Você sabia que o cultivo de caqui tem ganhado cada vez mais espaço no cenário agrícola brasileiro? 

Isso se dá tanto pelo sabor adocicado e versatilidade da fruta quanto pela sua crescente valorização no mercado interno e externo. 

Originário da Ásia, essa é uma fruta que se adaptou muito bem ao clima brasileiro, com destaque para os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais.

Hoje em dia, o Brasil figura entre os principais produtores mundiais da fruta, com produção de mais de 165 mil toneladas, voltada principalmente ao mercado in natura. 

Você deseja iniciar ou aperfeiçoar seus conhecimentos sobre o cultivo de caqui, suas exigências e as boas práticas de manejo? Então este artigo é para você! Vamos lá?

O que é o caqui?

O caqui, cujo nome científico é Diospyros kaki, é uma fruta originária da Ásia, especificamente a China, pertencente à família Ebenaceae. 

Ele é rico em fibras, vitaminas A e C, e antioxidantes e se destaca pelo sabor doce e textura macia. 

Existem diferentes variedades com características distintas, sendo algumas adstringentes (precisam de tratamento pós-colheita para consumo) e outras não adstringentes, como o popular Fuyu.

O tamanho da fruta varia entre 6 a 10 centímetros de diâmetro. Já a sua forma pode ser arredondada, achatada ou ligeiramente oval, dependendo da variedade. 

A casca do caqui é fina e lisa, podendo apresentar diferentes tonalidades de cores conforme a variedade.

No Brasil, sua produção é de 165.344 Toneladas, colhida em 7.676 Hectares, resultando em um rendimento de 21.540 kg por Hectare, com dados de 2023 coletados pelo IBGE.

Principais variedades de caqui

Assim como em qualquer cultura, a escolha da variedade de caqui deve levar em consideração diversos fatores, principalmente as condições climáticas da sua região e o seu objetivo de mercado.

No Brasil, as variedades mais cultivadas são:

  • Fuyu: talvez a mais popular, conhecida por seus frutos firmes, doces e sem tanino (aquela sensação de “travar” na boca). É uma boa opção para consumo in natura e tem boa conservação pós-colheita;
  • Rama Forte: outra variedade sem tanino, com frutos grandes, de coloração laranja intensa e polpa firme. Adapta-se bem a diferentes climas;
  • Giombo: frutos grandes, de coloração vermelho-alaranjada, com polpa suculenta e sabor adocicado. Possui um leve tanino quando não totalmente maduro;
  • Taubaté (IAC 2-10): variedade com tanino, que precisa passar por um processo de “destanização” para consumo. Seus frutos são de tamanho médio e sabor agradável após o tratamento.

Como cultivar caqui?

Com a variedade escolhida, o próximo passo é preparar o terreno para receber as mudas. Para isso, requisitos de clima, solo e espaçamento são fundamentais. Veja algumas recomendações:

Requisitos de clima e solo

Por característica padrão, o caquizeiro desenvolve-se melhor em clima subtropical, com inverno ameno e verão quente. A planta exige um período de dormência (frio moderado) para estimular a brotação. 

Quanto ao solo, prefere, terrenos: 

  • Profundos; 
  • Bem drenados; 
  • Com pH entre 5,5 e 6,5; 
  • Ricos em matéria orgânica.

Ainda sobre o solo, a Embrapa recomenda a subsolagem da área seguida de aração e gradagem, objetivando a incorporação do calcário a ser aplicado. 

O documento reforça que a quantidade de calcário e outros fertilizantes deve ser definida com base no resultado da análise do solo

Época ideal de plantio e espaçamento

O plantio deve ser feito preferencialmente entre abril e agosto, aproveitando o período seco para melhor pegamento das mudas. 

O espaçamento recomendado varia conforme o porte da variedade e sistema de cultivo, sendo comum adotar 6 x 4 metros ou 5 x 3 metros.

A distância entre linhas deve proporcionar um espaço adequado para: 

  • Realizar tratos culturais mecanizados;
  • Garantir boa insolação;
  • Permitir a circulação de ar no cultivo.

Polinização

Algumas variedades, como a Rama Forte, requerem polinização cruzada para melhor frutificação. 

Nesses casos, recomenda-se o plantio intercalado com variedades polinizadoras, como o chocolate ou o café, e o incentivo à presença de polinizadores naturais, como abelhas.

A polinização cruzada também aumenta a quantidade e a qualidade dos frutos, resultando em caquis maiores e mais saborosos. 

