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Por que adotar a ILPF para reduzir os impactos das mudanças climáticas?

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Os sistemas integrados, caso da ILPF, são excelentes estratégias para que produtores rurais consigam reduzir os impactos das mudanças climáticas decorrentes da atividade produtiva.

No dia 16 de março é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Essa celebração visa conscientizar a população sobre a importância das ações que diminuam o agravamento dos impactos das mudanças climáticas, caso da ILPF.

Por definição, a ILPF (Integração Lavoura Pecuária e Floresta) é uma estratégia que busca efeitos sinérgicos entre os componentes para melhor adequação ambiental, viabilidade econômica e a valorização das pessoas.

Exatamente por isso, a ILPF é uma grande aliada da sociedade para reduzir os impactos das mudanças climáticas.

Pecuária – Sempre foi conhecida pelos impactos ambientais causados

A pecuária é hoje uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil, com grande destaque para a pecuária bovina de corte realizada à pasto.

No entanto, a produção animal brasileira sempre foi vista pelos graves impactos ambientais por ela causados. 

Para termos uma ideia, a pecuária é responsável por cerca de 18% das emissões globais de gases que aumentam o efeito estufa, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

No Brasil, é também uma grande causadora da perda de biodiversidade e compactação do solo, levando-o à degradação, tanto que cerca de 70% das áreas de pastagens estão em algum estágio de degradação, segundo estimativas da Embrapa

Diante deste cenário e perante aos seus impactos sobre as mudanças climáticas, o Brasil tem um grande desafio: promover a produção de alimentos para atender a população crescente, sem abrir novas áreas.

E, dentre as estratégias mais eficientes neste sentido, a ILPF se destaca, principalmente por levar sustentabilidade às atividades e consequentemente contribuir com a mitigação das mudanças climáticas.

Sistemas integrados – Estratégias que levam maior sustentabilidade ao campo

Como visto, a implantação da ILPF é essencial para levar maior sustentabilidade à atividade agropecuária, mas ela é apenas um dos sistemas de produção integrados que pode ser adotado pelo produtor para tornar o sistema de produção mais sustentável.

Mas há outros sistemas integrados que merecem atenção, tais como:

Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Agropastoril

Este é um sistema de produção que integra espécies agrícolas e pecuárias, em consórcio, sucessão ou rotação em um mesmo ano agrícola ou por vários anos. É a modalidade mais adotada pelos produtores rurais, com aproximadamente 83% de adoção, principalmente pela maior facilidade de cultivo e retorno econômico que ocorre a curto prazo.

Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Silviagrícola

Neste sistema há a integração de espécies florestais em consórcio com cultivos agrícolas anuais ou perenes, sem a presença do animal. Cerca de 1% dos produtores adotam essa modalidade.

Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Silvipastoril

Um sistema de produção que integra pecuária (pastagem e animais) e espécies arbóreas, em consórcio. 

Essa modalidade é adotada por cerca de 7% dos produtores rurais, sendo mais comum em áreas que não possuem aptidão agrícola ou com topografia que dificulte o uso de maquinários agrícolas.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Agrossilvipastoril

A ILPF é uma estratégia de produção onde há o cultivo em uma mesma área de espécies agrícolas, florestais e pecuária. 

“Esse sistema de produção pode ocorrer em consórcio, sucessão ou rotação, com o objetivo de buscar efeitos sinérgicos entre seus componentes”, explica Marina Lima, Zootecnista e Técnica de Sementes e Sustentabilidade da SOESP.

Segundo a zootecnista, essa modalidade é adotada por 9% dos produtores rurais, com o componente agrícola restringindo-se ou não à fase de implantação das árvores.

Além disso, devido à grande variedade de culturas possíveis, os sistemas ILPF podem ser adaptados para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros.

Todos estes sistemas integrados são responsáveis por promover melhor uso da terra e ganho em produtividade, mas também é bastante benéfica ao meio ambiente, com a aplicação de uma série de medidas que reduzem o impacto das mudanças climáticas.

Para a especialista da SOESP, a utilização dos sistemas integrados resultará em uma série de benefícios ambientais, econômicos e sociais bastante importantes. 

