Durante a Agrishow 2025, um dos destaques da programação do Agrishow Labs foi a palestra “COP 30: Oportunidades para o Agro Brasileiro”, com a participação de Ingo Plöger, vice-presidente da ABAG, e Francisco Matturro, presidente da Rede ILPF.

O encontro teve como foco discutir os caminhos e desafios para que o Brasil se consolide como protagonista global na agricultura tropical sustentável, em preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém (PA).

Quer saber mais sobre o que aconteceu nesse encontro, confira os destaques!

O Brasil como modelo global em agricultura tropical

Os palestrantes foram unânimes em destacar que o Brasil reúne condições naturais, tecnológicas e produtivas para liderar o desenvolvimento de uma agricultura sustentável voltada às necessidades do século XXI.

Segundo Plöger, “o Brasil, na área tropical, é líder. Outras regiões tropicais olham para nós como referência em soluções para agricultura de clima quente e úmido”.

Além disso, vice-presidente ressaltou a vantagem estratégica da localização do país: “Enquanto no hemisfério norte se planta durante sete ou oito meses por causa do inverno, no Brasil a agricultura funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano”.

Avanços tecnológicos e práticas sustentáveis

Matturro relembrou a trajetória de inovação no campo, citando a adoção do plantio direto, a segunda safra e os sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta (ILPF) como marcos na agricultura brasileira. “Com esses avanços, passamos a produzir com mais eficiência, protegendo o solo e garantindo sustentabilidade”, disse.

Ele também destacou o papel da ciência: “A agricultura começa no solo. Sem correção de acidez e boa estrutura, não adianta ter a melhor semente ou o melhor trator”, comenta.

 Matturro ainda explicou que este sistema combina:

  • Receita de curto prazo (lavouras de grãos)
  • Receita de médio prazo (pecuária)
  • Receita de longo prazo (floresta plantada)

“Integração Lavoura-Pecuária-Floresta vem fazendo isso. E ruminante precisa de sombra… Nós podemos falar que nessas áreas nós temos carne de carbono zero, grão carbono zero,” afirmou, referindo-se à capacidade desses sistemas de sequestrar mais carbono do que emitem.

COP 30: vitrine para mostrar soluções e influenciar políticas globais

A COP 30 foi apresentada como uma oportunidade estratégica para o Brasil reforçar sua imagem como potência verde.

Plöger explicou: “A conferência é uma chance de mostrar ao mundo as soluções reais que o Brasil já desenvolve, especialmente no setor agropecuário, com impacto positivo na segurança alimentar e na redução de emissões”.

Matturro reforçou que a atuação da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) busca pensar além do evento. “Não é sobre estudar para passar na prova, e sim para aprender de verdade. Estamos preparando um plano de longo prazo, com metas estruturantes para o agro e para o Brasil”, afirmou.

Durante o encontro, os palestrantes enfatizaram que o agro brasileiro deve ser reconhecido como parte da solução climática. “Muitas vezes colocam o agro como vilão, mas somos uma das poucas economias que produzem em escala e ainda preservam. O agricultor brasileiro preserva até 80% de sua área, dependendo do bioma”, destacou Matturro.

Outro ponto relevante foi o papel do Brasil no combate à fome global. “Nós temos áreas de pastagens degradadas que podem ser recuperadas e convertidas em sistemas produtivos eficientes, gerando alimentos com baixa emissão e alto valor agregado”, disse Plöger.

Inovação e digitalização como vetores de transformação

No espaço de inovação e tecnologia, o Agrishow Labs, os palestrantes não deixaram de destacar o papel da tecnologia para a evolução de todas as pontas do agronegócio brasileiro.

 “Hoje temos startups brasileiras usando inteligência artificial para reduzir o uso de herbicidas. É um salto tecnológico e ambiental”, comentou Plöger. Ele também ressaltou que a conectividade no campo será decisiva para impulsionar a agricultura digital: “Não é mais uma questão de futuro. Já está acontecendo”.

Matturro defendeu a valorização da agricultura em propriedades menores: “Não existe pequeno produtor, existe pequena propriedade. E muitas delas são extremamente eficientes e lucrativas quando há acesso à tecnologia”.

Ele citou como exemplo uma propriedade de 30 hectares no interior paulista equipada com oito tratores, cada um com uma função específica, como símbolo da produtividade de pequenas áreas bem geridas.

COP 30: oportunidade histórica para o Brasil

A realização da COP 30 no Brasil reforça o protagonismo do país no cenário ambiental e agropecuário global.

Com práticas sustentáveis, tecnologias avançadas e vocação natural para produção, o país tem a chance de se afirmar como uma potência verde comprometida com o futuro.

“A COP é um marco, mas o que realmente importa é o caminho que o Brasil está construindo. E esse caminho passa pela união entre ciência, tecnologia, políticas públicas e o engajamento de todos os atores da cadeia produtiva”, concluiu Plöger.

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