Esta sigla - decorrente das palavras Ambiental, Social e Governança na língua inglesa - já era conhecida dos mercados em geral, mas para muitos refletia apenas um conceito abstrato decorrente de uma utopia distante. Recentemente, ganhou importância ímpar e vem sendo incorporada aos mais diversos setores de atuação.
Novos projetos, grandes financiamentos e operações de mercado de capitais passaram a buscar este novo selo de qualidade. Reguladores alteraram regras vigentes e editaram novos normativos a fim de demonstrar sua preocupação com o tema.
O que poucos falam, no entanto, é que o agronegócio, setor que muitas vezes era genericamente taxado como responsável por diversas infrações aos princípios embutidos na sigla ESG, é que vem liderando as discussões sobre o tema, especialmente daqueles nos quais era mais atacado: Ambiental (Environmental).
Para todos envolvidos, ou que minimamente conhecem o setor, é apenas um singelo retrato dos fatos. Em razão da complexa legislação ambiental do nosso país, grandes agricultores, agroindústrias, tradings e bancos financiadores já seguiam e exigiam os mais elevados padrões ambientais internacionais. Com efeito, aproveitar uma tendência de mercado onde tal observância passa a ser premiada foi decorrência natural, resultando em excelentes oportunidades de obtenção de recursos por diversos players do setor.
Esse crescimento vem, vale mencionar, em um momento onde o relacionamento entre o setor e os mercados privados, financeiro e de capitais, já estava amadurecido. Os mercados entenderam e se adaptaram às necessidades do campo que, como sempre, mostrou sua enorme capacidade de flexibilidade e adaptação para adequar-se às mais diferentes estruturas.
Hoje o mercado aprendeu a fazer bom uso das Cédulas de Produto Rural (CPRs) e Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), tão úteis e conhecidos no campo. Em alguns casos, até mesmo as boas e velhas Notas Promissórias tem sido utilizadas para financiar produtores e revendas, por meio de estruturas de securitização envolvendo Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) ou Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
Ciente dos desafios ainda enfrentados, o Congresso Nacional aprovou recentemente, a e Comissão de Valores Mobiliários agilmente regulamentou, os Fundos de Investimento do Agronegócio (FIAgro), criando assim mais uma alternativa para facilitar a conexão entre o mercado financeiro e de capitais e o setor.
Com todo esse contexto, a discussão sobre a necessidade de mais recursos privados ao setor, que é um pleito antigo, parece finalmente encontrar uma solução – na verdade, um leque de soluções.
O efeito não poderia ser diferente: temos notado uma crescente e constante evolução do número de operações dos volumes envolvidos. Os recursos privados, antes escassos, passam a chegar e fluir com naturalidade no setor.
O “selo verde”, exclusivo daquelas ofertas que atendem aos requisitos ambientais aplicáveis e, portanto, perfeito para diversos players do setor, atrai investidores locais e internacionais. As estruturas mais modernas e flexíveis facilitam o dia a dia da formalização de documentos no campo e dão a investidores a celeridade e segurança necessária.
O resultado: sucesso das operações e aumento do apetite para novas empreitadas. Com esse cardápio recheado de opções, cabe agora aos diferentes players buscar aquelas se melhor se adaptam às suas necessidades e aproveitar o bom momento que, ao que tudo indica, será perene.