A ILPF, por exemplo, é uma tecnologia que contempla os três pilares da sustentabilidade. Acredito que o futuro é integrado e dificilmente um produtor que adota a ILPF voltará a utilizar sistemas em monocultivo”, finaliza.

Benefícios gerados pelos sistemas integrados

Os sistemas integrados, caso da ILPF, podem trazer uma série de benefícios, tanto nos âmbitos agronômico, zootécnico e silvipastoril, quanto nos lados econômico, social e ambiental.

Inicialmente o solo terá maior quantidade de matéria orgânica, maior ciclagem de nutrientes, melhores condições para desenvolvimento de microrganismos, maior infiltração de água, menor perda de umidade e menor risco de erosão.

A lavoura, por sua vez, se beneficia da palhada deixada pelo capim e da descompactação do solo feita pelas raízes da forrageira. As árvores servem como barreira do vento, ajudando na redução da perda de umidade no solo.

Além disso, as raízes mais profundas de forrageiras e de árvores podem aproveitar insumos utilizados na lavoura e que lixiviaram para camadas mais profundas. Consequentemente, o capim será de melhor qualidade, beneficiando o desempenho animal.

Do ponto de vista econômico, essa diversificação de culturas traz mais segurança para o produtor. Também mantém o solo em uso durante todo o ano, gerando mais empregos no campo.

Por fim, mas não menos importante, os sistemas ILPF são ambientalmente corretos. Ao possibilitarem maior produção em um mesmo espaço, eles reduzem a pressão pela abertura de novas áreas. 

Além disso, este é um sistema capaz de emitir baixa emissão de gases causadores de efeito estufa e com potencial de sequestrar carbono, contribuindo para reduzir o aquecimento global e seus impactos nas mudanças climáticas.

Dicas para implantar um sistema de integração

Os sistemas de ILPF são naturalmente mais complexos que as lavouras de grãos. Por isso, é fundamental que o sistema seja corretamente implantado, para se evitar problemas de manejo no futuro.

Dessa forma, Flávio Wruck, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, faz um alerta importante. “A ILPF pode ser implantada em propriedades de qualquer tamanho, mas é preciso sempre buscar assistência técnica”.

Com o conhecimento adquirido, o pesquisador indica que o produtor deve aplicar alguns pontos:

Diagnóstico da área: Para saber qual é o modelo de integração mais adequado para a sua propriedade, o produtor precisa inicialmente fazer um diagnóstico completo da sua propriedade. 

Esse raio x envolve uma análise completa, desde as condições naturais até a infraestrutura. “Tem que fazer um inventário do que a fazenda possui: máquinas, animais, qual a especialidade dela, entre outros pontos”, afirma o pesquisador.

Planejamento: Com o diagnóstico em mãos, é hora de planejar qual modelo de sistema integrado a ser utilizado. 

O produtor vai descobrir que há uma modalidade de ILPF que mais se adequa a cada talhão da propriedade dele. Então será necessário encaixar, através do diagnóstico, a integração na propriedade”, alerta Wruck. 

O produtor também precisa implantar a ILPF em apenas uma parte da propriedade. “Sugerimos sempre que a integração seja feita aos poucos e que a extensão total seja dividida em pelo menos 5 anos agrícolas”, recomenda o pesquisador. 

Segundo o pesquisador, essa segmentação permitirá que o produtor ganhe conhecimento e experiência ao longo do tempo para que os erros iniciais sejam corrigidos.

Projeto técnico – Depois de feito o planejamento, é necessário elaborar o projeto técnico do empreendimento. Não existe um formato padrão que vale para todos os casos, então, cada projeto terá sua especificidade. 

Implantação, acompanhamento e análise – Nessa etapa, o sistema integrado sairá do papel. Por isso, alguns cuidados, principalmente quanto à gestão, merecem atenção, como explica Wruck. 

Este é um sistema complexo. Falamos que quando você implanta ILPF, você muda de prateleira, então muda gestão e planejamento”. 

O pesquisador reforça a necessidade de capacitação, já que um sistema ILPF só terá rendimento se for bem trabalhado. “Você pode produzir uma forragem excepcional depois da soja, mas se não tiver gado para comer, estará jogando dinheiro fora”, finaliza. 

Aproveite para entender mais sobre o mercado de carbono e suas oportunidades para o agronegócio brasileiro.

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