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Quais os impactos das alterações climáticas sobre a agricultura?

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As mudanças climáticas exigem muito planejamento para esse novo cenário dentro do setor agrícola

Não nos restam dúvidas de que as mudanças climáticas estão em curso. A prova dessas mudanças foi apresentada no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado recentemente.

Diante dos resultados deste relatório, Lincoln Alves, pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que as mudanças climáticas estão afetando todo o planeta de múltiplas formas. “Em algumas regiões da América do Sul, inclusive o Brasil, já há elevações de temperatura que ultrapassam a média global, chegando a 2 a 3ºC mais quente”.

Diante disso, uma questão que preocupa todo o planeta relaciona-se aos efeitos do aquecimento global sobre a atividade agrícola e o que precisa ser feito a curto e médio-longo prazos para que essas alterações climáticas não tragam maiores problemas à agricultura.

Impactos da elevação da temperatura sobre a atividade agrícola

Com o aquecimento global, a principal consequência é o aumento da temperatura média global, trazendo consigo eventos extremos de chuvas e secas, como explica Argemiro Teixeira Filho, pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). “Em suma, os dias extremamente quentes também estão cada vez mais comuns e tendem a aumentar”.

Neste cenário, Alves explica que a agricultura será fortemente afetada. “A elevação da temperatura média global afetará a atividade agrícola com forte intensidade em diversos aspectos”.

Já Filho explica que as mudanças climáticas podem reduzir a capacidade dos solos em absorver água. “Isso traz sérias implicações para o abastecimento de água subterrânea, produção e segurança de alimentos”, diz.

Ainda segundo o pesquisador da UFMG, os eventos extremos de chuva causados pelas alterações climáticas podem ocasionar:

  • Menos infiltração de água;
  • Mais escoamento e erosão.

“Essas ocasiões fazem com que o solo perca nutrientes por lixiviação, além de reduzir o potencial de irrigação”, complementa.

Tais mudanças climáticas podem induzir a perdas de matéria orgânica do solo, perturbando o balanço de entrada e saída de nutrientes, de modo a influenciar a produtividade dos sistemas agrícolas e reduzir a quantidade de terras agriculturáveis.

Exatamente por isso, adotar ações a curto e médio-longo prazo é fundamental.

Ações de curto prazo para frear o aquecimento global

Diante do relatório do IPCC, o pesquisador do INPE diz ser extremamente importante que o setor agrícola, diferentes níveis de governo e empresas se planejem em vários aspectos para uma nova realidade.

“Todos devem se planejar para mitigação da emissão de gases do efeito estufa. Para isso, as boas práticas relacionadas ao melhor uso e cobertura da terra são fundamentais”.

Além disso, Alves diz ser importante que o setor também crie medidas de adaptação para minimizar os impactos do aquecimento global, dada às projeções observadas.

“Estudos indicam que cada meio grau adicional (decorrente do aquecimento global) representa aumentos claros e perceptíveis quanto à intensidade de precipitações e secas de áreas agrícolas em várias regiões. Cabe ao setor de planejar para essa nova realidade”, diz.

Outra recomendação para mitigar a emissão de gases do efeito estufa é citada por Filho. Segundo ele é preciso desmistificar a história de que é preciso desmatar para aumentar a área plantada e consequentemente a produção.

“De forma prática, aconselho ao produtor que trabalhe corretamente o manejo, protegendo e favorecendo a reciclagem de nutrientes e não somente fazendo o uso de uma única cultura o ano todo, procurando conciliar ao máximo a preservação dos remanescentes florestais em sua propriedade”.

E para o longo prazo? Quais são as ações necessárias?

Nas terras agrícolas, é sabido que a mobilização do solo acelera a decomposição e a mineralização da matéria orgânica. Assim, para conservar o carbono e os nutrientes no solo as sugestões estão associadas a:

  • Redução da lavoura;
  • Fazer rotações complexas das culturas;
  • Uso de “culturas de cobertura”;
  • Deixar resíduos das culturas à superfície do solo.

Diante dessas sugestões, Filho reforça a necessidade de conciliar a produção agrícola com a preservação ambiental. Para isso, o caminho é a ciência.

Assim, o pesquisador da UFMG sugere algumas ações complementares para melhor conciliação. “Diversas estratégias podem ser implementadas para essa conciliação, entre elas, a adoção da integração entre a lavoura, a pecuária e floresta (ILPF) e a ampliação do sistema de plantio direto”.

Por fim, é preciso incentivar e criar a capacidade de adaptação das plantas cultivadas, seja pela via da mudança genética ou outros meios também relacionados à ciência.

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