Nos últimos meses, principalmente pelo cenário que atravessamos devido à pandemia, é constante ouvir sobre digitalização e sobre os novos modelos de posicionamento e execução que ela traz consigo.

O campo ainda é dividido em duas realidades: de um lado, propriedades extremamente tecnológicas, com conectividade de ponta a ponta, mais atrativas e acessíveis aos jovens, principalmente porque possuem um grau de profissionalização e organização gerencial que permite que o processo de sucessão seja iniciado sem maiores intercorrências.

Por outro lado, uma parcela que ainda não está tão adepta à tecnologia assim. A gestão permanece no modelo tradicional e custa ceder espaço à inclusão de novas ferramentas de trabalho, carece de conexão de qualidade na propriedade e possui pouco controle das informações. As anotações não chegam a ser feitas em um sistema ou em planilhas, e a inovação por muitas vezes é vista como uma ameaça pelo gestor que não está disposto a sair da zona de conforto e acompanhar as céleres mudanças do setor.

Este segundo exemplo, de famílias mais tradicionais e menos tecnológicas, possui maiores dificuldades em iniciar e estruturar o planejamento sucessório em suas propriedades, porque não entendem que a tecnologia é uma aliada neste processo. Quanto mais organização e informação a propriedade tiver, mais facilidade eu tenho de transferir a gestão.

Com o avanço da digitalização, obrigatoriamente ocorreram disrupturas em modelos tradicionais de execução das atividades – e isso aconteceu também no campo.

O sucessor que em muitos casos tinha dificuldade de se inserir nas atividades dentro da propriedade, agora consegue, pela afinidade com a tecnologia, resolver demandas que a gestão tradicional não tem habilidade para solucionar.

Este tipo de situação aproxima o sucessor e o sucedido e coloca duas gerações colaborando para a continuidade do negócio: uma com a experiência da construção do legado, a bagagem dos anos e a vivência em crises e a outra com a inovação e a flexibilidade como características principais, que se somadas, só tendem a agregar para  negócio familiar.