más práticas no campo;

2 – Viralizar imagens e narrativas reais nas redes sociais sobre as boas práticas diárias no campo, conversando diretamente com a sociedade urbana – não só com o próprio Agro – e, mais uma vez, reconhecer nestes vídeos positivos que existe uma minoria que mancha a imagem do setor e que você, do Agro, também se indigna com as más ações;

3 – Promover, por conta própria, eventos educativos, abrindo a porteira para alunos de escolas públicas e privadas conhecerem um modelo de produção exemplar tanto na pecuária quanto na agricultura;

4 – Apoiar a Associação de Olho no Material Escolar”, associação que amplia o conhecimento de jovens e crianças sobre o agro brasileiro a partir da atualização do material escolar como também cria pontes entre o campo e o setor educacional.
Dito isso, você tem dois caminhos: continuar reclamando de quem fala mal do Agro ou adotar as 4 ações acima para enfraquecer futuras investidas contra o Agro. A decisão está em suas mãos. Então, seja você, do Agro, o protagonista de sua própria história.

A pecuária está ruim para você? Você vive reclamando pelos cantos? Com todo o respeito e carinho que tenho por você, que é produtor de uma atividade bem complexa, deixa eu lhe contar uma coisa: “A gente não controla o mercado; a gente controla aquilo que está sob a nossa responsabilidade”.

E se você é do tipo que vive à base de elogios e não admite os próprios erros para melhorar e avançar, pare de ler este artigo agora, porque ele não é para você. Este texto é para quem quer sofrer menos e resultar mais.

A dura realidade é que cada um tem a vida e o negócio que merece. Assim como a lei da semeadura, cada um só colhe exatamente o que planta. Se a pecuária está ruim para você, a culpa é sua e demais ninguém. Desculpe-me pela franqueza, mas a culpa é sua, por mais que doa em você ler isso, e por mais que doa em minha alma ter que escrever isso.

A culpa não é do mercado, não é do governo passado, não é do atual governo, não é do vizinho. A culpa, definitivamente, é só sua e, se você tiver coragem e interesse de mudar o seu cenário negativo, continue aqui comigo, até o fim deste artigo, para você entender o porquê de sermos culpados por tudo o que nos acontece.

Você pode até se vitimizar dizendo que está trabalhando feito um doido(a), de domingo a domingo, e é muito provável que realmente esteja fazendo isso. A pergunta é: “Você está trabalhando do jeito certo?”. Porque se não estiver, você vai morrer de trabalhar e nada vai melhorar.

Outra pergunta: “Você anota as suas métricas, você faz diagnóstico de pastagem, você faz adubação de pastagem, você faz análise de solo, usa algum aplicativo de gestão, você pesa seu animal com regularidade, você sabe exatamente o ganho ou perda de peso dele ou vive dando chutes e se surpreendendo depois? Você consegue se antecipar às possíveis doenças bovinas e faz um diagnóstico precoce ou só percebe depois que tudo foi para o brejo?”. Pense nisso tudo e responda, com fraqueza, se você vem gerindo a sua fazenda da maneira correta.

Muitas pessoas crescem ainda mais na crise, enquanto outras só ficam lamentando. Tem pecuarista que cresce mesmo em tempos difíceis porque planta na crise, ou seja, cuida do negócio como tem que cuidar antes, durante e depois da crise, e colhe prosperidade mais para frente, enquanto outros colhem amargura por não terem se organizado.

É fato, por exemplo, que a maioria dos pecuaristas não se prepara para o período da seca. Deixa correr frouxo e depois fica sem o alimento barato, que é o pasto, tornando-se refém dos altos custos dos grãos. Nesse caso, a culpa é do clima ou é de quem não se preparou com antecedência para enfrentar o período seco? Com o conhecimento certo em mãos é possível, pasme, ter pasto bom o ano inteirinho.

Quem se profissionaliza, se prepara, enfrenta bem a crise e ressurge ainda mais forte no período de abundância. Só pecuarista profissional passa de boa pela crise, porque cuidou bem da pastagem, da equipe e do bem-estar e da saúde animal muito antes, mas muito antes, para aguentar o tranco.

O amador só reclama o ano inteiro, porque é só o que sabe fazer. O amador sempre precisa arrumar um culpado para sua própria incompetência. E quem se junta para reclamar com ele, quem se contamina e espalha lamúria, é tão incompetente quanto. Fazer dinheiro quando a pecuária está em alta é fácil até para uma criança. É coisa de menino e de menina.

Homens e mulheres de verdade não reclamam, trabalham do jeito certo em todos os ciclos e se mantêm em pé quando a coisa aperta. Pode até balançar, mas não cai. Crise é para gente grande no sentido profissional, pois o mercado não exige que você seja grande em tamanho. Pelo contrário, você pode ser pequeno e, ainda assim, muito profissional. O que o mercado não tolera é gente amadora.

As pessoas perdem tempo com políticos de estimação, em vez de usarem melhor o seu tempo aprendendo e aplicando algo novo, ou edificante, que vai trazer algum resultado positivo e efetivo no próprio negócio ou carreira. Não existem salvadores da pátria. Existiu só Cristo, há mais de 2 mil anos. O restante, em sua maioria, só usa o povo em benefício próprio.

No fim, é você com você mesmo na hora que a coisa fica feia. É por isso que é importante buscar conhecimento, mas, atenção, porque conhecimento é poder somente quando aplicado. A prática faz a diferença. Não adianta fazer inúmeros cursos, assisti-los como se fossem série de TV, e não aplicar nada. Tudo continuará igual.

Conhecimento é poder e prosperidade somente na prática. Quem aprende e aplica, sai na frente. E, repito, pode até balançar na crise, mas não cai, mesmo com a arroba do boi lá embaixo e sofrendo pressão por parte dos frigoríficos. Quem se planeja, cuida do rebanho do jeito certo, garante uma pastagem saudável, tem mais poder de fogo no mercado para comprar e vender na hora certa e não em momentos de desespero.

Pegou essa semente de reflexão? Agora, plante. Sabe por quê? Porque todo pecuarista tem que ser um agricultor antes de ser pecuarista, seja para cuidar bem da pastagem como uma cultura, ou seja para plantar a gestão certa e colher resultados seguros no futuro.

Pare de procurar ou perguntar quem é o culpado. E a pergunta que você deve fazer é uma só: “Onde estou errando e como posso melhorar?”. Este é o ponto de partida para você estar preparado e rir da crise quando ela vier lhe assombrar novamente. O culpado está num único lugar: no espelho da sua casa.

Lilian Dias é comunicadora Agro, jornalista especializada no setor e geriu a redação das duas maiores emissoras de televisão do agronegócio brasileiro. Possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".
Site: www.novoagro.com.br e www.liliandias.com.br Instagram: @novoagrotv e @liliandias.agro Youtube: https://www.youtube.com/novoagrotv e https://www.youtube.com/liliandias E-mail: [email protected] e [email protected]

Os colunistas do Agrishow Digital são livres pra expressarem suas opiniões e estas não necessariamente refletem o pensamento do canal.

Ocultar comentários
account-default-image

Comments

  • Allowed HTML tags: <em> <strong> <blockquote> <br> <p>

Plain text

  • No HTML tags allowed.
  • Web page addresses and e-mail addresses turn into links automatically.
  • Lines and paragraphs break automatically.
Publicar