Em mais uma da série de entrevista do Agrishow Pra Elas, da 30ª edição da Feira Agrishow, a anfitriã Andressa Biata recebeu Marcel Moreira, secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A entrevista abordou um tema crucial para o desenvolvimento do setor: as exportações agrícolas brasileiras.

Produtos tradicionais e novas fronteiras

O Brasil, tradicionalmente reconhecido como um dos principais exportadores globais de produtos agropecuários, tem trabalhado para manter e ampliar sua presença internacional. Segundo Marcel Moreira, além dos produtos já consolidados no mercado, há um esforço crescente para diversificar as exportações brasileiras.

“Nossa estratégia, obviamente, é continuar atuando para manutenção e ampliação do nosso mercado desses produtos tradicionais que a gente já exporta, como soja, café, milho, carnes – bovina, suína e de frango – açúcar, entre outros”, explicou o secretário. “Mas a gente também vê muita oportunidade em novos produtos, em novas fronteiras de acesso dos nossos produtos no exterior”, pontua.

Entre as apostas para o futuro, Moreira destacou produtos de maior valor agregado e itens da sociobiodiversidade brasileira, como cacau, cafés especiais, castanhas, açaí, ampliando o leque de opções para exportadores brasileiros.

Desafios para os produtores

Além das oportunidades de exportação, Moreira também explicou sobre os desafios enfrentados pelos produtores brasileiros no mercado internacional, tanto nas barreiras internacionais, quanto nas novas exigências.

“A gente tem as barreiras que são mais tradicionais em termos de barreiras tarifárias, que alguns países ainda aplicam. Tem também alguns países que aplicam restrições sanitárias, fitossanitárias, mas o Brasil tem um status privilegiado. Então a gente consegue avançar muito nessas negociações”, afirmou.

Questões de sustentabilidade também aparecem como desafios, embora o país tenha avançado significativamente nesse aspecto. O trabalho do MAPA tem mostrado resultados expressivos, com a abertura de 356 novos mercados para produtos do agronegócio brasileiro desde 2023.

Um desafio adicional, segundo Moreira, está relacionado à inexperiência dos produtores com certos mercados: “Muitos desses mercados abertos são de produtos que a gente não tem tanta maturidade exportadora, que a gente não está tão acostumado a colocar esses produtos no mercado internacional.”

Ferramentas para auxiliar os exportadores

Para superar esses obstáculos, o MAPA desenvolveu ferramentas específicas que visam aproximar os produtores das oportunidades internacionais. Duas iniciativas destacadas por Marcel Moreira são:

  1. Agro Insight – “São relatórios mensais sobre oportunidades de comércio que os nossos adidos agrícolas elaboram todo mês. Então, todos os meses saem 38 relatórios da área animal e 38 relatórios de oportunidades de produtos da área vegetal, que são amplamente divulgados e públicos”, explicou. Esta ferramenta está disponível no site do Ministério da Agricultura.
  2. Passaporte Agro – De acordo com o secretário, quando um novo mercado é aberto, é publicado “um documento também elaborado pelo adido agrícola, com um passo a passo de como acessar aquele mercado: requisitos de importação, questões de registros, habilitações, principais importadores, tendências de consumo.” Esta ferramenta é distribuída por meio das associações setoriais.

Sustentabilidade como eixo estratégico

Com a proximidade da COP 30, que será realizada no Brasil, a sustentabilidade torna-se um elemento ainda mais relevante para o futuro das exportações agrícolas brasileiras.

“A questão de sustentabilidade veio para ficar. É algo que está presente em todos os países hoje em dia”, pontuou Moreira. “O Brasil tem um aspecto muito importante, que é ser um dos poucos países que consegue agregar contribuições para os três grandes desafios que a gente tem na humanidade hoje: segurança alimentar, segurança climática e segurança energética.”

O secretário destacou o programa “Caminho Verde Brasil”, iniciativa do governo federal que pretende recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas nos próximos 10 anos, incorporando-os à agricultura com práticas sustentáveis obrigatórias.

“No futuro, o que a gente vê, que já está acontecendo, é isso: incorporar essas áreas dentro da nossa agropecuária, com práticas sustentáveis e com o objetivo de dobrar a nossa produção de alimentos, fornecendo segurança alimentar, segurança energética, segurança climática para o mundo”, concluiu.

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