Vale reforçar que variedades como o Fuyu e o Taubaté são partenocárpicas, ou seja, produzem frutos sem a necessidade de polinização.

Cuidados essenciais para o sucesso do caquizeiro

Para garantir uma produção saudável e rentável, o manejo adequado ao longo do ciclo do caquizeiro é fundamental. 

Isso inclui uma série de práticas de poda, irrigação, adubação e controle de pragas e doenças — cada uma com papel decisivo na qualidade dos frutos e na longevidade do pomar. Veja detalhes:

Poda

Essa estratégia tem a função de formar a estrutura da planta, tornando-a capaz de suportar a carga de frutos. Existem dois tipos principais de poda no cultivo de caqui:

  • Poda de formação: realizada nos primeiros anos para estruturar a copa.
  • Poda de frutificação: feita anualmente, após a colheita, para eliminar ramos improdutivos e estimular novos brotos.

No momento da poda, é preciso ter muito cuidado para não despontar os ramos, pois é na parte final que estão as gemas florais.

É recomendada, também, a realização de desbrotas periódicas, eliminando-se os ramos ladrões e brotações excessivas.

Irrigação

O caquizeiro é sensível à falta de água, principalmente nas fases de brotação, floração e frutificação. 

Assim, em períodos de estiagem, a irrigação complementar é fundamental para evitar queda de frutos e garantir o bom desenvolvimento da planta.

Adubação

Conforme destacado pela Embrapa, a obtenção do máximo potencial produtivo do caquizeiro depende da manutenção de um bom estado nutricional das plantas.

Por isso, a adubação deve ser equilibrada, com ênfase em matéria orgânica, como compostos e esterco bem curtido. 

Nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio são essenciais. A aplicação deve respeitar as análises de solo e as fases fenológicas da planta.

Cuidados com pragas e doenças

O monitoramento de pragas e doenças na cultura do caquizeiro é outra medida imprescindível para boas produtividades.

As principais ameaças ao cultivo de caqui incluem:

  • Mosca-das-frutas: afeta a integridade dos frutos, provocando galerias internas que comprometem o consumo e a comercialização;
  • Antracnose: doença fúngica que causa manchas escuras nos frutos e folhas, levando à queda precoce e redução da qualidade.

Para evitar estes problemas, algumas medidas preventivas são fundamentais:

  • Monitoramento constante com armadilhas para pragas e inspeção visual das plantas;
  • Podas regulares para melhorar a ventilação e a incidência de luz solar na copa, dificultando o ambiente para fungos;
  • Evitar excesso de umidade, especialmente no solo e na copa, reduzindo a frequência de irrigação em períodos chuvosos;
  • Uso de produtos biológicos e caldas naturais, como calda bordalesa, aplicadas preventivamente;
  • Eliminação de frutos e folhas doentes do pomar para evitar a reinfecção e o aumento do inóculo.

Como proceder na colheita e na pós-colheita?

O sucesso do cultivo de caqui também depende de práticas adequadas na reta final da produção. 

Saber quando e como colher, além de manejar corretamente os frutos após a colheita, é essencial para preservar a qualidade e agregar valor ao produto. 

Conheça algumas recomendações a seguir.

Identificação do ponto de colheita

A colheita do caqui deve ser feita quando os frutos atingem a coloração característica da variedade e apresentam firmeza adequada

De modo geral, as variedades do tipo doce e variável são colhidas com tom amarelo-esverdeada, enquanto no grupo taninoso, a coloração típica é a vermelho alaranjada.

Cuidados na colheita

Durante a colheita, o manuseio deve ser cuidadoso para evitar amassamentos e rachaduras. 

O uso de tesouras de poda e caixas acolchoadas pode ajudar a preservar a qualidade.

Pós-colheita

Após a colheita, é essencial realizar a classificação dos frutos por tamanho e qualidade, e embalá-los em caixas adequadas, com ventilação e proteção contra impactos. 

Para variedades adstringentes, pode ser necessário tratamento com etileno ou álcool para tornar os frutos próprios para consumo.

Pronto para cultivar caqui?

Como a grande maioria das frutas, o cultivo de caqui exige atenção aos detalhes, desde a escolha da variedade até o manejo pós-colheita. 

Mas, com práticas adequadas, é possível obter frutos de alta qualidade e conquistar nichos de mercado promissores, unindo tradição com grande potencial de retorno econômico.

Quer aprofundar seus conhecimentos? Que tal aprender mais sobre as estratégias de poda?

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